MWC 2016: Chinesas desafiam Apple e Samsung

Fabricantes como Xiaomi, Lenovo e ZTE apostam alto em smartphones avançados e se destacam em Barcelona

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Por Redação Link
Atualização:

EFE

 

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Bruno CapelasClaudia Tozetto

A fabricante chinesa Xiaomi – que tem o brasileiro Hugo Barra como seu vice-presidente global – anunciou ontem o Mi5, versão mais recente de seu smartphone mais avançado. Poderia ser só mais um produto no mar de aparelhos revelados ao mercado durante o Mobile World Congress, principal congresso de mobilidade do mundo, realizado esta semana em Barcelona, na Espanha. Mas não é. Ele marca a primeira vez que uma fabricante chinesa revela um smartphone em solo europeu. Enquanto Barra mostrava o Mi5 no MWC, o presidente executivo da Xiaomi, Lei Jun, fazia o mesmo em Pequim, na China.

Leia também:Samsung lança Galaxy S7 resistente à água e com melhor câmeraCom poucas inovações, Apple vive encruzilhada 

Ainda que a Xiaomi esteja bem atrás das principais fabricantes de smartphones do mundo, o movimento é simbólico. Ele mostra que as fabricantes chinesas estão apostando alto para conquistar um público diferente daquele a que estão acostumadas. Se no passado elas conseguiam ganhar o consumidor apenas por causa do preço, agora elas tentam mostrar que são capazes de desenvolver produtos competitivos em relação ao iPhone e ao Galaxy S, os preferidos dos consumidores em todo o mundo.

“O que mais me impressionou no MWC foram os lançamentos das chinesas”, diz o analista de mercado da consultoria GfK, Oliver Roemerscheidt. “Isso já nos faz suspeitar que, no futuro, os celulares que usaremos serão fabricados por empresas como ZTE, Asus, Alcatel, entre outras.”

As fabricantes chinesas ainda têm um longo caminho pela frente, mas têm alcançado bons resultados no mercado global de smartphones. Segundo dados da consultoria IDC, referentes a 2015, três das cinco maiores empresas de celulares inteligentes em todo mundo são chinesas. Além disso, elas são as que registram as maiores taxas de crescimento nas vendas de aparelhos em relação a 2014.

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A chinesa mais bem colocada no mercado é a Huawei que, embora pouco famosa por seus smartphones no País, é velha conhecida das operadoras, para as quais fornece equipamentos para redes. No ano passado, ela vendeu 106,6 milhões de smartphones em todo o mundo ou 7,4% do total, o que a colocou na terceira posição no ranking. O número que mais impressiona, porém, é o de crescimento. A chinesa aumentou suas vendas em 44,3% no ano passado, apesar da desaceleração nas vendas do segmento.

“A Huawei se tornou a quarta fabricante a vender mais de 100 milhões de celulares em um único trimestre”, diz a IDC, em nota. O mesmo resultado só foi alcançado por Nokia, Samsung e Apple. Durante o MWC, a companhia não fez grandes revelações, mas promoveu seu mais recente lançamento, o Mate 8. O aparelho impressiona pelo design em alumínio, espessura de apenas 7,3 milímetros e tela gigante de 6 polegadas.

Outra chinesa, mais conhecida do mundo dos PCs, a Lenovo também tem se destacado no mercado, graças à compra da Motorola por US$ 2,91 bilhões em 2014. Recentemente, a empresa tem acelerado a união das duas empresas, que mantém parte da equipe de desenvolvimento de produtos na China e parte nos Estados Unidos, sob a liderança de Rick Osterloh. Em 2015, a chinesa vendeu 74 milhões de smartphones, alta de 24,5% em relação a 2014. Durante o evento, a empresa anunciou o Vibe K5 Plus, um aparelho com tela de 5 polegadas com resolução Full HD, câmera de 13 megapixels e processador desenvolvido pela Qualcomm. Ainda não há previsão de lançamento do produto no País. Apesar da ousadia, a Xiaomi mantém a quinta posição no mercado global, com vendas que superaram os 70,8 milhões de aparelhos em 2015, alta de 22,8% em relação ao ano anterior.

Os números das chinesas não assustam a Apple e a Samsung. Juntas, elas detêm quase 40% do total de smartphones vendidos em 2015. Contudo, a pressão das chinesas deve aumentar nos próximos meses e essas empresas precisarão encontrar novas formas de continuar a inovar para não perder mercado. “Com o aumento da pressão da Apple e das fabricantes chinesas, a Samsung enfrenta uma batalha em vários frontes”, diz a IDC, em nota.

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