Por que faz sentido o iPhone ter perdido a entrada de fones de ouvido?

Com a remoção da entrada padrão de 3,5 mm, aparelho teve melhoria na capacidade de bateria e ganhou sistema que faz botão home vibrar

PUBLICIDADE

Por Thiago Sawada
Atualização:
Feito pela Apple, o novo iPhone 7 (e seu irmão maior, o iPhone 7 Plus) tem como principal novidade o fim da entrada de fone de ouvido, além de ser à prova d'água.OiPhone 7 tem tela de 4,7 polegadas, enquanto o 7S fica com 5,5 polegadas. Ambos os aparelhos têmcâmera traseira com resolução de 12 megapixels. Os dois aparelhos terão três versões de armazenamento: 32 GB, 128 GB e 256 GB.Para o iPhone 7, o preço base é de US$ 649; para o iPhone 7 Plus, o consumidor pagará no mínimo US$ 769 – o aparelho ainda não tem preços no Brasil. Foto: Reuters

Na última sexta-feira, 16, a Apple começou a vender o iPhone 7 que trouxe poucas inovações. A mudança mais radical foi a ausência da entrada de 3,5 mm para fones de ouvido, que ficava na base do smartphone. A partir do novo modelo, será preciso usar um fone de ouvido sem fio ou um adaptador para conectar um fone de ouvido comum à entrada Lightning – a mesma que permite carregar a bateria. A pergunta que ficou após o lançamento é: faz sentido a Apple desagradar tantos usuários ao remover a entrada de fone de ouvido?

PUBLICIDADE

Do ponto de vista de construção do dispositivo, a resposta é sim. "O conector tem um diâmetro grande e ocupa muito espaço", diz o pesquisador do Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Escola Politécnica da USP, Renato Franzin. "O Lightning já tem um formato achatado que permite que o dispositivo seja mais fino." A retirada do conector, entretanto, não se traduziu na redução da espessura dos aparelhos: o iPhone 6S e o 7 têm 7,1 milímetros de espessura, enquanto seus modelos com tela maior de 5,5 polegadas mantiveram a espessura de 7,3 milímetros.

De acordo com o site iFixit, que desmontou os novos iPhones logo após o lançamento, o espaço ocupado pelo conector de fones de ouvido foi reaproveitado pela Apple. Em seu lugar, a fabricante incluiu um componente chamado Taptic Engine. Ele faz o botão Home vibrar para simular a pressão do dedo. Além disso, as vibrações também servem para dar ao usuário avisos específicos como quando ele atinge o fim de uma rolagem de página. O espaço também foi ocupado por um pequeno sensor que faz o aparelho funcionar como um barômetro, aparelho capaz de medir a altitude e pressão atmosférica. 

A economia de espaço pode também ter permitido o aumento da capacidade de bateria. No iPhone 7, a bateria de 1.960 mAh é 14% maior em comparação com o aparelho anterior, enquanto a do iPhone 7 Plus, com 2.900 mAh, está 5% maior. Ainda que a diferença não seja muito grande, de acordo com a Apple, o aumento deve garantir duas horas a mais de funcionamento para o iPhone 7 e mais uma hora de funcionamento no iPhone 7 Plus. 

Outro benefício da retirada do conector P2, de acordo com Franzin, tem a ver com a resistência à água e poeira, recurso que estreou nas novas versões dos dispositivos. "Agora o smartphone tem um ponto a menos pelo qual a água poderia entrar", diz o especialista. Para impedir que a água entre no dispositivo, a fabricante precisa selar todas as entradas e a retirada de uma delas torna o processo mais simples. Os dois modelos do iPhone 7 pode ficar submerso a uma profundidade de até 50 metros por cerca de 30 minutos.

Futuro sem fio. Segundo a professora do departamento de computação da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), Yeda Regina Venturini, a Apple quer incentivar as pessoas a usarem cada vez mais fones de ouvido sem fio. O ponto principal da estratégia da empresa são os Airpods, fones de ouvido que se conectam automaticamente ao aparelho por meio da conexão Bluetooth. "Boa parte dos usuários da Apple já usa fones de ouvido sem fio, de modo que o conector poderia cair em desuso", afirma. 

Segundo a consultoria NPD, a receita com a venda de fones sem fio superou pela primeira vez a de fones com fio em junho deste ano. Fones com conexão Bluetooth foram responsáveis por 54% dos faturamento das fabricantes com a venda de fones de ouvido nos Estados Unidos. Em unidades, eles ainda representam apenas 17% das vendas.

Publicidade

Uma das características do Bluetooth é o seu baixo consumo de energia, um dos fatores que impedem os fones de "drenar" rapidamente a carga dos aparelhos. "Como as tecnologias padrão de áudio são mais antigas, elas não foram projetadas com a preocupação de consumo de energia", explica Yeda. O padrão para entrada de fones de ouvido existe há mais de 100 anos e começou a ser utilizado em centrais telefônicas. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.