Smartphone dobrável é mesmo necessário?
Novos modelos têm preço pouco acessível e telas de durabilidade questionável
17/02/2020 | 05h00
Por Brian X. Chen - The New York Times
Novos celulares de tela flexível têm resistência duvidosa e preço altos
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Se depender das empresas de tecnologia, o smartphone do futuro pode ser dobrado e fechado ao gosto do freguês, como os antigos telefones de flip dos anos 2000. Nos últimos meses, empresas como Samsung e Motorola apostaram nessa tendência, tentando criar algo novo e excitante para nos fazer voltar a gastar. A pergunta é: queremos realmente essa tecnologia?
Durante alguns anos, as empresas fizeram smartphones baseados em pesquisas com consumidores. Telas maiores, baterias mais potentes e câmeras melhores estavam entre os principais pedidos. Com a evolução desses quesitos, muitas pessoas constataram que os smartphones que estavam em seus bolsos eram bons o suficiente – o bastante, pelo menos, para ficar com eles durante algum tempo.
Consumidores que ficam muito tempo com o mesmo celular, porém, não ajudam muito o desempenho financeiro das empresas. E por isso as fabricantes começaram a nos bombardear com os chamados dobráveis, vendidos por pelo menos quatro dígitos – em dólar! Lançado nessa semana, o Galaxy Z Flip, da Samsung, custa US$ 1.380. Ele vai disputar espaço no mercado com o Motorola Razr, da Lenovo, de US$ 1,5 mil. (Aqui no Brasil, os dois aparelhos têm o mesmo preço: R$ 9 mil).
Os poucos celulares de tela dobrável lançados até agora têm problemas. Lançado pela Samsung no ano passado, a primeira versão do Galaxy Fold quebrava-se em poucos dias. Já o Motorola Razr tem pouca bateria e uma dobradiça que não agradou quem a testou. “O celular dobrável é uma solução em busca de um problema”, disse Paolo Pescatore, analista de tecnologia da PP Foresight. “Não havia demanda por eles”
Prós e contras
Por enquanto, tudo que os especialistas em consumo de tecnologia dizem é que é melhor esperar a evolução dos celulares dobráveis antes de decidir comprar um. Uma das razões é de que trata-se de um formato não definido.
Alguns modelos, como o Galaxy Fold e o Mate X, da Huawei, têm duas telas. Quando você os abre, fica com um tablet com uma tela bem espaçosa. Ao fechá-los, como um livro, tem uma tela exterior para teclar. Já o Z Flip e o Razr têm uma tela de tamanho padrão quando abertos. Fechados, possuem apenas uma tela miniatura para notificações. Ter uma tela maior ocupando menos espaço em seu bolso é o maior benefício de um celular dobrável. Agora, os contras são inúmeros.
Para começar, os celulares dobráveis precisam de uma tela de Oled flexível, bem mais fina que as telas tradicionais. Para conseguir ser dobrável, essa tela é protegida por uma camada de plástico que pode ser riscada ou penetrada facilmente – algo que não acontece no vidro duro que protege os celulares comuns.
O desenho do Z Flip e do Razr tem uma solução parcial para esse problema de durabilidade: a tela principal não fica exposta quando o telefone está fechado. Mas, se o usuário tropeçar e derrubar o aparelho quando estiver aberto, problemas surgirão.
Além disso, ainda é uma incógnita se as dobradiças mecânicas dos telefones dobráveis sobreviverão ao teste do tempo.
Mas o maior inconveniente pode ser o preço. Os aparelhos custam entre US$ 1,4 mil e US$ 2,5 mil nos EUA. É uma barreira grande já que um ótimo smartphone no país custa cerca de US$ 400. Ainda é cedo para dizer se os celulares dobráveis vão dar certo. Em poucos anos, provavelmente devem ficar mais baratos e robustos. Mas será que ainda serão uma novidade a ponto de encantar o consumidor? Cenas dos próximos capítulos. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ
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