Uber deixa de exigir arbitragem para casos de assédio sexual

Companhia diz que não forçará mais vítimas a tratarem seus casos em tribunais de arbitragem sob acordos de confidencialidade

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Por Agências
Atualização:
Uber é uma das principais empresas de compartilhamento de viagens do mundo Foto: Josh Edelson/AFP

O aplicativo de carona paga Uber se tornou nesta terça-feira, 15, a segunda grande empresa a deixar de exigir o uso de câmaras de arbitragem para resolver casos envolvendo assédio sexual ou violência, o que dá às vítimas outras opções para exigir seus direitos na Justiça comum. O anúncio acontece depois de a empresa enfrentar uma série de escândalos, que culminaram na saída do ex-presidente executivo, Travis Kalanick, da empresa no ano passado.

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A mudança faz parte de uma série de alterações na política de gestão da empresa adotadas depois que o iraniano Dara Khosrowshahi assumiu a liderança da empresa, em agosto do ano passado. Com as medidas, o executivo tenta recuperar a marca e imagem da companhia que oferece um serviço de carona paga por meio de aplicativo.

Antes de derrubar a obrigatoriedade, o Uber impunha às vítimas desses crimes o uso de câmaras de arbitragem sob acordos de confidencialidade, o que impedia que as vítimas abordassem o assunto publicamente. Agora, as pessoas podem escolher se usarão a opção de mediação, sob confidencialidade, ou se querem entrar com um processo na Justiça comum.

"Nós estamos comprometidos em publicar um relatório de transparência sobre segurança que vai incluir dados sobre assédio sexual e outros incidentes que ocorrem dentro da plataforma do Uber", afirmou o diretor jurídico da companhia, Tony West.

A empresa é a segunda a fazer isso. A primeira foi a Microsoft que, em dezembro, afirmou que não forçaria mais vítimas de assédio sexual a tratar seus casos em câmaras de arbitragem.

Reação. Especialistas veem com bons olhos a mudança. A advogada da Wigdor, Jeanne Christensen, que já defendeu vítimas de assédio sexual contra o Uber, diz que trata-se de algo positivo. "É um passo para fazer uma mudança, mas apenas abrir esse assunto para o público não resolve o problema", diz a advogada.

Por enquanto, o Uber não revela o número de casos de assédio sexual dentro da plataforma, nem quantos dos casos já foram resolvidos. Procurada pela Reuters, a empresa diz que não vai revisitar casos passados que já foram resolvidos sob acordos de confidencialidade.

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