Sennheiser HD560s é um fone construído para quem ama música

Acessório da marca alemã tem excelente desenho sonoro e aparece como opção "acessível" para fones de alta fidelidade

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Por Bruno Romani
Atualização:
Sennheiser HD560s tem ótimo desenho sonoro Foto: Bruno Romani/Estadão

De forma bem simplória, é possível dividir aqueles que dizem gostar de música em dois grupos. O primeiro agrupa as pessoas que, independentemente de estilo, curtem o resultado da combinação de notas, timbres e sonoridades. O segundo grupo curte, ainda que inconscientemente, elementos associados à produção sonora, mas não a música de fato - pode ser festa, bebida, rolê com os parças, estilo visual, adoração a celebridades, colecionismo etc. Nos últimos tempos, a evolução dos fones de ouvido parece ter caminhado da mesma forma. 

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De um lado, estão acessórios “sem graça”, completamente focados em entregar apenas o melhor ajuste musical possível. De outro, estão os fones que ganharam investimento no design, no conforto e em recursos, como o cancelamento de ruído e autonomia de bateria. O primeiro grupo de fones ficou nichado, relegado a ratos de estúdio e fanáticos por áudio em alta definição. O segundo grupo é aquilo que a maioria das pessoas compra das grandes marcas. O Sennheiser HD560s, que acaba de ser lançado no Brasil, chega para tentar fazer a ponte entre esses dois grupos, e levar áudio de alta qualidade para ouvidos “comuns”. 

Ele é um fone de referência, ou seja, mantém a equalização neutra para que a reprodução das músicas seja a mais próxima possível daquilo que imaginou o artista em estúdio. O preço, porém, não o torna em uma ferramenta acessível apenas para produtores profissionais. Por R$ 1,6 mil, ele não é exatamente barato, mas custa menos que qualquer modelo da Beats, marca altamente desejada nestas terras. Além disso, ele não fica muito distante dos modelos mais caros da JBL. 

Em termos de design, a marca não perde tempo com firulas. Ele é feito de plástico preto e rígido, que, embora passe a sensação de resistência, não evita riscos. A escolha pelo material, por outro lado, garante leveza: são só 240 gramas. As regiões que ficam em contato com a cabeça, incluindo a haste que passa sobre a cabeça, são revestidas com um veludo acolchoado. Tudo isso garante bastante conforto: é possível passar horas em sequência ouvindo música sem perceber a presença do acessório junto ao corpo. 

Ele traz uma outra característica que parece estar caindo em desuso: ele é um fone com fio. Mas aqui a conversa é: você quer ouvir música com fidelidade ou não? Há coisas que o Bluetooth jamais vai fazer por você. O cabo tem três metros de comprimento, o que permite um bom grau de mobilidade, principalmente para quem trabalha em estúdio. A ponta é do tipo P10, mas o fabricante incluiu na caixa um adaptador P2 (aliás, é o único item que acompanha o produto na caixa). A ideia é boa, pois abre a possibilidade para trabalho em notebooks. 

Ainda sobre design: o HD560s é um fone do tipo “open back”. Em outras palavras, ele permite a entrada de ar na cavidade para que não ocorra a formação de pressão na região, o que altera a percepção sonora. Infelizmente, isso é algo que ocorre na maioria dos fones comprados por “pessoas comuns”. A escolha pelo modelo open back também resulta em uma grande cavidade que abriga integralmente até as orelhas mais exageradas. Não é algo comum: a maioria dos fones tem estrutura que encosta na estrutura da orelha. Além de trabalhar pela melhor reprodução sonora, o design oferece conforto.

Por outro lado, fones open back não bloqueiam ruído externo - a essa altura, é desnecessário dizer que ele não tem sistema de cancelamento de ruído, pois isso também afeta a reprodução sonora . Se a sua ideia é trabalhar durante um voo ou em local barulhento, o HD560s não é a sua praia. Além disso, fones open back costumam vazar bastante som, o que pode incomodar as pessoas ao redor de você. 

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Desenho sonoro

O sinal sonoro que chega até o fone é mais baixo do que se espera - algumas pessoas podem sentir a necessidade de ter um amplificador de sinal na rota do HD560s. A característica não é necessariamente ruim, principalmente do ponto de vista de quem trabalha com música. O sinal aparentemente mais baixo permite ficar exposto por mais tempo aos sons. E vamos combinar: o botão de volume pode ser usado a qualquer momento. 

Até aqui, é possível perceber como a Sennheiser trabalhou para entregar a melhor ferramenta sonora possível, então chegou a hora da onça beber água. Vamos falar da equalização. Voltando ao começo do texto, o HD560s é um fone de referência: a ideia é que ele não cause nenhum impacto nas frequências, permitindo a reprodução apenas do que o artista imagina no estúdio - em um segundo momento, isso abre a possibilidade para uma audição analítica (é o que a rapaziada dos estúdios faz). 

É uma proposta bastante diferente de fones “comuns” - os da Beats, por exemplo, se notabilizaram por carregar nos graves. Para algumas pessoas, pode ser bacana. Mas trata-se de uma intervenção via hardware na obra. 

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No desenho sonoro, o HD560s entrega graves com boa extensão e médios muito bem definidos. Nos testes, passamos pelo pop oitentista do New Order, o rock do R.E.M., as batidas pesadas do BaianaSystem, o triphop do Portishead, os sons acústicos do Beck e muitos outros. O resultado é sempre muito satisfatório. Alguns ratos de estúdio podem detectar alguma agressividade nos médios altos e no início das frequências mais altas, mas isso é um papo que deve ter impacto numa parcela muito pequena das pessoas. 

O elemento que mais agradou, porém, foi o “soundstage”, a capacidade do fone de distribuir os sons e instrumentos. É isso que permite ter a sensação espacial em relação a uma canção, com elementos “na frente”, “atrás” e em cada um dos lados. É aqui que a mixagem deixa de ser um processo técnico desconhecido da maioria para alcançar o status de arte. As sutilezas ficam ali desnudas aos ouvidos. Emociona.

Vamos falar a verdade: comprar eletrônicos  de qualidade no Brasil virou um luxo para poucos, infelizmente. Se você está planejando investir num fone caro, e o seu interesse pela música está acima de qualquer outra coisa, considere experimentar um fone de referência. O Sennheiser HD560s é uma bela porta de entrada para esse mundo - claro, se a sua necessidade é mobilidade extrema, esqueça. Agora, se o seu perfil é o de um trabalhador da música, não tem erro: o Sennheiser HD560s tem um ótimo custo benefício.

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