Uber estreou na bolsa com protesto nesta sexta, 10
A jornada de 10 anos do Uber como empresa privada acabou nesta sexta, 10. A corrida da empresa agora é como uma empresa pública, com ações negociadas na Bolsa de Nova York. A estreia foi por volta das 12h50, com ações negociadas em torno de US$ 42, abaixo da meta da empresa - 33 milhões de ações foram negociadas nos primeiros minutos.
Na noite de quinta, 9, a empresa determinou o preço das ações em US$ 45 cada, próximo ao mínimo de sua meta que era de US$ 44 a US$ 50, e colocou à venda 180 milhões de ações. Dessa maneira, o Uber levantou US$ 8,1 bilhões, o que coloca o IPO como o maior desde a do Facebook, em 2013. Os números colocaram o valor da companhia em US$ 82,4 bilhões. Com a estreia em US$ 42, o Uber é o primeiro unicórnio, startup com valor de US$ 1 bilhão, a estrear com valor abaixo do seu preço de IPO.
Na tradicional cerimônia de abertura, na qual executivos tocam o sino, estava Dara Khorsowshahi, presidente da empresa desde 2017, e, para desgosto de executivos e investidores da empresa, era observado das galerias da bolsa de Nova York por Travis Kalanick, o fundador da companhia.
Kalanick foi obrigado a deixar o comando da empresa após uma série de escândalos, incluindo acusações de instaurar uma cultura machista na empresa de assédio moral e sexual. Ele também leva a fama por ser o mentor da postura agressiva, de iniciar operações em diferentes cidades ignorando legislações locais, o que gerou muito atrito entre governos e empresa, principalmente em seus primeiros anos de atividade - ainda hoje, a companhia gasta cada vez mais com lobby, atividade legalizada nos EUA: em 2018, a companhia investiu US$ 2,3 milhões apenas na esfera federal dos EUA, segundo registros do senado do país.
No novo caminho, o Uber tem uma equação complicada para resolver. Por um lado, ela precisa mostrar que seu negócio é sustentável e que pode gerar lucro, algo ainda inédito em sua história. Somente nos primeiros três meses do ano, ela perdeu US$ 1,1 bilhão, segundo seus próprios dados. Em entrevista à CNBC, nesta sexta, Khorsowshahi disse que imagina que 2019 seja o "pico de perdas" da companhia.
Confira a estreia do Uber na Bolsa
O aplicativo de transporte Uber, fundado em 2009, estreou na Bolsa de Valores de Nova York nesta sexta-feira, 10.
A estreia foi por volta das 12h50, com ações negociadas em torno de US$ 42, abaixo da meta da empresa.
Houve protestos na frente da Bolsa de Valores de Nova York na manhã desta sexta-feira, 10. Durante toda a semana, motoristas do Uber ao redor do mundo protestaram contra a abertura de capital da empresa, exigindo melhores condições de trabalho.
Cerca de 33 milhões de ações do Uber foram negociadas nos primeiros minutos da oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês)
Com a estreia em ações vendidas a US$ 42, o Uber é o primeiro unicórnio, startup com valor de US$ 1 bilhão, a estrear com valor abaixo do seu preço de IPO.
Travis Kalanick, fundador do Uber, esteve presente na cerimônia de abertura capital, nas galerias da bolsa de Nova York
Kalanick foi obrigado a deixar o comando da empresa em 2017 após uma série de escândalos, incluindo acusações de instaurar uma cultura machista na empresa de assédio moral e sexual.
Dara Khosrowshah, presidente executivo do Uber, esteve na tradicional cerimônia de abertura, na qual executivos tocam o sino.
Agora o Uber tem um novo caminho a seguir: o de uma empresa pública. A companhia tem uma equação complicada para resolver. Por um lado, ela precisa mostrar que seu negócio é sustentável e que pode gerar lucro, algo ainda inédito em sua história.
Para financiar suas operações, a empresa contou com o investimento do capital de risco. Segundo o Crunchbase, desde a fundação o Uber já recebeu US$ 24 bilhões em aportes. Entre a lista de investidores estão o Paypal, Google Ventures, Jeff Bezos, Softbank e Baidu - até Shawn Fanning, fundador do Napster, o pioneiro programa para compartilhar ilegalmente arquivos de MP3, investiu na companhia em seus primeiros anos.
Por outro lado, o Uber enfrenta pressões para melhorar as condições dos motoristas, que ajudaram a tornar a empresa a se tornar gigante global. Nesta semana, motoristas protestaram em diversas cidades do mundo, incluindo no Brasil, pedindo por uma fatia maior nos repasses das tarifas. Analistas avaliam que é possível que a empresa aumente o valor das corridas, mas que isso pode resultar em perda de espaço para concorrentes locais, como Lyft (EUA) e 99 (Brasil). Houve protesto também em frente à Bolsa de Nova York nesta sexta. Só no Brasil, apps como Uber e iFood empregam mais de 4 milhões de pessoas.
O dilema para gerar lucro, e a ausência de um caminho claro para que isso aconteça, fez alguns analistas compararem a chegada do Uber à bolsa com a venda de ações de empresas da era da bolha da internet, no final dos anos 1990, o que inclui nomes hoje tradicionais, como Google e Amazon, e fracassos retumbantes como o Pets.com. A diferença, apontam, é que o Uber e outros unicórnios atuais passaram mais tempo como companhias privadas para definir que caminho devem seguir. Recentemente, a companhia já afirmou que estima perdas durante anos, e que pretende se estabelecer como uma "espécie de Amazon": uma plataforma tecnológica diversificada: além das caronas, ela foca em entrega de comida, bicicletas, patinetes elétricos e carros autônomos.
