Tribunal dos EUA autoriza AT&T comprar Time Warner por US$ 85 bilhões

A aquisição é vista como uma vitória para o mercado de mídia tradicional que tem sofrido perdas com a popularidade de plataformas de streaming

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Por Agências Internacionais
Atualização:
AT&T recebe autorização da Justiça americana para comprar a Warner Foto: Kena Betancur/AP

O grupo de telecomunicações AT&T, dono da DirecTV (e da Sky no Brasil), teve aprovação da Justiça dos Estados Unidos para comprar a empresa de mídia Time Warner por US$ 85 bilhões, sem restrições, o que permitirá à AT&T competir com companhias de internet já estabelecidas no setor de entretenimento, como Netflix, e outras que começam a investir no segmento, como Apple e Google.

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 A aprovação do negócio é considerado como um ponto de virada para a indústria da mídia, que passou a sofrer concorrência de rivais online que produzem seu próprio conteúdo e o vendem diretamente aos consumidores, sem precisarem de empresas de TV paga. A exemplo do que ocorre com a Netflix, a AT&T passará a ter uma estrutura de distribuição e de conteúdo próprias.

Distribuidores de conteúdo, incluindo empresas de cabo, satélite e de transmissão sem fio, consideram que a compra de companhias de conteúdo é uma forma de ampliar as receitas de suas operações em um momento difícil para o setor.

No Brasil, a união das duas empresas já tinha recebido o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). No entanto, o órgão brasileiro determinou que as operações de produção e distribuição de conteúdo separadas. O objetivo é evitar que a Sky possa, por exemplo, restringir o acesso de concorrentes a canais do grupo Time Warner. A decisão, no entanto, não impede que a empresa mantenha a propriedade da distribuição e do conteúdo.

Oposição. O Departamento de Justiça dos EUA tinham aberto um processo para impedir o acordo entre as duas empresas em novembro do ano passado, afirmando que o controle pela AT&T da DirecTV e da Time Warner dará ao grupo de telecomunicações uma vantagem injusta contra rivais de TV a cabo que dependem de conteúdos da Time Warner, que incluem a rede de notícias CNN e a rede HBO, dona de seriados de sucesso, como Game of Thrones. O acordo inclui ainda os estúdios de cinema Warner e New Line. 

O presidente americano, Donald Trump, se opunha abertamente ao negócio e fez declarações públicas contrárias à sua concretização. O acerto entre AT&T e Time Warner custou o emprego do principal lobista da AT&T, Bob Quinn. Em maio, foi tornado público que a AT&T pagou US$ 600 mil ao advogado pessoal de Trump, Michael Cohen, para ter conselhos sobre como conseguir aprovação do negócio.

“Concluo que o governo fracassou em demonstrar a validade de seus argumentos”, disse o juiz distrital Richard Leon, na decisão que permitiu a compra da Time Warner pela AT&T. 

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Mais acordos. A decisão também poderá disparar uma cascata de operações de compra de produtores de conteúdo por parte de empresas de TV paga. A Comcast pode ser a primeira, com uma oferta por ativos da 21st Century Fox. O grupo de mídia de Rupert Murdoch, que inclui diversos canais de televisão, também tem uma proposta da Disney em fase de avaliação. 

A fusão da AT&T e Time Warner, cujo valor inclui dívidas, será a quarta maior já realizada pela indústria global de telecomunicações, mídia e entretenimento, segundo a Thomson Reuters. O negócio também será o 12º maior de qualquer setor.

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