Twitter vai identificar tuítes de Trump que violarem suas regras

Executiva da rede social afirmou que a rede social está estudando como identificar tuítes ofensivos que quebram suas regras mas que ao mesmo tempo são de interesse público

PUBLICIDADE

Por Faiz Siddiqui
Atualização:
O Twitter quer manter a plataformacomo um lugar para revelações políticas e conversas públicas que sejam de interesse público Foto: AP/Matt Rourke

Na próxima vez que um político, uma autoridade – ou talvez um presidente – fizer uma declaração que viole as regras do Twitter, a mensagem talvez venha acompanhada por uma nota, espécie de selo de identificação, além do tuíte de 280 caracteres, disse uma executiva da empresa nesta quarta-feira, 27. 

PUBLICIDADE

O Twitter está estudando como identificar tuítes ofensivos que quebram suas regras mas que ao mesmo tempo são de interesse público, disse Vijaya Gadde, chefe global de questões legais, políticas, confiança e segurança do Twitter. Trata-se de um esforço para barrar conteúdos ofensivos e discurso de ódio, que já foi comentado ano passado pelo presidente executivo da empresa, Jack Dorsey, que disse que está repensando partes centrais da plataforma para frear assédios e outros abusos. 

“Uma das coisas em que estamos trabalhando com nossos produtos e engenheiros é como podemos colocar uma identificação nisso” Gadde disse em resposta a perguntas do jornal The Washington Post. “E também como podemos colocar um contexto para as pessoas ficarem cientes de que aquele conteúdo é uma violação de nossas regras e tem um propósito particular de continuar na plataforma”.

Gadde revelou a iniciativa no Technology 202 Live, um evento do Washington Post em São Francisco. Ela disse que os esforços para identificar e dar o contexto em um tuíte ofensivo vão servir para garantir as regras da comunidade do Twitter e ao mesmo tempo manter a plataforma como um lugar para revelações políticas e conversas que sejam de interesse público. 

“Quando deixamos um conteúdo na plataforma sem contexto, circulando no Twitter, pessoas podem vê-lo e assumir que esse tipo de conteúdo e comportamento é permitido por nossas regras”, disse. 

Embora a companhia abra uma exceção para tuítes que tenham valor noticioso (ou seja, que rendam manchetes), o Twitter estabelece quais conteúdos são violentos ou tratam diretamente de ofensas. 

“Há um tipo de conteúdo, por exemplo uma ameaça direta e violenta contra um indivíduo, que não deixaríamos na plataforma por causa do perigo que isso significa para a pessoa”, Gadde afirma. “Mas, há outros tipos de conteúdo que acreditamos serem de notícia ou de interesse público, e pessoas talvez queiram conversar sobre esses assuntos”. Gaidde disse que o Twitter não vai remover funções centrais do Twitter como contagem de seguidores e curtidas dos tuítes. Entretanto, ela pontuou que esses ícones talvez passem a ser ‘escondidos’ em uma mudança de design que a companhia está testando – o usuário teria que clicar na mensagem para ver os botões. 

Publicidade

O presidente Donald Trump, que adotou o Twitter como seu canal preferido para disparar mensagens rápidas , colocou em cheque as regras da plataforma várias vezes. Dorsey enfrenta críticas de que sua rede social não consegue conter ondas de ódio na plataforma. 

Dorsey tem se apoiado na ideia de que os comentários do Trump têm valor de notícia e por isso devem continuar no site, apesar de críticas apontarem que alguns tuítes são unicamente abusivos. 

Em agosto, Trump chamou a ex-assessora Omarosa Manigault Newman de "cachorro". Ele usa regularmente a plataforma para atacar inimigos políticos. Trump já retuitou vídeos anti-islâmicos duvidosos. Ele também publica insultos à mídia, como, por exemplo, um vídeo da CNN sendo esmagada por um sapato. 

Há preocupações de que o comportamento do presidente no Twitter tenha influenciado também políticos no nível local e estadual. Políticos no exterior também foram acusados ​​de abusar da plataforma com uma retórica inflamada.

O Twitter se recusou a comentar mais sobre a iniciativa e responder a perguntas sobre o funcionamento da identificação dos tuítes. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.