Fones de ouvido do Google, Pixel Buds mostram potencial

Promessa de tradução instantânea não funciona tão bem quanto a expectativa, mas é sinal do tipo de produtos que a gigante norte-americana pretende produzir no futuro

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Por Hayley Tsukayama
Atualização:
Lançados em outubro, os Pixel Buds são vendidos nos EUA a US$ 159. Mas eles valem a pena? Foto: Reuters/Stephen Lam

O Google surpreendeu muita gente em outubro com o lançamento dos Pixel Buds, fones de ouvido sem fio que podem controlar o celular e ainda traduzir conversas em tempo real. Mas como eles funcionam? O Google nos enviou um par para o nosso review, e nós colocamos os ouvidos à obra. 

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Para começar, o mais importante que você precisa saber sobre os Pixel Buds é que eles só funcionam plenamente com o mais recente smartphone do Google, o Pixel 2. Embora haja compatibilidade com outros aparelhos, especialmente no que diz respeito a tocar qualquer áudio, a principal vantagem dos Pixel Buds – a tradução instantânea – aparece apenas no Pixel 2 ou no seu irmão maior, o Pixel 2 XL. 

Tradução. Para ser honesta, a tradução não é exatamente instantânea. Você acessa o recurso tocando o botão do fone direito e pede ao Google Assistant – “ajude-me a falar” – uma das 40 línguas suportados pelo serviço. E então o telefone abre o aplicativo Google Translate.A partir daí, ele traduzirá o que ouvir na língua escolhida por você. Se estiver falando com alguém que perguntar em francês – “ou est la biblioteque?” – você ouvirá esta frase na sua língua (isto é, “onde está a biblioteca?”). Quando for sua vez de falar, você toca o botão direito e segura de modo que o que você fala é traduzido e transmitido pelo seu telefone.

O recurso é promissor, mas não perfeito. A tradução não ocorre na velocidade da conversa, não é o tradutor universal de Star Trek, muito menos o peixe-babel d’O Guia do Mochileiro das Galáxias. Mas é muito melhor do que um manual de conversação. Embora os tradutores humanos não precisem – por enquanto – temer ficar um dia sem emprego, o recurso pode ser bom para pessoas que viajam ou que querem manter um bate-papo simples, mesmo que titubeante, em outra língua.

Os Pixel Buds fazem parte de uma família de dispositivos do Google, que inclui também os óculos de realidade virtual Daydream, os smartphones Pixel e o Google Home, caixa de som conectada embarcada com o Google Assistant Foto: Bloomberg/David Paul Morris

E se você não possui um Pixel? Bom, então os Pixel Buds são bem menos atraentes.Eles podem se conectar com outros celulares Android, e até mesmo com os iPhones, mas basicamente como fones de ouvido sem fio normais. Em todos os aparelhos você toca no fone direito para chamar seu assistente virtual – pode ser o Google Assistant ou a Siri, no caso do iPhone. Também pode aumentar e baixar o volume. A qualidade de som é similar à de outros fones de ouvido Bluetooth que experimentei – ou seja, não é fora de série, mas bastante boa para ouvir música enquanto se faz outras coisas, como correr ou praticar exercícios. 

Outro ponto forte dos Pixel Buds é que eles não economizam no volume. Raramente encontrei motivo para aumentar acima de 50%. Além disso, são confortáveis, com um tecido que se ajusta para os fones se encaixarem no ouvido. Durante todos os meus testes, eles não caíram nenhuma vez. 

Concorrência. Nos Estados Unidos, os Pixel Buds têm o mesmo preço dos AirPods da Apple: US$ 159. (No Brasil, os AirPods são vendidos a R$ 1,4 mil). Como os rivais da Apple, os fones do Google chegam ao consumidor em um estojo, que funciona também como carregador de bateria portátil. O fone propriamente dito tem uma carga com duração de cinco horas. Para recarregá-lo, basta colocá-lo no estojo de novo – assim, não tive problema para conseguir que funcionassem o dia inteiro.

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O principal fator na hora de escolher entre os AirPods da Apple e os Pixel Buds do Google é o sistema operacional do telefone que você possui. No entanto, faço aqui três observações. Gosto do controle de volume manual dos Pixel Buds, muito mais prático do que ter de pedir à Siri para ajustar o volume o tempo todo. Mas há um inconveniente: os controles adicionais torna os Pixel Buds mais complicados do que os AirPods, tanto em termos de configuração como de operação. A dificuldade para aprender seu manejo é bem maior do que no caso do iPod e os Pixel Buds não são tão inteligentes quando se trata, por exemplo, de pausar um áudio quando não estão no seu ouvido.

Os Pixel Buds podem ser guardados num estojo, que também recarrega suas baterias Foto: Hayley Tsukayama/The Washington Post

Finalmente, embora o Pixel Buds não se conecte com seu celular, ele tem um cordão de cerca de 50 centímetros conectando as duas extremidades. Gostei da ideia. Enrolei-o no pescoço e fiquei despreocupado quanto a perder um deles. Mas se você não gosta de ter um cordão enrolado no pescoço e quer algo totalmente sem fio, os Pixel Buds não são para você.

Conclusão. Salvo se você realmente precisa de serviços básicos de tradução – e esteja disposto a comprar um Pixel 2 – existem fones de ouvido sem fio melhores por preços mais razoáveis.

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É importante saber que os Pixel Buds é mais do que um par de fones de ouvido. Ele é um exemplo do que devemos esperar do Google: a tentativa de fabricar produtos comuns, mas que se destaquem dos outros com serviços diferentes, como a tradução. É um produto que mostra também como o Google, assim como a Apple, pretende fazer produtos que funcionem melhor em sua família de dispositivos – forçando o consumidor a escolher um lado nesta guerra da tecnologia. 

Nada disto, na verdade, é necessariamente relevante quando se trata do quão bem os Pixel Buds funcionam como fone de ouvido. Mas vale a pena pensar no assunto à medida que Google continua a lançar novos produtos. /TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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