O Google Glass está vivo: o Google anunciou nesta terça-feira, 18, que os seus óculos de realidade aumentada vão ganhar uma nova versão. Com o nome de Google Glass Enterprise Edition, o dispositivo recebeu melhorias em suas configurações e agora tem um destino certo: os rostos de trabalhadores braçais ao redor do mundo.
Anunciado em 2012, o Glass foi durante muito tempo uma "visão do futuro" da tecnologia – na época, acreditava-se que o aparelho seria o substituto perfeito para os smartphones, e que todo mundo estaria usando um desses na cara em alguns anos. Quando começou a ser vendido, em 2014, por US$ 1,5 mil, no entanto, o aparelho parecia carecer de utilidades – como mostra o vídeo abaixo feito pela reportagem do Estado na época.
Agora, o Glass está de volta – em uma reportagem da revista Wired publicada nesta terça-feira, é possível ver como o dispositivo, em sua nova versão, está sendo usado por operários em empresas como GE, Volkswagen e DHL.
Entre as novidades da Enterprise Edition, estão uma câmera melhor (com 8 megapixels, em vez dos 5 originais), vida de bateria extendida, uma conexão a redes Wi-Fi mais rápida, um processador melhor e um sinal luminoso vermelho, que avisa quem está ao redor quando o Glass está gravando vídeos.
O aparelho ainda não está à venda para todos os consumidores. Quem quiser adquiri-lo terá de entrar em contato com um dos parceiros de desenvolvimento de software do Google, em uma rede chamada de Glass Partners.
"O custo pode variar de acordo com a customização de software, suporte ao consumidor e o treinamento necessário para o que você precisa", diz a empresa, em uma área de "perguntas e respostas frequentes". Segundo o Google, menos de mil unidades da Enterprise Edition foram disponibilizadas para as empresas até então – a maior parte delas usou o produto em testes.
Ainda assim, a empresa afirma que a Enterprise Edition não é um experimento. "O Google Glass foi um experimento há três anos. Agora, estamos em produção completa com nossos clientes e parceiros", disse Jay Kothari, líder de projeto responsável pela Enterprise Edition.
Além da nova versão, o Google também criou uma versão modular do dispositivo, chamada GlassPod, que pode ser acoplado a acessórios como máscaras de proteção ou óculos de grau.
Direção. A aposta do Google em colocar o Google Glass à disposição das empresas faz sentido. De acordo com um relatório da consultoria Markets & Markets, o mercado global de realidade aumentada poderá movimentar US$ 117,4 bilhões em 2022.
Menos otimista, um estudo divulgado pelo banco Goldman Sachs no início de 2016 aposta que as tecnologias de realidade aumentada em conjunto com a realidade virtual valerão US$ 80 bilhões até 2025.
Ao contrário de sua “prima” realidade virtual, que aposta na imersão para entreter os usuários com jogos e experiências audiovisuais, a realidade aumentada deve ter sua principal aplicação na área corporativa.
Isso porque os dispositivos com alto poder de processamento para suportar a realidade aumentada ainda estão em fase de desenvolvimento e/ou são bastante caros: Hololens, os óculos revelados pela Microsoft em janeiro de 2015, são hoje vendidos nos EUA e em outros sete países em uma versão para desenvolvedores por US$ 3 mil – ainda não há previsão para venda no Brasil.
“É um dispositivo caro para os consumidores – mesmo para quem for empolgado com tecnologia e quiser jogar Minecraft numa mesa”, disse Tuong Nguyen, analista de pesquisas da consultoria Gartner, em entrevista ao Estado em dezembro de 2016.