Presidente executivo do Uber, Travis Kalanick está enfrentando problemas nos Estados Unidos
Desde 2014, o Uber tem utilizado um software para enganar autoridades e escapar de fiscalização em cidades onde está ou esteve ilegal em todo o mundo. Segundo reportagem do The New York Times publicada nesta sexta-feira, 3, o aplicativo de transporte usou uma ferramenta chamada Grebyall para coletar dados de usuários do aplicativo e identificar fiscais e autoridades governamentais, como forma de se prevenir de penas ou sanções.
Segundo o texto, o Uber já usou o programa em cidades como Paris (França), Boston e Las Vegas (Estados Unidos), bem como em países como Austrália, China, Coreia do Sul e Itália, e os métodos foram aprovados pelo departamento jurídico da empresa. O Estado procurou o Uber para saber se o programa também foi utilizado no Brasil, mas não recebeu resposta até a publicação desta matéria.
Questionado pela reportagem do The New York Times, a empresa diz que o Greyball faz parte de um programa chamado VTOS (sigla para "violação de termos de serviço", em inglês), criado pela empresa para retirar de sua plataforma usuários que estivessem usando o serviço de forma inapropriada.
Em uma declaração ao jornal norte-americano, a empresa disse que o programa "nega corridas a usuários que violam nossas regras, seja porque querem causar dano a nossos motoristas ou eram competidores querendo afetar nossas operações." Segundo a empresa, outra motivação do programa era evitar que taxistas perseguissem os motoristas do Uber.
Os programas foram relatados ao jornal por quatro pessoas que trabalham ou já trabalharam no Uber. Quando um usuário marcado como suspeito (isto é, pertencente a um órgão de fiscalização oficial) pedia uma corrida, o Uber mostrava apenas "carros-fantasma" em seu aplicativo em uma versão falsa do aplicativo. Se por acaso o usuário suspeito conseguisse chamar uma corrida, o Uber entrava em contato com o motorista para cancelar a chamada antes da viagem ser iniciada.
Lembre as recentes polêmicas envolvendo o Uber
Em 2016, Travis Kalanick aceitou um cargo na equipe de conselheiro econômicos de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. A decisão gerou retaliação de usuários contrários ao governo, que criaram a campanha #DeleteUber. Em apenas alguns dias, o app foi desinstalado por 200 mil pessoas, o que fez com que Kalanick renunciasse ao cargo. “Não entrei para o grupo para mostrar apoio ao presidente ou suas ações, mas infelizmente isso foi mal interpretado como sendo exatamente isso”, disse o executivo na época.
No Brasil, a empresa está enfrentando graves problemas de segurança. Motoristas reclamam que há pouca fiscalização de usuários quando o pagamento é efetuado em dinheiro — ao contrário do pagamento em cartão de crédito, não é preciso colocar dados pessoais. Com isso, relatos de assalto e sequestros de motorista e passageiros surge de maneira frequente. O Uber diz que faz uma checagem de segurança e, há pouco tempo, passou a exigir CPF dos usuários que pagam em dinheiro.
O Uber também sofreu um revés em fevereiro deste ano com a Justiça brasileira: a 33.ª Vara de Justiça do Trabalho de Belo Horizonte reconheceu o vínculo empregatício de um motorista brasileiro com o Uber. De acordo com a decisão, o ex-motorista Rodrigo Leonardo Silva Ferreira, de 39 anos, tem direito a receber aviso prévio indenizado, férias proporcionais e valores correspondentes ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), com multa correspondente a 40% pela demissão.
Ex-funcionária do Uber, Susan Fowler denunciou em seu blog que um gerente na empresa usou um software de bate-papo interno para tentar "fazer com que ela fizesse sexo com ele". Como prova, a ex-funcionária ainda fez imagens da tela com as mensagens mostrando o assédio. Em resposta, Travis Kalanick ordenou nesta uma "investigação urgente" sobre as alegações de assédio.
Depois das alegações de Fowler sobre assédio dentro do Uber, o jornal norte-americano The New York Times publicou informações que aumentam o número de acusações sobre a companhia. Segundo o jornal, funcionários usaram cocaína durante uma viagem da empresa e um deles foi demitido após assediar algumas de suas colegas de trabalho.
