Com a chegada de smartphones, tablets e TVs conectadas, é quase uma regra ter mais de um dispositivo em casa transmitindo e recebendo dados da internet por meio da rede Wi-Fi. A conexão Wi-Fi, contudo, nem sempre consegue acompanhar a demanda por mais acesso à internet. Como resultado, rede instável, lenta demais ou pouco abrangente estão entre as reclamações mais comuns dos usuários. A má notícia é que, no futuro, a qualidade da conexão pode ficar ainda pior.
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Segundo especialistas consultados pelo Estado, três fatores estão entre os vilões que devem prejudicar a qualidade das conexões de internet sem fio usadas em ambiente doméstico no futuro. Confira, na lista abaixo, mais detalhes sobre os potenciais problemas:
1. Mais aparelhos conectados
“Há cinco anos, os roteadores disponíveis atendiam muito bem as necessidades, que era conectar alguns computadores em casa”, diz o gerente de produto da D-Link, Rodrigo Paiva. De lá para cá, mesmo com mais dispositivos conectados, o desafio ainda não é tão grande, porque já existem modelos de roteador no mercado capazes de dar suporte para vários equipamentos sem fio.
Se hoje o computador só divide o Wi-Fi com celulares, TVs e videogames, em alguns anos, novos produtos serão adicionados ao conjunto. Por volta do ano de 2022, a casa de uma família com dois filhos adolescentes deve ter 50 dispositivos conectados, segundo estimativa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgada em 2013. Esta tendência é conhecida como “internet das coisas”, uma revolução tecnológica que vai conectar à rede diversos objetos do cotidiano, como geladeiras, camas, lâmpadas e até escovas de dente à rede mundial de computadores.
2. Muitas redes para poucas faixas
Quem mora em um edifício com muitos apartamentos percebe melhor do que ninguém como o espectro de frequência reservado para o Wi-Fi está ocupado. Quando um aparelho capta a rede de vários vizinhos é um sinal de que muito provavelmente as conexões sofram interferências. Isso porque a maioria das conexões Wi-Fi disputa espaço na faixa de 2,4 GHz. “A frequência de 2,4 GHz é a mais usada desde 2004, quando começaram a aparecer os primeiros roteadores de consumo no mercado”, diz Paiva.
Para contornar este problema, existem no mercado roteadores que trabalham simultaneamente com frequências de 2,4 GHz e 5 GHz. Esta última faixa tem mais espaços livres e ainda oferece maior velocidade de conexão.
Segundo o analista de marketing de produtos da Intelbras, Carlos Eduardo Pereira, outro entrave é o padrão de construção no Brasil de casas de concreto. Como a transmissão em 5 GHz se dá por uma frequência mais alta, ela tem mais dificuldade de atravessar obstáculos mais espessos, o que leva a perda na amplitude de sinal. Isso deve levar os usuários insatisfeitos a comprar equipamentos mais potente, o que deve gerar ainda mais interferências na conexão de internet.
3. Mais vídeos assistidos na web
No futuro, a experiência do usuário vai depender cada vez mais do tipo de conteúdo que ele consome na internet. Com o aumento da demanda por TVs conectadas e serviços de streaming de vídeo, as redes sem fio precisarão de mais capacidade para transmitir tantos dados pela internet.
Algumas empresas já começaram a oferecer filmes em resolução Ultra HD ou 4K por meio de streaming, o que deve se manter como tendência para o futuro. Porém, ainda que a conexão de internet seja rápida, a qualidade dos vídeos vai depender da capacidade do roteador instalado na residência.
Se cada membro da família decide assistir sua série de TV preferida em alta resolução e na mesma hora, conectado a dispositivos móveis diferentes, o Wi-Fi tende a ficar mais lento e instável.
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