Hoje, umas das companhias mais valiosas do mundo, a Amazon demorou a reverter lucro. O Uber espera o mesmo destino antes que seus motoristas cancelem a corrida.
25 fatos sobre a história do Uber
O aplicativo de transporte Uber foi lançado em março de 2009 em São Francisco, nos Estados Unidos, sob o nome de UberCap. Os dois empreendedores por trás da ideia inicial da empresa são Travis Kalanick e Garrett Camp.
Inicialmente, apenas carros pretos eram cadastrados no aplicativo. A primeira vez que um usuário pegou carona em um UberCap foi em 5 de julho de 2010. Nessa época, o serviço custava cerca de 1,5 vezes mais que um táxi – os usuários pagavam pelo conforto de pedir um carro apenas apertando um botão e mandando uma mensagem.
Em outubro de 2010, o Uber recebeu uma rodada de investimento de US$ 1,25 milhões. No mesmo período, o Uber tirou do seu nome a palavra “cap” (táxi, em tradução do inglês).
Travis Kalanick assumiu como presidente executivo do Uber em dezembro de 2010. Até então, quem ocupava o cargo era Ryan Graves.
Em fevereiro de 2011, o Uber fechou uma rodada de investimento de US$ 11 milhões, o que fez a empresa ser avaliada em US$ 60 milhões.
O Uber lançou seu aplicativo em Nova York em maio de 2011. Em dezembro do mesmo ano, a empresa começou a se internacionalizar, começando pelo mercado francês, em Paris.
Em 2011, o bilionário Jeff Bezos, fundador da Amazon, aposta no Uber. Ele liderou uma rodada de investimento de US$ 32 milhões, juntamente com o Menlo Ventures e o Goldman Sachs.
Foi em 2012 que o Uber ficou conhecido pelo seus preços baixos, com a criação do Uber X. O serviço fez o preço das corridas diminuírem cerca de 35% em comparação com os carros pretos iniciais da empresa.
Em 2013, a empresa recebeu um investimento de US$ 258 milhões do Google Ventures – depois disso, o Uber passou a ser avaliado em US$ 3,76 bilhões.
A partir de 2014, usuários começaram a compartilhar seus trajetos com outras pessoas, por meio do serviço Uber Pool.
Junto com a Copa do Mundo de 2014, o Uber chega ao Brasil.
Em 2015, o Uber expande sua atuação para além das caronas: é lançado o UberEats, aplicativo de entrega de comida. Inicialmente, o serviço começou a operar nas cidades de Barcelona, Chicago, Nova York e Los Angeles.
Os primeiros protestos violentos de taxistas contra o Uber aconteceram na França, em junho de 2015.
Em dezembro de 2015, o Uber atingiu a marca de um bilhão de viagens.
O Uber e seu aplicativo rival Lyft são obrigados a sair da cidade de Austin, no Texas, em maio de 2016. Isso porque os legisladores locais votaram por exigir os antecedentes dos motoristas.
Em julho de 2016, o Uber atinge a marca de duas bilhões de corridas ao redor do mundo.
Em 2016, Travis Kalanick aceitou um cargo na equipe de conselheiro econômicos de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. A decisão gerou retaliação de usuários contrários ao governo, que criaram a campanha #DeleteUber. Em apenas alguns dias, o app foi desinstalado por 200 mil pessoas.
O ano de 2017 foi marcado por polêmicas. Tudo começou quando a ex-funcionária do Uber Susan Fowler denunciou em seu blog que um gerente na empresa usou um software de bate-papo interno para tentar "fazer com que ela fizesse sexo com ele". Depois das alegações de Susan, as denúncias de outras mulheres aumentaram.
Em junho de 2017, Travis Kalanick renunciou ao cargo após uma série de escândalos vir à tona, incluindo denúncias de assédio sexual de ex-funcionárias da empresa e de uso de software para enganar autoridades e concorrentes. Dara Khosrowshahi herdou o cargo.
No começo de 2018, o Uber vendeu US$ 9,3 bilhões em ações ao grupo japonês SoftBank.
Um acidente fatal envolvendo um veículo autônomo do Uber mata uma mulher em Tempe, no Arizona, nos Estados Unidos, em março de 2018. De acordo com a polícia de Tempe, Rafaela Vasquez, motorista que acompanhou o teste de direção autônoma dentro do carro durante o acidente, assistia a um episódio do programa “The Voice” pelo celular no momento do atropelamento.
Em abril de 2018, o Uber comprou a startup de bicicletas elétricas Jump. Com o feito, a empresa entrou no mercado de aluguel de bicicletas elétricas na Europa, começando pela Alemanha.
Seguindo na sua estratégia de ir além dos carros, em julho de 2018 o Uber liderou uma rodada de US$ 335 milhões recebida pela startup de patinetes Lime.
São Paulo se torna em 2018 a cidade com mais corridas do Uber no mundo
O Uber faz sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa de Valores de Nova York, Nasdaq, em maio de 2019. Motoristas ao redor do mundo protestam contra a venda das ações da empresas, pedindo melhores condições de trabalho.