A Waymo pedia US$ 1,9 bilhão em indenizações, mas ficou apenas com US$ 245 milhões
O Uber e a Waymo, divisão de carros autônomos da Alphabet, holding que controla o Google, anunciaram nesta sexta-feira, 9, que chegaram a um acordo no caso em que o empresa de aplicativo de carona paga é acusada de roubar tecnologias para veículos sem motoristas da rival. Com isso, o julgamento que buscava decidir se houve o roubo ou não foi cancelado por um tribunal de São Francisco.
Segundo confirmou um porta-voz da Waymo, o Uber concordou em dar 0,34% de suas ações à rival como forma de indenização. Os papéis são avaliados em cerca de US$ 245 milhões. No ano passado, ao entrar com o processo, a Waymo estimou em US$ 1,9 bilhão os danos causados pelo suposto roubo. O Uber não comentou o valor pago.
O acordo inclui um compromisso do Uber para garantir que "nenhuma tecnologia da Waymo está sendo utilizada no hardware e no software do Uber", disse um porta-voz da divisão de carros autônomos da Alphabet.
Já o presidente executivo do Uber, Dara Khosrowshahi, se posicionou sobre o assunto. "Enquanto não acredito que segredos comerciais da Waymo tenham sido passados para o Uber ou que tenhamos usado qualquer informação intelectual da Waymo em nossa tecnologia de carros autônomos, estamos tomando medidas para garantir à Waymo que nossa tecnologia de sensores Lidar representa apenas o nosso bom trabalho."
Apple, Google e outras 12 empresas que investem em carros sem motorista
A fornecedora de peças para automóveis Robert Bosch e a Daimler — que controla a Mercedes-Benz — se uniram para desenvolver um carro autônomo. As duas empresas anunciaram que pretendem colocar o veículo no mercado dentro de cinco anos. A Bosch será responsável por desenvolver o software e os algoritmos, enquanto a Mercedes fabricará os veículos. Em janeiro de 2017, a Daimler firmou um acordo com o Uber para fornecer seus veículos autônomos para a frota da empresa de transporte.
A montadora alemã BMW espera colocar 40 carros autônomos na rua no segundo semestre de 2017. Os testes só se tornaram possíveis após a aliança entre a empresa alemã com a Intel e a Mobileye — startup israelense que foi comprada pela Intel por US$ 15,3 bilhões.
A montadora americana General Motors, para não ficar para trás no mercado automobilístico, começou a investir em tecnologia. Em 2016, fez uma parceria com a Lyft — concorrente do Uber — e colocou cerca de US$ 500 milhões na startup. Com planos para disponibilizar seu modelo no mercado até 2020, a GM planeja começar seus testes nas ruas ainda em 2017, com uma frota de táxis elétricos composta por Chevrolet Bolt.
Desde setembro de 2016, o aplicativo de transporte Uber começou disponibilizar seus carros autônomos para clientes da startup em cidades na Pensilvânia e no Arizona. As viagens são de graça e sempre há um engenheiro no veículo. Em março de 2017, os testes foram temporariamente suspensos após uma colisão envolvendo um veículo da companhia, mas já voltaram a ser realizados. Em agosto de 2016, a empresa anunciou uma parceria com a Volvo. As duas companhias investiram cerca de U$ 300 milhões no projeto.
O projeto de carro sem motorista do Google começou em 2009. No início, o desafio para a companhia era conseguir dirigir ininterruptamente por mais de 150 quilômetros no Toyota Prius. Já em 2014, a empresa desenvolveu um protótipo próprio, sem direção ou pedais. Em 2015, sua tecnologia foi a primeira a rodar um veículo autônomo nas ruas No final de 2016, seus carros já haviam percorrido mais de 3 milhões de quilômetros. O Google também divulgou que espera estar com seu protótipo finalizado por volta de 2020.
A nuTonomy é uma startup de tecnologia fundada em Cambridge, em 2013, por dois pesquisadores de robótica do MIT. Especializada no desenvolvimento de softwares, sensores e câmeras para carros autônomos, a empresa começou a testar seu protótipo em Cingapura em agosto de 2016. A companhia, menor que todas as montadoras com as quais concorre, foi a primeira a testar seus veículos em Boston, em janeiro de 2017. Otimistas com os resultados, os desenvolvedores esperam ter a tecnologia completamente desenvolvida até 2019.
A Tesla, empresa de Elon Musk, é uma das companhias mais avançadas nesse setor. Em novembro de 2016, ela anunciou que todos os carros produzidos a partir do final de 2017 serão equipados com a tecnologia. No entanto, na fase inicial, a condução 100% autônoma não será permitida, pois a empresa ainda precisará testar o software. Hoje, a companhia já vende carros semi autônomos — capazes de dirigir em estradas e rodovias sozinhos. Em 2016, um carro da Tesla conseguiu parar antes da batida. Outro veículo da marca se envolveu em um acidente com vítima fatal.
