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Tesla supera GM em valor pela primeira vez

Com aposta de Wall Street no futuro, empresa do bilionário Elon Musk desafia as montadoras tradicionais

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Por Matheus Mans
Atualização:
Motorista usava carro semi-automático da Tesla, mas não obedecia aos avisos para colocar as mãos no volante. Foto: Reuters

A fabricante de automóveis elétricos Tesla ultrapassou ontem a General Motors, em valor de mercado, tornando-se a maior montadora norte-americana pela primeira vez. No início do pregão, o valor da Tesla alcançou US$ 51,56 bilhões, enquanto o da GM – a maior fabricante americana de automóveis em volume de vendas – era de US$ 50,26 bilhões.

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A GM se recuperou ao longo do dia e fechou o pregão com valor de mercado de US$ 51,18 bilhões, enquanto a Tesla encerrou com valor de US$ 50,95 bilhões. Ainda assim, os valores continuam próximos, apesar de a Tesla ser uma novata perto da GM. A GM fabricou 10 milhões de carros e teve receita superior a US$ 166 bilhões em 2016, enquanto a Tesla vendeu apenas 84 mil unidades e teve um volume de negócios de US$ 7 bilhões. A primeira tem uma fatia de 17% do mercado norte-americano, enquanto a segunda soma apenas 0,2%.

A Tesla conseguiu o feito apenas uma semana após superar outra montadora norte-americana, a Ford. Ela encerrou o pregão de ontem avaliada em US$ 44,8 bilhões.

Razões. Para analistas, a virada da Tesla sobre as montadoras tradicionais – pelo menos na visão dos investidores – é sinal que o mercado está apostando em seu potencial futuro. A empresa fabrica carros elétricos e parcialmente autônomos, duas tecnologias que devem revolucionar o segmento automotivo nos próximos anos.

“A Tesla é uma grande interrogação”, diz o diretor da consultoria Roland Berger para o Brasil, Rodrigo Custódio. “As pessoas estão começando a entender a empresa, e o medo de apostar nela começa a diminuir.”

A Tesla ganhou impulso na semana passada, após anunciar um recorde de 25 mil veículos entregues no primeiro trimestre de 2017 – enquanto isso, Ford e GM anunciaram previsão de queda nas vendas para 2017 e lucro abaixo do esperado.

Outro motivo que favorece a Tesla é a aposta de vários países nos carros elétricos. A Holanda, por exemplo, pretende fabricar, a partir de 2020, apenas carros movidos a eletricidade. “A Tesla é a única empresa totalmente alinhada com as novas demandas da sociedade”, afirma Custódio.

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Briga. Para reverter o quadro, segundo analistas, as montadoras precisam investir mais em tecnologia, como sensores autônomos e software de condução mais aprimorado.

Para Mark Ramsey, diretor de pesquisas da Gartner, é um desafio e tanto. “Não é fácil para as grandes fabricantes se transformarem”, diz. “Elas precisam começar a adotar todas os itens inovadores que a Tesla tem em seus carros.”

Os analistas não fazem previsões sobre o futuro da Tesla ou se o seu valor de mercado continuará a crescer. “Ninguém sabe se é algo pontual ou contínuo”, diz Ramsey. “A Tesla é uma empresa imprevisível.”

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