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Na CES, marcas apostam em sobrevida do Led

Na CES, fabricantes encontraram alternativas de telas mais baratas enquanto os painéis de Oled não se popularizam

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Por Bruna Arimathea
Atualização:
A Samsung apresentou sua tecnologia de microleds na CES deste ano, em um evento online Foto: Samsung

Mesmo com a covid-19, a CES (Consumer Eletronics Show) não deixou de falar de TVs. Neste ano, porém, em vez de apenas apontar para novas tecnologias de painéis, como o Oled, os fabricantes exploraram maneiras alternativas de dar sobrevida a um velho conhecido: o Led, tecnologia amplamente usada na indústria atualmente.

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Uma das principais inovações veio nas telas de microled, tecnologia que permite maior definição de cores e brilho para as imagens. O conceito apareceu pela primeira vez na CES de 2018 pelas mãos Samsung, que anunciou a The Wall: uma tela gigante de 150 polegadas. Agora, a novidade começa a aparecer em aparelhos prontos para serem comercializados: a fabricante mostrou a MicroLED 110, um painel que pode ter 99 ou 110 polegadas, ultra fino e que promete imagens e brilho de qualidade semelhantes às telas Oled, consideradas as melhores do segmento.

De acordo com Marcello Zuffo, diretor para a América Latina da IEEE Consumer Technology Society, as telas de microled são uma grande inovação na tecnologia de TVs, porque permitem que as pequenas lâmpadas se multipliquem e possam ter uma área menor de cobertura, diferente das telas de Led atuais, que possuem a iluminação feita por uma só peça luminosa. 

“O problema dessa tecnologia é fazer as lâmpadas pequenas. Não é fácil fazer microled, são junções semicondutoras muito difíceis de se fabricar. É uma tela disruptiva e será mais uma opção para o consumidor”, explica Zuffo. 

O Led também se renovou com a configuração de miniled, que funciona de forma semelhante às telas anteriores do segmento, com um painel de iluminação por trás da camada de LCD da TV. Mesmo abaixo dos aparelhos Oled nas imagens, a tecnologia permite qualidade de brilho e contraste maiores que as tradicionais, por aumentar o número de pontos de iluminação da tela.

Na CES, a LG e a TCL mostraram aparelhos com esse conceito, respectivamente a linha LG Qned e o modelo TCL C825. A empresa chinesa vem aprimorando as telas de miniled desde 2018 e também apresentou um recurso que vai diminuir a distância entre o painel de LCD e a iluminação das mini lâmpadas de Led, chamado OD Zero. 

Vantagens

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Enquanto ainda não é possível trocar as TVs de Led por Oled, o desenvolvimento das novas variantes do dispositivo aparece como alternativa para não ficar parado no tempo. Segundo Renato Franzin, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), a curva de custo dos produtos tende a baixar assim que se tornam mais populares e veteranos no mercado. Esse movimento, porém, não chegou ao Oled hoje — ele facilmente passa da casa dos R$ 10 mil no comércio brasileiro.

As vantagens, então, da utilização dos ‘novos’ Led nas TVs passam por dois principais pontos: o custo-benefício e a durabilidade. Franzin explica que produzir as telas de microled, por exemplo, é mais rentável para as empresas pelo custo, mesmo que ainda seja trabalhoso chegar nos pequenos tamanhos das lâmpadas. 

“O custo de uma tela pequena de Oled para o celular, por exemplo, é mais ou menos parecido com o custo do restante de todos os seus componentes. Para uma televisão, que exige um mecanismo mais inteligente, o custo da tela em relação ao aparelho é gigante. A primeira coisa a se pensar é que a conta tem que fechar”, diz. 

Outro benefício pode ser a durabilidade do produto. Por adotar lâmpadas de bases fixas, as telas se tornam muito mais resistentes. 

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“As lâmpadas ficam em um substrato fixo. Justamente por esse fator, as telas podem durar anos sem apresentar problemas. Se o Led for bem programado, a tela não se degrada e pode durar para sempre”, afirma Zuffo.

Os problemas das variantes de Led, porém, aparecem principalmente dentro de casa. Em comparação às TVs Oled, as duas tecnologias consomem mais energia. No caso do microled, o tamanho também é um obstáculo. Ainda é difícil produzir modelos menores mantendo a mesma qualidade nas micro lâmpadas — elas não seriam tão micro em uma TV de 40 polegadas, por exemplo.

De qualquer maneira, as novas alternativas são bem-vindas e prometem dar flexibilidade aos consumidores. “Enquanto antigamente existia uma tecnologia que servia para todas as aplicações, hoje é possível ter diferenças nos tipos de tela que podem dar mais certo em alguns lugares do que outros. Diferentes tecnologias podem andar em paralelo, cada uma atendendo às suas melhores funções”, explica Franzin. 

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*É estagiária, sob supervisão do editor Bruno Romani 

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