Serviço de streaming da CNN fecha menos de um mês após o lançamento

Warner Bros. Discovery, nova dona do canal de notícias, deixou claro que considerava a CNN+ uma ideia mal concebida

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Por Tali Arbel e David Bauder
Atualização:
O serviço foi lançado em 29 de março, pouco antes de os novos donos da CNN, a Warner Bros. Discovery, assumirem a empresa Foto: CNN

O canal americano CNN anunciou o encerramento do seu serviço de streaming, o CNN+, menos de um mês após seu lançamento. É um espetacular fracasso para um empreendimento que atraiu algumas estrelas da mídia americana, como Chris Wallace e Alison Roman, e que foi visto como uma forma de atrair uma nova geração de consumidores de notícias.

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O serviço foi lançado em 29 de março, pouco antes de os novos donos da CNN, a Warner Bros. Discovery, assumirem a empresa. Os novos controladores deixaram claro, rapidamente, que consideravam a CNN+ uma ideia mal concebida. O serviço, baseado em assinatura, será encerrado no final de abril.

Executivos disseram que parte da programação e funcionários da CNN+ serão absorvidos pela rede de televisão e pelo site, mas que haverá demissões. O chefe da CNN+, Andrew Morse, está deixando a empresa.

Em um memorando para os funcionários na quinta-feira, 21, o novo presidente executivo da CNN, Chris Licht, disse que os consumidores queriam "simplicidade e um serviço completo", em vez de ofertas independentes. 

Os executivos também criticaram a incapacidade do serviço de mostrar as últimas notícias ao vivo, o que foi considerada uma falha crucial. Por conta de contratos com empresas de cabo e satélite, a CNN+ não poderia transmitir a própria programação da CNN.

"É um pouco como a assinatura do New York Times sem o New York Times", disse J.B. Perrette, chefe dos serviços de streaming do Discovery.

Segundo Perrette, a Discovery aprendeu, ao tentar lançar seu próprio serviço de notícias na Polônia e ao ver as experiências de outros serviços de streaming pagos nos Estados Unidos, como a Fox Nation, que a CNN+ não poderia esperar chegar perto de um milhão de assinantes. Ao contrário da CNN+, que cobrava dos clientes US$ 5,99 por mês, redes de transmissão como ABC, CBS e NBC oferecem serviços gratuitos de transmissão de notícias.

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"Esses são os fatos", disse Perrette. "Aprendemos com a história dolorosa, uma história financeiramente cara."

Se a empresa vai em uma direção diferente da CNN+, "não podemos deixar passar um segundo a mais do que o necessário", disse ele.

Sob o comando da AT&T, foram investidos US$ 100 milhões em desenvolvimento e nos gastos com cerca de 500 funcionários designados para construir a CNN+. Perrette disse aos funcionários que eles teriam "prioridade" em cerca de 100 empregos atualmente abertos na CNN. O memorando de Licht dizia que haveria pelo menos seis meses de indenizações para os funcionários que saíssem.

Na reunião, um membro da equipe da CNN perguntou por que a AT&T, a dona anterior da empresa, foi autorizada a desenvolver e iniciar o serviço, apesar da chegada iminente de uma nova administração que claramente tinha suas reservas sobre isso. Mas os executivos disseram que não tinham permissão, até que a aprovação formal da aquisição, semanas atrás, de se envolver em reuniões sobre o serviço.

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Os executivos disseram que a responsabilidade pelo rápido fracasso recai diretamente sobre a gestão anterior. "Teríamos preferido ter esta discussão há seis meses, nove meses atrás", disse Perrette. "Mas não foi possível."

Licht disse, em seu memorando, que a decisão "incrivelmente difícil" de fechar a CNN+ é a certa para o sucesso a longo prazo da CNN. Isso permitirá que os líderes reorientem os recursos para os principais produtos nos quais o grupo deve focar: "aprimorar ainda mais o jornalismo da CNN e sua reputação como líder global de notícias".

Na rede de televisão, espera-se que Licht aumente a ênfase da CNN nas notícias, com menos comentários.

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Licht reconheceu, na reunião de equipe, que a experiência com a CNN+, pelo menos inicialmente, terá repercussões com o pessoal e aqueles que quiserem trabalhar lá. "Temos de assumir a erosão da confiança e reconstruí-la", disse.

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