Uber faz parceria com fintech Digio para linha de crédito a motoristas
O empréstimo, de valor unitário de R$ 1 mil a R$ 5 mil, têm taxa de juros de 2,97% ao mês, com prazo de até 12 meses
18/09/2020 | 17h27
Por Agências - Reuters
O programa do Uber inicialmente será disponibilizado a mil motoristas selecionados
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O aplicativo de transporte Uber anunciou nesta sexta-feira, 18, uma parceria com a fintech Digio, controlada por Bradesco e Banco do Brasil, para oferecer linha de crédito pessoal a motoristas da plataforma no País.
O empréstimo, de valor unitário de R$ 1 mil a R$ 5 mil, têm taxa de juros de 2,97% ao mês, com prazo de até 12 meses. O programa inicialmente será disponibilizado a mil motoristas selecionados — o plano é futuramente chegar à base total de motoristas e entregadores do Uber no País, de cerca de 1 milhão de pessoas.
Para o Uber, a iniciativa é parte de um movimento para tentar ampliar o vínculo com seus associados, à medida que cresce a disputa entre as empresas de aplicativos para ter a preferência de motoristas e entregadores, que com frequência trabalham para mais de um deles simultaneamente. “Um dos objetivos do programa é gerar fidelização”, disse Claudia Woods, diretora geral da Uber no Brasil. Além do acordo com o Digio, a empresa já fez parcerias com empresas de educação, saúde e postos de combustíveis para ofertas de produtos a preços vantajosos para seus associados.
Diferente do CDC tradicional, em que os pagamentos das prestações são feitos mensalmente, neste caso os valores podem ser retidos a cada semana, acompanhando o fluxo de entrada de receita para os motoristas, com deságio nas prestações pagas de forma adiantada.
Os valores devidos pelos motoristas serão retidos pelo Uber, em um modelo do mercado bancário similar à chamada trava de recebíveis, mas a gigante norte-americana não garante os empréstimos e nem receberá parte da receita das operações.
Segundo o superintendente de novos negócios do Digio, Eid Tayar, esse modelo de crédito pessoal poderá ser escalado e eventualmente chegar a outras plataformas de intermediação de serviços de profissionais autônomos. “Isso vale para todo perfil de prestadores de serviço que têm recebíveis recorrentes”, disse Tayar à agência de notícias Reuters. O Digio, ex-Banco CBSS, tem cerca de 1,6 milhão de clientes e a meta é atrair 5 milhões de clientes e gerar 1 bilhão de reais em empréstimo pessoal por ano até 2023.
O movimento acontece enquanto bancos buscam meios de expandir suas carteiras de crédito em linhas de menor risco, com a economia brasileira mergulhada numa recessão provocada pelos efeitos da pandemia da covid-19. Só para o segundo trimestre, as provisões dos cinco maiores bancos do país para perdas esperadas com inadimplência superaram R$ 30 bilhões, um recorde.
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