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Supercomputador brasileiro é desligado por falta de dinheiro para conta de luz

O supercomputador Santos Dumont estava ajudando no desenvolvimento de fármacos que poderiam diagnosticar o vírus Zika

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Por Redação
Atualização:
Supercomputador Santos Dumont foi inaugurado em janeiro de 2016 no Brasil. Foto: Sinaped|Divulgação

O supercomputador Santos Dumont, inaugurado neste ano no Rio de Janeiro e que seria utilizado para uma série de pesquisas que inclui o vírus da Zika, teve de ser desligado em meio a cortes de recursos do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), afirmaram pesquisadores nesta quarta-feira, 22.

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"Os problemas financeiros provocaram o desligamento do Santos Dumont entre o mês passado e esse mês", disse à Reuters o chefe do Sistema Nacional de Processamento de Alto Desempenho (Sinapad), Antônio Tadeu.

O Sistema Nacional de Alto Desempenho atua na parte operacional do Santos Dumont e em parceria com o LNCC.

O motivo para o corte na operação da máquina é a falta de recursos provocada pelo contingenciamento de verbas do LNCC. Como é capaz de rodar a uma velocidade de até 1 milhão de vezes mais rápida que a de um notebook convencional, o aparelho consome mais energia. Estima-se que o custo mensal de energia da máquina seja de aproximadamente R$ 500 mil.

Segundo o LNCC, a máquina, comprada da francesa Atos/Bull, tinha um orçamento de R$ 60 milhões este ano, incluindo o custo de aquisição e instalação. O equipamento tem capacidade de 1,1 petaflop e é o primeiro de sua escala no país.

Setenta e cinco projetos, de acordo com Tadeu, aguardam a retomada das operações normais do supercomputador para que estudos e pesquisas possam ser realizadas. Entre os estudos em espera está o de mapeamento genético da vírus da Zika.

"São projetos que foram aprovados para usarem a máquina, mas isso não está acontecendo pelas restrições. Parece um contra senso, em um momento como esse em que todos falam sobre o vírus Zika", afirmou Tadeu.

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Segundo ele, o Santos Dumont ajudaria no desenvolvimento de fármacos que possam diagnosticar com precisão a existência do vírus da Zika e dengue e no desenvolvimento de uma vacina.

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação confirmou que a operação do supercomputador está comprometida e que o LNCC sofreu um contingenciamento de cerca de 20% de seus recursos, afetando as operações nos próximos meses. O ministério afirmou, porém, que a máquina está operando a 30% de sua capacidade e que não foi totalmente desligada.

Em nota, o ministério acrescentou que destinou orçamento de R$ 8,21 milhões ao LNCC, "cujo valor cobre os custos do instituto até os próximos meses e já negocia com a área econômica uma suplementação orçamentária de R$ 4,65 milhões, que já está em análise no Ministério do Planejamento".

"O ministério espera que o aparelho retorne ao seu funcionamento pleno para não prejudicar as pesquisas e projetos desenvolvidos por esse importante centro de pesquisas”, acrescentou a pasta.

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