Google compra divisão de celulares da HTC por US$ 1,1 bilhão

Movimento reforça estratégia da gigante de buscas americana no mundo do hardware; taiwanesa hoje é a responsável por fabricar o Pixel, smartphone do Google

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Por Agências
Atualização:
Depois de comprar (e vender) a divisão de smartphones da Motorola, agora o Google aposta em um acordo com a taiwanesa HTC Foto: Reuters/Dado Ruvic

O Google anunciou na madrugada desta quinta-feira, 21, que vai pagar US$ 1,1 bilhão para adquirir a divisão de smarpthones da fabricante taiwanesa HTC. Hoje, a HTC é a responsável por desenvolver e produzir o Pixel, linha de smartphones premium do Google. É a segunda vez que o Google compra uma divisão de smartphones de uma grande marca - a primeira foi em 2012, quando a empresa comprou a divisão móvel da norte-americana Motorola, que depois foi vendida à chinesa Lenovo. 

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Segundo o Google, a transação será toda paga em dinheiro. Com o negócio, o Google vai ganhar 2 mil funcionários da HTC -- aproximadamente um quinto da força de trabalho atual da companhia taiwanesa. Além disso, a transação inclui licenças para usar a propriedade intelectual da HTC, bem como a criação de uma parceria que poderá olhar por outras áreas de colaboração no futuro. 

Apesar do Google não estar adquirindo fábricas, a transação mostra a ambição da dona do sistema operacional Android em acirrar a competição com a Apple, que na semana passada lançou uma edição especial do iPhone, o iPhone X, para comemorar os 10 anos do aparelho. "O Google achou que precisava ter seu próprio time de hardware para continuar a trazer inovações aos dispositivos móveis, fazendo-os competitivos contra o iPhone", disse Mia Huang, analista da empresa de pesquisas TrendForce, à Reuters. 

O movimento do Google em reforçar sua área de hardware não é isolado: no ano passado, a empresa contratou Rick Osterloh, presidente da Motorola na época que a empresa lançou o sucesso de vendas Moto G, para chefiar sua área de hardware. A gigante de buscas tem investido no setor, lançando o Pixel -- smartphone que, apesar das inovações, só tem 1% do mercado global -- e o Google Home, caixa de som conectada equipada com o assistente pessoal Google Assistant. 

A expectativa do Google é não repetir os erros que cometeu ao comprar a divisão móvel da Motorola em 2012 por US$ 12,5 bilhões. Depois de não conseguir bater os iPhones no mercado, a empresa acabou sendo vendida (sem suas patentes, que ficaram na mão do Google) à chinesa Lenovo no início de 2014. Ao reduzir o preço pago e não comprar plantas da HTC, o Google minimiza seus riscos, apontaram analistas ouvidos pela agência de notícias Reuters. 

"A HTC já passou de ser uma líder no desenvolvimento de hardware, porque teve de reduzir seu time graças à perda de receitas nos últimos anos", avaliou Ryan Reith, analista da consultoria IDC. "A menos que o Google queira o controle do hardware para outros negócios, como o Google Home e os Chromebooks, não vejo esse acordo valendo a pena." 

Foco. Para a HTC, o acordo vai permitir que a empresa foque em uma área bastante promissora: realidade virtual. No ano passado, a taiwanesa lançou o elogiado óculos de realidade virtual HTC Vive, por US$ 799 -- apesar do alto preço, o aparelho foi bem no mercado, superando o pioneiro Oculus Rift, do Facebook. 

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Apesar de já ter vendido 8,8% dos smartphones fabricados no planeta em 2011, a HTC viu as receitas com celulares caírem e seu espaço no mercado ser tomado por rivais chinesas como Huawei, Oppo e Vivo. Hoje, a empresa tem 0,9% do mercado global de celulares inteligentes, segundo a IDC. 

Por conta disso, a HTC estava começando a ficar sem recursos para desenvolver novas versões do Vive. "O acordo vai nos proporcionar um corte considerável, na casa de 35%, nas nossas despesas com pesquisa e desenvolvimento", disse o diretor financeiro da HTC, Peter Shen, em uma coletiva de imprensa em Taipé. 

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