Serviço de pagamento móvel Apple Pay chega nesta quarta ao Brasil

Plataforma que permite pagamento com iPhone e Apple Watch é lançada em parceria com o Itaú após três anos de espera

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Por Bruno Capelas
Atualização:
O Brasil é o 21º país no mundo e o primeiro da América Latina a receber a plataforma Foto: Ernesto Rodrigues/Estadão

Após quase três anos de espera, o sistema de pagamentos móveis da Apple, o Apple Pay, está chegando ao Brasil. A partir desta quarta-feira, 4, os usuários de dispositivos da marca, como o iPhone, no País que tiverem um cartão de crédito emitido pelo banco Itaú poderão se cadastrar na plataforma – com isso, poderão usar o iPhone, o relógio inteligente Apple Watch e outros produtos da empresa para fazer pagamentos em lojas físicas e também pela internet. 

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A expectativa é de que o sistema da empresa liderada por Tim Cook ajude a popularizar o pagamento móvel no País – tendência de tecnologia que permite o pagamento de compras e contas pelo celular. Por enquanto, rivais como Google Pay e Samsung Pay, disponíveis no País, ainda não conseguiram fazer os brasileiros “esquecerem” a carteira em casa. “O nosso sistema é mais simples e fácil de usar do que o de nossos competidores”, aposta Jennifer Bailey, vice-presidente global de Apple Pay, em entrevista ao Estado

O Brasil é o 21º país no mundo e o primeiro da América Latina a receber a plataforma. Segundo a executiva, o perfil de usuários de iPhone – pessoas com maior poder aquisitivo e também com ligação maior com tendências – pode fazer do serviço assumir a liderança do pagamento móvel por aqui, mesmo com a menor penetração da Apple no mercado brasileiro. 

Presença. Anunciado pela Apple em 2014, o serviço funciona nos EUA desde 2015 – segundo dados da consultoria Loup Ventures, o Apple Pay tem hoje 127 milhões de usuários em todo o mundo. De acordo com Jennifer, não houve desafios específicos para adaptar o sistema ao Brasil. “Leva tempo para conseguirmos atingir uma experiência que agrade aos consumidores e esteja afinada com varejistas e o ecossistema financeiro em todos os países que entramos”, diz. 

Nem a Apple nem o Itaú informaram qual será a divisão de comissões nas transações. “Conseguimos encontrar um ponto de equilíbrio em que temos benefícios para nossos clientes e eles conseguiram expor a marca no Brasil”, diz Marcelo Kopel, diretor executivo da área de cartões do Itaú Unibanco.

Segundo fontes ouvidas anteriormente pelo Estado, um dos motivos para a demora da chegada da plataforma ao País seria a dificuldade das negociações de porcentuais sobre os pagamentos – no exterior, a Apple fica com uma pequena fatia da transação; aqui, Google e Samsung dizem não cobrar pelas transações. 

O Itaú terá exclusividade na parceria com a Apple pelos próximos 90 dias. Segundo a instituição, hoje há 1,2 milhão de consumidores aptos a usar o Apple Pay no País. O dado, diz o banco, foi obtido a partir do número de correntistas que usam o aplicativo do Itaú em iPhones 6 ou versões mais recentes do smartphone da Apple. 

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Por enquanto, o Apple Pay só está disponível para cartões de crédito – a função débito, diz Kopel, deve chegar até o fim de 2018. Além da parceria, clientes do banco também terão benefícios ao aderir à plataforma – o principal deles é um desconto de até 15% na compra de dispositivos da Apple. 

Já a Apple diz que 62% das máquinas de cartão disponíveis em pontos de venda físicos no País estão aptas a receber pagamentos com o Apple Pay. Para isso, elas precisam estar habilitadas com a tecnologia de comunicação de campo próximo (NFC, na sigla em inglês). Segundo a empresa, nenhuma informação do cartão de crédito ou das transações feitas pelos usuários é armazenada em seus servidores. Caso o aparelho seja perdido ou roubado, é possível bloqueá-lo a partir da plataforma Find My iPhone. “Segurança e privacidade são nossos focos”, diz Bailey. 

Para Guilherme Horn, diretor de inovação da consultoria Accenture, a chegada da Apple pode impulsionar o mercado de pagamentos móveis no País. “Pude usar o Apple Pay no exterior e ele funciona muito bem, de forma fluida, ao contrário dos concorrentes”, diz. “A tendência é que os pagamentos se tornem um processo ‘automágico’, em que o consumidor não sinta isso”. No entanto, ele faz a ressalva de que a adoção em massa pode demorar. “Quem não é aficionado por tecnologia ainda não vê tanto problema em tirar o cartão da carteira e inserir uma senha.” 

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