Motorola One, o smartphone que quase tem Android 'puro'

Fruto de parceria entre a fabricante e o Google, aparelho tenta trazer como diferencial experiência mais simples e segura, mas frustra no que diz respeito ao desempenho

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Por Por Henrique Martin
Atualização:
Novo celular da Motorola, Moto One,prometr uma experiência mais simples e segura, com mais atualizações do fabricante Foto: Motorola

A Motorola, em parceria com o Google, lançou no Brasil o smartphone Motorola One, que roda uma versão especial do Android chamada Android One. O diferencial do aparelho é prometer uma experiência mais simples e segura, com mais atualizações garantidas pela fabricante, mas isso tem seu preço.

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O conceito do Android One envolve um trabalho mais intenso de colaboração entre fabricante e o Google: o Motorola One vem com Android 8.1 “Oreo" com atualização prometida em breve para a versão 9 “Pie" – o que o tornaria um dos primeiros aparelhos com esse sistema no Brasil. Além disso, a parceria promete também atualização para o Android seguinte (ainda sem nome e provavelmente lançado em 2019), além de três anos de atualizações mensais de segurança e facilidades do Google integradas – aplicativos nativos, sistema de inteligência artificial, por exemplo. Durante nossos testes, que duraram duas semanas, não ocorreu nenhuma atualização de sistema ou de segurança, no entanto.

Design. O design do Motorola One é seu maior inimigo por seguir a tendência do “notch" (a entrada no topo da tela que contém sensores e a câmera frontal) iniciada em 2017 pelo iPhone X, da Apple. É um smartphone bonito, fino e leve, mas que é - em outubro de 2018 - quase igual à maioria de seus concorrentes - como LG G7 ThinQ, Asus Zenfone 5 e a vindoura nova geração de iPhone a ser lançada em breve no Brasil, para ficar apenas em dois exemplos. Diferente de aparelhos como o Zenfone 5, o Motorola One não permite esconder o “notch" via software.

A parte traseira do Motorola One tem acabamento em vidro, com as duas câmeras e o leitor de impressões digitais. Para ajudar a evitar marcas de dedos, a Motorola incluiu uma capinha de plástico na caixa do telefone, junto ao fone de ouvido e o carregador rápido.

Com revestimento em vidro, a traseira do Motorola One conta com duas câmeras e leitor de digitais Foto: Motorola

Especificações. As especificações técnicas do Motorola One incluem um processador Qualcomm Snapdragon 625 (de oito núcleos), 4 GB de memória, 64 GB de armazenamento interno expansível com cartões padrão microSD (de até 256 GB de capacidade). Sua tela de 5,9 polegadas tem resolução HD+ (720 x 1520) e o aparelho comporta dois chips de operadora.

Software. A experiência de uso do Motorola One, graças ao Android One, é simples e básica – ponto positivo para o aparelho. São poucos apps instalados além dos aplicativos padrão do Google (agenda, Gmail, Drive, Maps, entre outros), um da Motorola e apenas um externo, o Dolby Audio para ajustar a qualidade de som. O smartphone conta ainda com Rádio FM e apenas um app customizado para otimizar a experiência do aparelho, o Google Files Go.

O “extra” adicionado pela Motorola são duas configurações que tornam o uso do One mais fácil: as Moto Ações, que utilizam gestos para controlar o smartphone (como agitar para ligar a lanterna ou girar o aparelho para ativar a câmera), e a Moto Tela, que controla as notificações com a tela desligada. Não é exatamente um Android “puro" como ocorria na época distante que o Google ainda era dono da Motorola, mas é uma experiência bem simplificada e sem frescuras.

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Os recursos de inteligência artificial do Google já são velhos conhecidos, como o Google Assistente com reconhecimento de voz e o Google Lens, integrado à câmera e que ajuda a identificar plantas e animais, copiar texto de uma imagem, pesquisar produtos semelhantes e ler códigos de barras, entre outros. São diferenciais, mas é algo que pode ser instalado em qualquer aparelho Android moderno.

Câmera e desempenho. O Motorola One, também seguindo a tendência de duas ou mais câmeras na traseira, traz uma câmera dupla. Uma com resolução de 12 megapixels com abertura f/2.0 e outra com 2 megapixels (f/2.4). A ideia aqui é usar a câmera secundária para melhorar a experiência da principal, tirando fotos com o fundo desfocado no modo retrato ou com uma cor em destaque. No geral, a câmera tira boas fotos, principalmente com boa iluminação no modo HDR automático. No modo noturno, o desempenho é OK, sem grandes destaques.

Ao utilizar a câmera, porém, se percebe o gargalo no desempenho do Motorola One. Para uso cotidiano (e-mails, redes sociais, por exemplo), não encontramos travamentos. Mas o ato de tirar uma foto - principalmente em modo retrato - e tentar vê-la posteriormente levou a duas consequências: ou o app trava e é preciso sair da câmera ou ele perde um tempo processando a imagem e depois também trava, algo que nos leva de volta no tempo a alguns anos atrás, na infância dos smartphones Android.

Isso acontece porque a Motorola optou por utilizar um processador mais antigo da Qualcomm (625, que foi lançado em 2016). Outros aparelhos da própria Motorola, como o Moto G6 Plus - que é um pouco mais caro - já vem com processador Qualcomm Snapdragon 630. Outro ponto negativo do Motorola One é a resolução da tela, menor que outros modelos da casa também (como o Moto G6, que tem resolução Full HD+, 2160 x 1080 pontos).

Motorola One tem preço sugerido de venda de R$ 1,5 mil no Brasil Foto: Motorola

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A bateria do Motorola One, com capacidade de 3.000 mAH, durou o dia inteiro, chegando a 23% após 10h de uso. De qualquer modo, o One vem com um carregador rápido na caixa, o que ajuda a recarregar a bateria de forma mais veloz.

Conclusão. O Motorola One é um smartphone intermediário voltado ao consumidor que se importa com atualizações garantidas de sistema (o Android 9 "Pie" deve sair em breve e o telefone tem mais um upgrade de sistema garantido) e, principalmente, as atualizações de segurança do Android – algo que nem todo smartphone topo de linha tem, independente da marca. Isso é único no mercado brasileiro e rende elogios às marcas pela iniciativa.

Por outro lado, seu hardware não é dos mais atuais e o desempenho não é dos melhores – especialmente se comparado a outros aparelhos na mesma faixa de preço. Aqui no Brasil, o Motorola One tem preço sugerido de R$ 1,5 mil – no varejo, já é possível encontrá-lo por cerca de R$ 100 a menos, no mínimo. Vale notar ainda que uma versão com mais capacidade de bateria, chamada Motorola One Power com capacidade de 5.000 mAH, só foi lançado no mercado indiano. Não há previsão de chegada do One Power ao Brasil.

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