A Waymo, unidade de carros autônomos da Alphabet -- holding que controla o Google -- está processando o Uber, alegando roubo de tecnologia própria. Segundo o texto do processo, a tecnologia que teria sido roubada é a de sensores capazes de identificar a posição dos carros no espaço e ajudá-los a se locomover sozinhos. "A tecnologia LiDAR da Uber é, na verdade, a tecnologia LiDAR da Waymo", diz a denúncia. O Uber disse em comunicado que o processo da Waymo é uma tentativa sem fundamento de desacelerar um competidor e que, por isso, eles irão se defender vigorosamente das acusações no tribunal.
Os problemas do Uber em relação à assédio sexual não terminaram com as acusações de Susan Fowler. Ex-chefe de buscas do Google, Amit Singhal foi contratado pelo Uber em janeiro, como uma grande aposta da empresa para aprimorar seu sistema. Pouco de um mês depois, a empresa o demitiu. O motivo? O Google tinha desligado Singhal de seu quadro de funcionários após o executivo ser investigado por um abuso sexual contra uma funcionária. Procurado pela imprensa, ele desmentiu.
Presidente executivo do Uber, Travis Kalanick foi filmado discutindo com um motorista de seu próprio aplicativo. Em cenas gravadas por uma câmera dentro do carro, o executivo troca farpas com o motorista Fawzi Kamel, que reclamou das tarifas cobradas pelo serviço de caronas pagas. Depois de ter as cenas divulgadas na imprensa, Kalanick disse que “precisa crescer” como líder.
De acordo com reportagem do The New York Times, o Uber usou um software para enganar autoridades e escapar de fiscalização em cidades onde está ou esteve ilegal. Para isso, eles coletam ilegalmente dados de usuários do aplicativo para identificar os fiscais e autoridades governamentais, como forma de se prevenir de penas ou sanções. O Uber disse que a plataforma foi usada para evitar “usuários que usam o serviço de maneira inapropriada”.
Em 2016, o órgão público que regula transporte em Londres, no Reino Unido, definiu que condutores de empresas privadas de transporte têm que provar a capacidade de domínio da língua inglesa de seus motoristas. Para tentar reverter a situação, o Uber entrou com uma ação. No entanto, a empresa perdeu o processo e agora precisa comprovar que seus motoristas falam inglês perfeitamente. O Uber disse que tal medida faria com que 33 mil condutores perdessem as suas licenças para operar na capital.
O Uber vem enfrentando problemas de regulação no continente asiático. Em fevereiro, a companhia parou de operar em Taiwan por causa de uma multa milionária implantada pelo governo local por operar ilegalmente no território. Em março, a empresa sofreu outro revés quando um juiz de Hong Kong condenou cinco de seus motoristas por usaram o aplicativo. A punição desmotiva o uso do serviço na região pelo medo que os motoristas têm de ganharem sanções parecidas.
No dia 19 de março, Jeff Jones, presidente do Uber, renunciou ao cargo após seis meses depois de o ter assumido. Dentro da empresa, ocupava a segunda posição mais importante, logo abaixo de Travis Kalanick. Jones alegou que estava deixando a companhia por incompatibilidade de valores. No começo de março, Ed Baker, vice-presidente de produtos e desenvolvimento do Uber, e Charlie Miller, principal investigador de segurança, também deixaram a empresa.
O site norte-americano The Information divulgou que, em 2014, uma equipe do Uber visitou uma casa de prostituição em Seul, capital da Coreia do Sul. De acordo com a publicação, os quatro gestores da companhia escolhiam mulheres da casa, chamando-as por números, para sentar-se com eles. Depois dessa noite, uma funcionária do Uber reportou ao RH da empresa que a viagem a deixou desconfortável.
Na segunda feira, 27, o Uber voltou a colocar seus carros autônomos na rua. Na última sexta-feira, 24, a empresa havia suspendido o projeto após um de seus protótipos capotar ao colidir com outro veículo no estado norte-americano do Arizona. Depois do acidente, uma investigação foi conduzida e a empresa decidiu liberar seus carros para rodarem nas três cidades onde testa o projeto — Tempe, no Arizona, São Francisco e Pittsburgh. Segundo a polícia local, o carro pilotado por humano foi o responsável pelo acidente com o carro autônomo do Uber.