A Ford planeja lançar um carro totalmente autônomo até 2021, inclusive sem volantes e pedais. A empresa norte-americana espera começar a comercializar os veículos nas concessionárias até 2025. Para isso, a empresa fez vários investimentos. Os seus sensores LIDAR, por exemplo, permitem que os carros usem somente dois sensores, em vez dos quatro do projeto original. Isso só foi possível graças aos investimentos de US$ 150 milhões da empresa na Velodyne, em parceria com a chinesa Baidu. Hoje, os veículos já são testados nas ruas de cidades dos Estados Unidos, mas sempre com um motorista presente.
As montadoras Renault e a Nissan se uniram para a criação de uma divisão conjunta de 300 pessoas para desenvolver veículos autônomos. As empresas estão buscando desenvolver o software, computação em nuvem e análise de dados para os carros conectados. Em janeiro de 2017, na CES de Las Vegas, elas anunciaram que a Nissan irá acrescentar funções semi autônomas no seu carro elétrico Leaf, permitindo que ele ande sozinho em estradas. A empresa japonesa também anunciou uma plataforma que permitirá um controle remoto de carros.
No Salão de Genebra, o Grupo Volkswagen apresentou em março de 2017 o Sedric, o primeiro veículo totalmente autônomo do grupo. Ainda sem data de lançamento no mercado, o carro funciona com controle remoto em formato de botão, por meio do qual o usuário pode chamar o carro. Quando ele chega, as portas se abrem e o veículo parte assim que um comando de voz informa o destino. Com motor elétrico e capacidade para até quatro pessoas, o protótipo poderá aprimorar tecnologias que deverão ser usadas por todas as outras empresas da Volkswagen, como a Audi, Porsche, Skoda e Seat. O desenvolvimento do projeto foi feito em conjunto com engenheiros de várias marcas do grupo.
A fabricante de carros japonesa Toyota investiu US$ 1 bilhão em robótica e em um centro de pesquisas em inteligência artificial em 2017. A empresa fez parcerias com a Microsoft para poder usar suas patentes sobre projetos de veículos conectados. Na CES 2017, a fabricante apresentou seu protótipo, o Concept-i, um veículo inteligente e conectado com direção autônoma. No entanto, o motorista pode escolher se quer direção autônoma ou manual.
A Hyundai também apresentou seu modelo de carro autônomo na CES de 2017. Na feira, seu veículo Ioniq foi testado, mas apresentou defeitos, como ficar atrás de um caminhão parado em vez de dar seta e trocar de faixa. A fabricante sul-coreana disse estar aperfeiçoando seu software, mas ainda não deu previsão de lançamento. Segundo a companhia, seu objetivo é disponibilizar carros conduzidos sem motoristas a preços acessíveis.
A Honda investiu US$ 750 milhões na companhia de transporte coletivo Grab, mas também tem produzido veículos próprios. Em 2017, a empresa apresentou um carro com conceito inovador, chamado de NeuV. Ele pode ser programado para buscar e levar passageiros quando seu dono não o estiver usando. Como é elétrico, ele possui um sistema que monitora os preços da eletricidade, se encarregando de recarregar a bateria automaticamente quando o "combustível" estiver mais barato. Além de tudo, o veículo está equipado com um assistente pessoal.
A gigante de buscas chinesa Baidu deve iniciar os testes de seus carros autônomos ainda em julho de 2017. A companhia também informou que quer introduzir a tecnologia em estradas e rodovias, de maneira gradual, até 2020. Chamado de Apollo, em referência ao programa espacial, o programa de desenvolvimento vai trabalhar com parceiros que fornecem automóveis, sensores e outros componentes para a tecnologia.
Em 2017, a Apple recebeu licença do governo da Califórnia, nos Estados Unidos, para testar veículos autônomos. A empresa, no entanto, ainda não divulgou se está trabalhando em softwares ou em veículos próprios. Quando questionada por um usuário, a companhia norte-americana declarou que “está investindo pesadamente no estudo da aprendizagem de máquinas e automação, e está entusiasmada com o potencial de sistemas automatizados em muitas áreas, incluindo o de transporte".
Entenda o caso. O processo entre Waymo e Uber se arrasta há mais de um ano. A acusação principal é a de que Anthony Levandowski, que chegou a liderar o projeto de carro autônomo do Uber no ano passado, roubou 14 mil arquivos antes de deixar seu posto na Waymo, em dezembro de 2015.
O julgamento, cancelado hoje, estava previsto para novembro do ano passado, mas foi adiado porque o Uber não entregou uma das principais provas, uma carta escrita pelo ex-analista de segurança da empresa de caronas, Richard Jacobs, à Justiça.
Na carta, o ex-funcionário do Uber disse que a equipe de segurança tem funcionários “com a finalidade de adquirir segredos comerciais, códigos e inteligência competitiva”, e uma segunda equipe que “frequentemente se envolve em fraude e roubos”.