'Se houver limite de dados na internet, não vou trabalhar'

Proposta de franquia de dados da internet fixa preocupa autônomos e quem trabalha em casa

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Por Redação Link
Atualização:

Arquivo pessoal

 

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Thiago FadiniVictor RezendeEspecial para o Estado 

A recente polêmica sobre a adoção de planos de franquias de dados na banda larga fixa foi mal digerida não só por quem utiliza a rede para lazer ou estudo, mas também pelos usuários que precisam da internet para suas atividades profissionais.

Com as franquias de dados, as operadoras pretendem cortar a conexão ou reduzir a velocidade após o cliente utilizar o limite previsto no contrato. Para quem exerce atividades profissionais relacionadas a fotos e vídeos – que consomem grande quantidade de dados –, a medida preocupa.

“Se houver limitação de consumo eu literalmente não vou conseguir trabalhar”, diz o produtor de vídeo Renato Viliegas, de 42 anos. “Tudo o que faço demanda um consumo muito grande, envio e recebo todo o material para os clientes por meio da internet.”

Leia também:Vivo volta atrás e vai oferecer banda larga fixa com e sem franquiaUsuários pedem ‘impeachment da Anatel’ após polêmica com franquia de dados Cliente da Vivo, o autônomo foi pego de surpresa pela proposta e teme ser afetado por mudanças futuras – a operadora disse que passaria a adotar franquia apenas para novos clientes a partir de fevereiro. No entanto, alterações em contratos vigentes poderiam levar a uma atualização nos planos. Oi e NET, por sua vez, têm as franquias em seus contratos atuais. A TIM é a única a não adotar a prática.

“Minha preocupação não é nem o meu Netflix ou o YouTube da minha filha, é o trabalho mesmo”, diz Viliegas. Para ele, se a franquia de dados se tornar realidade na internet fixa, a mudança de operadora pode ser a única saída para driblar a limitação. “Vou ter que mudar, não tem outro jeito”, afirma o produtor.

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Viliegas faz críticas à atuação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) no caso, por não ter impedido que as operadoras adotassem a franquia. “Quem deveria controlar as operadoras está controlando a conexão. É um retrocesso.”

Caso semelhante é o do fotógrafo Rafael Roncato, de 26 anos, que projeta um “aumento despudorado” dos seus custos para trabalhar. “Isso poderia encarecer o orçamento dos meus trabalhos, uma vez que teria que cobrir esse rombo monetário”, diz o paulistano.

A crise econômica pela qual o País passa agrava ainda mais a situação. “Já está difícil ter um orçamento aprovado. Imagine se eu agregar o custo que terei com a internet”, ressalta.

De casa. Outro tipo de profissional também será bastante afetado com a mudança na internet fixa: quem opta por trabalhar em casa, no sistema de teletrabalho (também conhecido como “home office”). É o caso do empresário Adriano Mello Costa, de Belém (PA), que trabalha ao menos três dos cinco dias da semana em sua casa.

Dono de uma empresa de consultoria e assessoria de contabilidade, Costa mantém em sua casa um banco de dados sobre os clientes, que precisa ser acessado remotamente por outros membros da equipe. Para ele, trabalhar em sua residência é uma comodidade e o ajuda a economizar custos com alimentação e transporte.

Com a possível cobrança pela franquia de dados, o empresário terá de rever seus hábitos. “Vou ter que fazer um balanço entre o custo de trabalhar fora, como deslocamento e as refeições, com o preço de trabalhar em casa e pagar pelos dados adicionais”, disse Costa.

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