Uber e similares lançam recursos para ‘fisgar’ motoristas

Empresas usam gorjetas e alertas de segurança para reter prestadores de serviço em seus aplicativos

PUBLICIDADE

Foto do author Matheus Mans
Por Matheus Mans
Atualização:
Motoristas, como Ingrid, estão migrando entre aplicativos Foto: Alex Silva/Estadão

Os aplicativos de transporte dependem tanto dos motoristas quanto dos passageiros para crescer. Sem motoristas em quantidade suficiente a qualquer momento pela cidade, eles tendem a ser deixados de lado pelos passageiros. Por outro lado, se não houver alta demanda de passageiros, os motoristas trocam mais frequentemente de aplicativo.

PUBLICIDADE

Conforme o segmento de aplicativos ganhou força no País, outros fatores passaram a ser determinantes para os motoristas, como a segurança e os benefícios extras que as empresas oferecem aos motoristas, como forma de incentivo para que eles continuem dirigindo por meio de cada plataforma. Nessa disputa, recursos aparentemente simples, como permitir o recebimento de gorjeta ou alertar sobre áreas de risco nas grandes cidades, viraram trunfos.

“Cada empresa está tentando chamar a atenção e fidelizar os motoristas”, diz Benjamin Rosenthal, professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP). “Esses benefícios influenciam a escolha na hora em que os dois aplicativos oferecem corridas ao mesmo tempo.”

Briga. Nos últimos meses, 99 e Cabify, que tentam ganhar participação de mercado em relação ao Uber, aumentaram o ritmo de atualização de seus serviços.

Em fevereiro, o Uber passou a exigir CPF de passageiros até em corridas feitas com dinheiro, além de monitorar a localização do carro, para minimizar as preocupação com assaltos. “Usuários também têm seguro de morte, invalidez e despesas médicas e hospitalares”, afirmou a empresa, em nota.

Nos Estados Unidos, a empresa também passou a testar o pagamento de gorjetas, um velho pedido dos motoristas da plataforma, além da cobrança de uma taxa para devolução de itens esquecidos no veículo.

A 99, por outro lado, passou a conceder bônus em dinheiro aos motoristas que mais fazem corridas em determinada semana. A empresa também lançou, em maio, um novo recurso de segurança que alerta o motorista caso ele entre em uma área onde o índice de criminalidade é alto. O motorista pode até cancelar a corrida se tiver receio de circular na área. “Prefiro ter segurança a ter viagens o tempo todo”, disse o aposentado Alcebíades Costa, de 68 anos, que aprova os recursos de segurança oferecidos pelo app.

Publicidade

“Queremos minimizar as corridas de risco e deixar os motoristas mais tranquilos”, afirma Marcus Andrade, diretor de operações da 99. A empresa brasileira cobra taxa de 17% por corrida, a menor entre os apps – Uber e Cabify cobram 25%.

O Cabify, ao contrário das rivais, manteve sua posição de não aceitar pagamentos em dinheiro, como forma de fazer os motoristas se sentirem mais seguros. “O Cabify exige mais informações do passageiro e informa o destino da viagem, antes de a pessoa entrar no carro”, diz a motorista Ingrid Zimenes, que dirige tanto pelo Uber como pelo aplicativo espanhol.

As empresas também tem apostado em apoiar o motorista na compra ou aluguel do carro que usa para trabalhar, algo que o Uber começou a fazer ainda em 2015. Hoje, o Cabify adotou a prática de locação e, além disso, passou a fazer parcerias com oficinas para que os motoristas tenham descontos em serviços de manutenção. 

“Conforme o aplicativo for evoluindo, vamos conseguir fazer os motoristas ficarem 100% do tempo conosco”, diz Daniel Bedoya, gerente de operações do Cabify no Brasil.

Para o coordenador do centro de estudos em negócios do Insper, Paulo Furquim de Azevedo, as mudanças são positivas. “As condições de trabalho e remuneração dos motoristas tendem a melhorar.”

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.