O Uber anunciou em 28 de março que deixará de funcionar na Dinamarca a partir de abril deste ano. Uma nova legislação local obriga que todos os motoristas a utilizem taxímetro, o que inviabiliza o serviço. Desde 2014, a companhia sofre dificuldades no país, que encara o Uber como uma concorrência injusta aos táxis.
Emil Michael, vice-presidente sênior de negócios e segundo na linha de comando do Uber, deixou a empresa após o conselho administrativo afirmar que vai acatar os conselhos registrados no relatório final da investigação de assédio sexual. "Entrei na empresa há quase quatro anos e vivi uma experiência completa ao ajudar o Uber a se tornar a empresa de mais rápido crescimento de todos os tempos", amenizou o executivo. Não ficou claro, porém, se Michael foi demitido ou se ele próprio renunciou ao cargo.
O cofundador e presidente executivo do Uber, Travis Kalanick, anunciou uma licença da empresa por tempo indeterminado no meio de junho. A saída do executivo foi anunciada em um e-mail para os funcionários e faz parte de uma série de recomendações feitas ao conselho após a investigação que começou por denúncias de assédio sexual na empresa. Kalanick disse que deixa a empresa para atravessar o período de luto após a morte de sua mãe em um acidente de barco e que usará a licença para "refletir, trabalhar em si mesmo e construir um time de liderança de classe mundial".
Técnicas. Entre as técnicas utilizadas pelo software estavam a de rastrear cartões de créditos usados no aplicativo – se o cartão estivesse diretamente relacionado a uma instituição governamental ou um batalhão de polícia, o usuário não conseguiria fazer uma viagem.
Outro método, descreve a reportagem, é a de criar uma "cerca virtual" em torno de edifícios governamentais – dentro desses limites, a empresa observava se usuários estavam frequentemente abrindo e fechando o aplicativo, como se estivessem vigiando a quantidade de motoristas rodando no sistema.
Por vezes, fiscais de governos utilizavam diversos celulares para conseguir flagrar o Uber. Para se prevenir disso, a empresa mandava funcionários para lojas na cidade em questão e buscava pelos modelos mais baratos de smartphones no local – usados pelos órgãos de fiscalização por conta de orçamentos reduzidos.
De acordo com o The New York Times, o Uber pode ser enquadrado por diversas infrações por conta do programa. Entre elas, de acordo com o professor Peter Henning, da Wayne State University, estão obstrução da Justiça e violação da Lei de Fraude e Abuso Computacional. "Todos nós tiramos o pé do pedal quando vemos um radar, e não há nada de errado com isso. Mas o que o Uber fez vai um pouco além disso", disse Henning.
Crise. As últimas semanas não têm sido fáceis para o Uber. No final de fevereiro, a empresa se viu numa crise, depois que uma ex-engenheira da companhia escreveu em seu blog que sofreu assédio sexual enquanto era funcionária da empresa. Segundo ela, após denunciar o caso internamente, a área de recursos humanos, assim como gestores do Uber, não fez nada sobre o assunto, pois o acusado era um funcionário de alto desempenho. Travis Kalanick pediu uma “investigação urgente” sobre o assunto.
Logo em seguida, a empresa foi acusada pela Waymo – divisão de carros conectados da Alphabet, que também controla o Google – de ter roubado uma tecnologia de sensores para carros conectados. A companhia negou as acusações e disse que vai resolver a disputa com o Google na Justiça.
Nesta semana, Amit Singhal, vice-presidente de engenharia do Uber há um mês, anunciou que deixaria o cargo. O motivo: o Uber descobriu, por meio de uma reportagem do site especializado em tecnologia Recode, que Singhal foi investigado por assédio sexual antes de sair do Google, em janeiro. Segundo fontes do site, as acusações eram críveis. Kalanick pediu para Singhal deixar o Uber.
No Brasil, a empresa teve um revés em fevereiro, quando a 33.ª Vara de Justiça do Trabalho de Belo Horizonte reconheceu o vínculo empregatício de um motorista brasileiro com o Uber.