Uber vende US$ 9,3 bilhões em ações ao grupo japonês SoftBank

Negociada há meses, transação entre grupo japonês e aplicativo de carona paga foi fechada nesta quinta-feira; negócio avalia o Uber em US$ 54 bilhões e coloca asiáticos como maiores acionistas da empresa

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Por Redação Link
Atualização:
Dara Khosrowshahi, o atual presidente executivo do Uber Foto: Amanda Perobelli/Estadão

O aplicativo de carona paga Uber e o grupo japonês SoftBank anunciaram nesta quinta-feira, 18, que chegaram a um acordo final na negociação da compra das ações do Uber por um grupo de investidores liderados pela empresa asiática. Ao todo, o grupo liderado pela  SoftBank pagou US$ 9,3 bilhões por 17,5% das ações do Uber – a fatia que cabe ao grupo japonês é de 15% da empresa. 

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Do total do valor, US$ 1,25 bilhão foi utilizado na compra de papeis vendidos diretamente pela empresa, em uma avaliação de mercado de US$ 68 bilhões. Enquanto isso, cerca de US$ 8 bilhões foi investido pelos japoneses para a compra de papeis na mão de acionistas e fundos de investimentos do Uber, em uma avaliação de mercado de US$ 48 bilhões. 

De acordo com a agência de notícias Bloomberg, citando fontes familiarizadas com o assunto, a transação coloca o Uber em um valor de mercado de US$ 54 bilhões, abaixo da última cotação da empresa.

Com a transação, o Uber deve expandir o tamanho de seu conselho para 17 cadeiras –número maior do que a maioria das empresas. A SoftBank terá direito a dois assentos e pretende indicar dois de seus executivos – o membro do conselho Rajeev Misra e o presidente executivo da operadora norte-americana Sprint, Marcelo Claure. "O Uber tem um futuro brilhante com sua nova liderança", disse Misra em um comunicado à imprensa, citando o profissionalismo da equipe do aplicativo de carona paga ao fechar a negociação. 

A frase faz menção ainda à mudança recente no comando da empresa, hoje liderada por Dara Khosrowshahi. O executivo, ex-presidente do site de viagens online Expedia, assumiu o cargo em setembro, depois que o antigo presidente e cofundador do Uber, Travis Kalanick, deixou o cargo em junho após uma série de polêmicas, entre denúncias de assédio, espionagem de rivais e governantes e até mesmo fraude com a segurança dos usuários. Kalanick está vendendo 29% de suas ações atuais no Uber para a SoftBank, divulgou a agência de notícias Reuters em dezembro. 

O fim das negociações é também uma vitória pessoal de Khosrowshahi – durante as tratativas, o presidente da SoftBank, Masayoshi Son, chegou a dizer que poderia desistir do negócio e considerou investir no maior rival do Uber nos Estados Unidos, o Lyft. 

Com a aquisição das ações pelos japoneses, Khosrowshahi também conseguiu pacificar tensões internas na governança do Uber, especialmente entre o fundo de investimentos Benchmark e Travis Kalanick, que estavam em pé de guerra. Além disso, a negociação abriu a porta para que ex-funcionários e investidores se livrassem de seus papeis, melhorando a moral da empresa entre os acionistas e pavimentando o caminho para a abertura de capital do Uber, prevista para 2019, segundo os planos de Khosrowhshahi. 

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Rivalidade. A aquisição das ações da SoftBank também coloca o Uber em uma situação complexa com seus rivais globais – isso porque o grupo japonês tem investimentos no indiano Ola e no asiático Grab, que disputam mercados com a empresa norte-americana na Ásia. 

Outra empresa que tem investimentos da SoftBank é a chinesa Didi, que comprou as operações do Uber na China no ano passado e recentemente se tornou rival da americana no Brasil, ao adquirir o controle da startup brasileira 99. Para o escritor Brad Stone, biógrafo do Uber no livro As Upstarts, o acordo entre as empresas pode criar uma situação de consolidação no mercado. 

"Hoje, aplicativos perdem muito dinheiro lutando pela preferência do consumidor e dos motoristas, com descontos e bônus. Isso acontece na Índia, nos EUA, no Brasil, e na China", disse Stone, em entrevista ao Estado em agosto de 2017, quando os primeiros rumores do acordo entre Uber e SoftBank começaram a surgir no mercado. "A consolidação pode ser ruim para os usuários, virando monopólio, mas para as empresas, pode significar uma grande economia de recursos." 

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