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iPhone completa 15 anos com queda de vendas no mundo

Com mercado de celulares em estágio de maturidade, a Apple encontrou novos caminhos para depender cada vez menos do iPhone

Por Lucas Agrela
Atualização:
iPhone 13 foi anunciado em setembro Foto: Carlos Garcia Rawlins/Reuters

Um iPod, um telefone e um dispositivo de conexão com a internet. Foi assim que Steve Jobs, cofundador da Apple, apresentou ao mundo o primeiro iPhone, em 9 de janeiro de 2007. No aniversário de 15 anos, o aparelho que moldou o conceito de smartphone como o conhecemos passa por queda de vendas. Entretanto, o produto tende a ser cada vez menos essencial para os negócios da empresa mais valiosa do mundo.

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A consultoria americana Wedbush Securities estima que a Apple tenha vendido 40 milhões de iPhones no fim do ano passado. Apesar de a empresa ter recentemente atingido US$ 3 trilhões em valor de mercado, ela não deve parar de crescer e pode atingir valor de US$ 4 trilhões em 2023. No entanto, o aumento mais expressivo virá do setor de serviços da companhia, estima a consultoria. Nos últimos anos, a Apple lançou diversos aplicativos pagos, como o Apple TV+, o Apple Music e o Apple Fitness+, que não precisam necessariamente do iPhone mais novo para funcionar.

A história recente da Apple se confunde com a história do iPhone, mas Steve Jobs chegou a ver apenas os primeiros cinco anos de mercado do produto. O desafio de tocar a Apple e o legado de Jobs ficou para Tim Cook desde 2011, quando o cofundador morreu de câncer no pâncreas. A diversificação dos negócios para além do iPhone, do iPad e do Mac é uma das marcas da gestão de Cook. 

15 anos depois do lançamento do iPhone, o mercado de smartphones atingiu o estágio da maturidade e teve sua primeira queda em 2019. A redução de vendas do iPhone veio antes, ainda em 2016 e teve uma retomada em 2020 com, pela primeira vez, modelos compatíveis com a rede de internet 5G.

Nos últimos dois anos, o cenário desfavorável da pandemia fez o mercado de celulares cair ou andar de lado — algo que deve continuar em 2022. No Brasil, mesmo com a saída da LG do mercado de smartphones, a Apple não consegue sequer um lugar no pódio, que é composto por Samsung, Motorola e Xiaomi. Um dos motivos apontados é o alto custo do iPhone, uma vez que a Apple aposta apenas no segmento topo de linha, enquanto as rivais vendem produtos para diferentes camadas de preços. Enquanto o iPhone 7 foi lançado no País por R$ 3.500, o iPhone 13 chegou por R$ 7.600, um salto de 117%.

Mesmo com o desenvolvimento de novos produtos, como celulares dobráveis e tecnologias de vestir, o smartphone se mantém como o dispositivo mais adaptado para vida de todos. “Por muitas vezes se falou que relógio tomaria esse espaço, depois o Google Glass, mas nada disso aconteceu. No curto prazo não existe um dispositivo que seja mais conveniente e concentrador de muitas atividades do que o smartphone”, afirma Arthur Igreja, especialista em tecnologia e professor da FGV. 

Apps

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Ainda que os celulares sejam importantes, uma das maiores fortalezas da Apple é a loja de aplicativos. Apesar de enfrentar investigações antitruste e acusações de monopólio pela Epic Games, empresa por trás do sucesso dos jogos Fortnite, a Apple consegue manter o negócio de software com sucesso até agora. Segundo a consultoria SensorTower, a receita da App Store foi de US$ 85,1 bilhões em 2021, alta de 17,7% ante 2020. O valor é maior do que a da loja rival Google Play, que faturou US$ 47,9 bilhões no ano passado.

“O smartphone tradicional ainda tem dependência de aplicativos. Por isso, as empresas chinesas tentam criar uma terceira loja global de aplicativos. Se todos os aparelhos são parecidos, basicamente, com tela, bateria e câmera, o diferencial está no conteúdo e, por isso, as lojas de aplicativos são muito importantes para o lucro das empresas”, afirma Reinaldo Sakis, gerente de pesquisa da consultoria americana IDC.

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