Buds Q: fone da Realme aposta no 'bom e barato', mas não se destaca na multidão

Acessório tem boa qualidade sonora, mas faz concessões para manter-se com preço baixo

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Por Bruno Romani
Atualização:
Buds Q, da Realme, são opção barata de fone Foto: Bruno Romani/Estadão

A fabricante chinesa Realme chegou oficialmente ao Brasil em janeiro e trouxe na mala um plano ambicioso: tornar-se uma das três principais marcas de smartphones do País. Porém, a estratégia para tornar a marca conhecida por aqui vai além dos celulares. Assim como as conterrâneas Xiaomi e Huawei, a Realme planeja um extenso portfólio de produtos e acessórios, o que inclui pulseiras e fones de ouvido. O começo dessa jornada pode ser observado com os primeiros fones totalmente sem fio da marca à venda por aqui, os Buds Q. 

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Neste momento, a ideia da Realme é tentar jogar no esquema “bom e barato” e os Buds Q tentam representar isso. O preço sugerido é de R$ 280, mas ele pode ser encontrado por até R$ 170 nas melhores casas do ramo. Considerando os valores de eletrônicos atualmente no Brasil, o valor é atraente - só nos resta descobrir o que ele sacrifica no meio do caminho.

Sem rodeios, vamos falar de som. A longa tradição de fones do tipo “in ear” serem horríveis em termos sonoros na maior parte dos casos causa um pouco de desconfiança em relação aos Buds Q. O tamanho reduzido, o que indica falantes pouco sofisticados, aumenta o temor. Porém, a profecia não se realiza. Eles entregam boa qualidade sonora, mais ancorada nas frequências médias e alguns toques de graves. Não é nada espetacular, mas é aceitável para a maioria dos ouvidos. Considerando o preço, nada mal. Eles também gritam bem em termos de volume, mas causam certa distorção quando está perto do limite.

Como era de se esperar, os Buds Q não têm cancelamento de ruído, então a pureza do que você ouve está atrelada principalmente a como eles vão se encaixar no canal auditivo. Em fones dessa natureza, a ergonomia influencia também na experiência sonora. Na caixa, eles entregam três tamanhos de borrachinha de encaixe. É importante encontrar o tamanho ideal para que o fone se acople perfeitamente ao canal, o que ajuda a bloquear em grande parte ruídos externos. 

Nem sempre, porém, o encaixe será perfeito. Testei dois tamanhos, médio e pequeno, e nenhum deles funcionou incrivelmente. A pior experiência ocorreu com o tamanho médio, que foi se soltando da orelha conforme o tempo foi passando, o que permitiu a entrada maior de ruído e foi fazendo a qualidade sonora diminuir - quando isso aconteceu os graves “desapareceram” da minha percepção. A experiência é especialmente ruim na prática de exercícios - a cada passo de corrida, ele vai desprendendo o fone. Se o seu lance é fazer atividade física, talvez essa não seja a melhor opção. 

O desencaixe também pode fazer com que você perca o acessório. Se você dobra o pescoção enquanto dorme no busão ou no metro, melhor ficar esperto! Nesse quesito, prefiro algumas outras soluções como as armações de silicone da Bose ou a haste emborrachada do Power Beats Pro - uma pena que o bolso chora quando essas escolhas são feitas. 

No toque

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Pequenos, os Buds Q não têm botões físicos - os comandos são realizados por toques na região que fica para fora da orelha. A lista é longa: 2 toques em qualquer um dos fones (play/pause), 3 toques no fone esquerdo (voltar música), 3 toques no fone direito (avançar música), tocar e segurar por dois segundos (ativar o game mode, um recurso que supostamente reduz a latência, mas que quase passa despercebido). Não há controle de volume, que precisa ser ajustado no próprio telefone.

Infelizmente, os comandos por toque não funcionam tão bem. É comum que ele não responda, ou entenda de maneira incorreta quantos toques foram dados. É ainda mais irritante quando os fones começam a desencaixar das orelhas e, na tentativa de mantê-lo preso, comandos involuntários são produzidos.

Já sobre a bateria, a Realme promete quatro horas e meia de autonomia para cada um dos fones. De fato, em nossos testes, ele entregou cinco horas de reprodução contínua de música. É possível atingir até 20 horas utilizando o case. Não é nada excepcional, mas é o esperado para a faixa de preço. 

O problema mesmo é administrar a carga da bateria. O acessório não dá nenhuma indicação de quando está desligado, o que pode gerar desperdício caso o usuário não perceba que largou ele ligado. Também não há nenhuma indicação nos fones sobre o nível de bateria. Para saber a quantidade de carga restante, é preciso checar no próprio celular, o que nem sempre é prático. 

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Sobre o case, duas coisas importantes: ele é pequeno, o que é muito bom para guardar no bolso - nem sempre isso acontece em fones totalmente wireless. A outra é que ele tem uma entrada micro USB, o que parece nadar contra a corrente atual de padronização de aparelhos com entrada USB-C, que permite taxas mais velozes de carregamento. 

De maneira geral, os Buds Q apresentam boa qualidade sonora e autonomia de bateria aceitável pela faixa de preço que ocupam. Como era de se esperar os pontos fracos estão nos detalhes: ergonomia e comandos estão entre os principais - ele não é recomendável para quem planeja praticar exercícios físicos. Dessa maneira, os Buds Q fazem algumas trocas para serem uma opção de aparelho de entrada. Não é ruim, mas ainda não destacou a Realme do resto da multidão. 

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