CES 2020: brinquedos sexuais têm sua ‘primeira vez’ na feira de Las Vegas

Após premiar e depois banir um vibrador inteligente em 2019, organização de evento voltou atrás e incluiu categoria de produtos eróticos em área reservada a bem-estar; mercado deve girar US$ 29 bi em 2020 no mundo todo 

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Por Giovanna Wolf
Atualização:
O Osé, da startup americana Lora DiCarlo: dupla função Foto: Giovanna Wolf/Estadão

Para tudo na vida tem sempre uma primeira vez. No caso da Consumer Electronics Show (CES), feira de tecnologia realizada nesta semana em Las Vegas, a novidade de 2020 foram os brinquedos sexuais, que fizeram sua estreia no evento este ano. Desenvolvidos por startups e, muitas vezes, comandados por aplicativos, esses dispositivos utilizam tecnologia para fazer as pessoas sentirem mais prazer. De quebra, representam ainda um mercado global que deve ser avaliado em US$ 29 bilhões em 2020, de acordo com dados do site Statista. 

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A chegada dos brinquedos sexuais à CES, porém, foi envolta em polêmica. Isso porque, no ano passado, a Consumer and Technology Association (CTA), responsável pelo evento, decidiu premiar o Osé, um vibrador feminino inteligente desenvolvido pela startup americana Lora DiCarlo, como um dos dispositivos mais inovadores da feira. No entanto, logo após receber o prêmio, o vibrador perdeu a láurea e foi banido pela organização da feira, que citou uma regra que proibia produtos “imorais, obscenos, indecentes e profanos”. 

Em 2020, o jogo virou: após ser duramente criticada por banir um produto que merecia atenção por sua inovação, a CTA voltou atrás. Devolveu o prêmio ao Osé e abriu a porta da feira para a categoria. Para estarem presentes na CES, definiu a organização, os aparelhos precisam ter alguma utilização tecnológica, não podendo ser apenas eróticos. Expostos na área de bem-estar da CES, ao lado de dispositivos de saúde e sono, os dispositivos provocaram frisson entre os visitantes da feira. 

O maior destaque ficou mesmo com o Osé, que busca usar a tecnologia para imitar o toque humano para estimular o prazer feminino. Ele tem duas partes que funcionam de forma coordenada: sua base, com um orifício no meio, busca estimular o clitóris; já a ponta superior tenta replicar a sensação de um dedo massageando o ponto-G. Além disso, o aparelho pode se adaptar para um encaixe melhor na região pélvica de cada usuária – afinal, todo corpo é diferente. Feito de silicone e plástico e à prova d’água, o Osé tem uma bateria que dura entre 45 minutos e 1 hora de uso. 

Desde novembro do ano passado, o aparelho está em pré-venda por US$ 290. Durante a CES, uma representante da empresa disse ao Estado que até agora foram vendidas mais de 10 mil unidades do vibrador. Em Las Vegas, a empresa anunciou ainda dois novos produtos, chamados de Onda e Baci – que são basicamente as duas partes do Osé, divididas em aparelhos separados.Ainda sem preço definido, a expectativa é de que os dois dispositivos comecem a ser vendidos em março. Fundada em 2017, a Lora DiCarlo tem como meta permitir que quaisquer pessoas – e em especial, as mulheres – possam ter acesso a ferramentas para estimular e encontrar prazer. 

Para todos os públicos

Enquanto a Lora DiCarlo aposta no público feminino, a startup americana MysteryVibe busca agradar a todos os públicos. Uma mostra disso é o Crescendo, vibrador inteligente que pode ser usado tanto por homens quanto por mulheres. Com construção flexível, ele tem dois motores, 12 tipos de vibração e 16 níveis de intensidade, podendo ser regulado por meio de um aplicativo de celular. Vendido a US$ 150, o aparelho pode servir para estimular os órgãos sexuais masculino e feminino, seja durante uma relação sexual ou quando o usuário está desacompanhado. 

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Startup americana Lovense aposta em produtos para o público masculino Foto: Giovanna Wolf/Estadão

Além do Crescendo, a MysteryVibe trouxe a Las Vegas um modelo mais compacto do vibrador, chamado de Poco – mais acessível, ele custa US$ 70 e é recomendado para ser levado em viagens. A empresa mostrou ainda o Tenuto, específico para o público masculino, também vendido a US$ 150. Ele deve disputar mercado com o dispositivo da startup Lovense, que também levou à CES um vibrador voltado para os homens. Seu diferencial é que ele pode ser sincronizado com aplicativos de música, como o serviço de streaming Spotify, e vibrar na mesma batida que a canção escolhida pelo usuário. 

Outro destaque da feira foi a startup americana Pulse, que trouxe à CES um lubrificante criado para ser natural, saudável e não dar alergia ao corpo. Além do gel, a empresa também exibiu no pavilhão dedicado a startups um dispositivo de US$ 200 que pode esquentar o lubrificante em poucos segundos, evitando eventuais incômodos ou choques térmicos. 

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