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Spotify projeta lucro e abertura de capital em 2017

Serviço de streaming de música pode trocar expansão por lucratividade para se tornar atraente para investidores; IPO pode dar estímulo ao mercado europeu de startups

Por Agências
Atualização:
Spotify, criado por Daniel Ek, tem 50 milhões de assinantes no mundo Foto: Reuters

O serviço de streaming de música Spotify, uma das mais valiosas startups da Europa, pode começar a gerar lucro no próximo ano, afirmou um membro do conselho de administração que também foi um dos primeiros investidores da empresa.

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Líder global do mercado de streaming de música, o Spotify tem registrado perdas acentuadas desde que foi criada há uma década pelos suecos Daniel Ek e Martin Lorentzon. “Até agora, eu tenho visto crescimento, crescimento e mais crescimento”, disse à Reuters Par-Jorgen Parson, sócio da empresa de investimentos Northzone, durante a conferência de companhias de tecnologia Slush em Helsinque, na Finlândia. “Talvez a lucratividade comece a ser uma prioridade também”, disse ele.

Questionado se a lucratividade poderá ser alcançada no próximo ano, Parson respondeu: “Certamente, sim.”

Hoje, o Spotify é avaliado em cerca de US$ 8 bilhões – a avaliação aconteceu depois que a empresa recebeu uma rodada de investimentos de cerca de US$ 500 bilhões, com a participação do banco Goldman Sachs e de fundos como o Discovery. Em 2015, a empresa teve prejuízo operacional de US$ 195,5 milhões de dólares. No ano anterior, o prejuízo foi de US$ 175 milhões. 

A companhia está presente em 60 mercados, incluindo o Brasil, e cobra assinatura mensal dos usuários pelo acesso a uma biblioteca de 30 milhões de músicas. Por aqui, a empresa têm planos que vão de R$ 16,90 (individual) a R$ 26,90 (familiar, com acesso a 6 contas). 

Seus lucros, no entanto, dependem em grande parte dos acordos de pagamento de royalties com as gravadoras. A Northzone investiu na Spotify pela primeira vez em 2008 e, apesar de não revelar quanto detém atualmente, continua sendo a segunda maior acionista da empresa depois dos fundadores. 

Abertura de capital. O Spotify, que já foi citado como possível alvo de aquisição por empresas como Facebook ou Google, é visto hoje como candidato à abertura de capital na bolsa de valores norte-americana Nasdaq em 2017.

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“Como investidor, estou na companhia há quase 10 anos e estamos interessados em um IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) em algum momento”, disse Parson, sem fornecer detalhes sobre os planos. 

Parson explicou que o custo do crescimento do Spotify tem sido muito elevado, porque conforme a empresa vai entrando em novos mercados, precisa bancar o custo inicial dos royalties de música para novos usuários. Além disso, a empresa leva algum tempo antes de começar a gerar receitas com publicidade e assinaturas.

“Mas, no momento em que passarmos a focar em lucratividade em vez de crescimento, estes fatores vão começar a atuar de imediato. Eles são muito sólidos e têm estado assim por algum tempo”, disse Parson.

Alguns analistas afirmam que o modelo de negócios do Spotify é falho e que a empresa é refém das gravadoras. Mas com 40 milhões de assinantes, a companhia pode estar perto do ponto de inflexão e pode ter mais força nas negociações com a indústria fonográfica. Além disso, o Spotify tem mais de 100 milhões de usuários não-pagantes, que ouvem anúncios entre as músicas. Seu maior rival hoje, o Apple Music, tem cerca de 17 milhões de assinantes.

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Nova onda. Com cerca de 2 mil funcionários no mundo todo, uma abertura de capital do Spotify serviria como um grande exemplo para as startups europeias – em um universo hoje polarizado entre empresas do Vale do Silício e da China. No entanto, há mais por vir, de acordo com Fred Destin, do Accel Partners – um dos principais investidores do Spotify. 

Segundo ele, o continente tem outras candidatas a abrir capital nos próximos dois anos, como o aplicativo de transportes compartilhados BlaBlaCar, da França, e a plataforma de entregas Deliveroo. Outro candidato é o site de comparação de preços Check24. “Veremos aberturas de capital de US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões nos próximos anos”, diz. 

O mesmo potencial é demonstrado por Adam Kostyal, chefe de aberturas de capital da Nasdaq na Europa. “Acredito que 15% a 20% dos nossos IPOs de 2017 serão da área de tecnologia. Vejo muitas startups valiosas na Europa, e acredito que fazer uma oferta de ações pública é um caminho para elas”, disse.

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Em 2016, a Europa teve 12 aberturas de capital de empresas de tecnologia, levantando US$ 760 milhões. No mesmo período, 17 empresas norte-americanas abriram capital captando US$ 1,6 bilhões.