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Só a bateria salva o iPhone SE 2022, o novo aparelho de ‘baixo custo’ da Apple

Com preço alto e mudança pouco perceptíveis em relação ao antecessor, celular é pouco atrativo para consumidor brasileiro

Foto do author Bruno Romani
Por Bruno Romani
Atualização:
iPhone SE 2022: novo celular da Apple é caro, repete fórmula antiga e traz novidades tímidas Foto: Bruno Romani/Estadão

Demorou apenas dois anos para a Apple atualizar o iPhone SE, o celular de “baixo custo” da empresa. Lançado no início de março deste ano, o aparelho traz novidades tão tímidas que sua característica de maior destaque não é tecnológica. No Brasil, ele chegou com inflação de até 40,7%, o que sepulta qualquer chance de falar de preço. Para quem não precisa de substituição urgente, é hora de esperar ou de procurar opções em outras vizinhanças.

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A principal novidade do aparelho é a inclusão do chip A15 Bionic, também presente na família do iPhone 13, a mais recente e potente da empresa. Segundo a Apple, o processador é 10% mais poderoso que o seu antecessor, o A14 (do iPhone 12). De fato, a performance é muito boa. Os jogos rodam suavemente e a navegação não engasga - você pode abrir um monte de apps, porque não existe enrosco.

No dia a dia, porém, as melhorias não são perceptíveis em relação ao iPhone SE 2020, que trazia o chip A13 (do iPhone 11). Para quem não é rato de laboratório, é muito difícil perceber as diferenças entre os dois aparelhos. Por um lado, a Apple deve ser elogiada pelo desempenho dos seus processadores nos últimos anos - mas isso não significa que o usuário deva abraçar um esquema de substituição bianual, como quer a empresa.

Uma das grandes vantagens de ter o chip mais recente é a garantia de vida mais longa no aparelho, principalmente no quesito atualizações de sistema. Isso, porém, é um padrão que a Apple mantém há muitas gerações de iPhone, mesmo quando o modelo já está bem velhinho. 

Do lado de fora, o iPhone SE mantém o mesmo visual do iPhone 8, aparelho lançado em 2017 - é aquele mesmo design que, para os “iPhoneiros”, virou sinônimo de smartphone. Isso significa que a tela tem 4,7 polegadas, a menor no catálogo da Apple atualmente. Sim, há um nicho para telas pequenas - para quem leva o celular no bolso, e não na bolsa, é ótimo. Mas, para outras pessoas, esse é apenas um visual tão cansado quanto uma apresentação da banda Kiss.

Claro, ele também mantém o leitor de digitais, ferramenta excelente durante o período de pandemia, pois a Apple atrasou muito a atualização do iOS que faz reconhecimento facial mesmo com máscara no rosto. No entanto, como utilizar máscaras parece ficar cada vez mais no passado, o Touch ID perdeu atratividade.

Para completar, a Apple manteve o painel de LCD (1.334 x 750 pixels), numa tentativa óbvia de conter custos. Quando comparado ao iPhone SE 2020, a tela parece ter ganhado em cores, mas é, mais uma vez, o tipo de evolução que só pode ser notada com os dois aparelhos lado a lado. É um tanto decepcionante a aposta na tecnologia, considerando que todos os outros aparelhos da Apple ostentam painéis de Oled - e que não estamos falando de um celular barato. 

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Câmera do iPhone SE 2022 permanece a mesma em relação ao smartphone da mesma família, de 2020 Foto: Bruno Romani / Estadão

Câmera 

Em relação às câmeras, a Apple admite que o hardware da câmera do novo SE é o mesmo de dois anos atrás. Ou seja, estamos falando de um conjunto de lente única de 12 MP na traseira e de 7 MP na frente. A empresa, porém, defende que o novo chip e outras melhorias no software, como Deep Fusion e o HDR Inteligente 4, garantem fotos melhores do que o seu antecessor.

Assim como iPhone 13, o novo aparelho também tem os “estilos fotográficos”, uma espécie de filtro numa camada mais profunda do processamento da imagem, com impacto direto no equilíbrio das cores. É possível escolher cinco estilos: padrão, contraste rico, vibrante, quente e frio.

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Novamente, os resultados entre o novo SE e o seu antecessor são pouco perceptíveis. Isso significa que o novo iPhone SE consegue tirar excelentes fotos em ambientes iluminados - nessas condições, ele não faz feio diante de seus irmãos mais poderosos. O nível de ruído nas imagens também foi reduzido, mas isso é algo notado apenas com os dois celulares lado a lado.

Na estratégia de mexer o mínimo possível no novo SE, a Apple cometeu o grande pecado de não incluir o modo noturno, recurso que permite fotos em ambientes em baixa luminosidade e um dos recursos mais bacanas presentes nos outros modelos de iPhone. É uma pena, pois a companhia tem o melhor modo noturno do mercado. Além disso, é uma ausência sem explicação razoável: modelos intermediários de Samsung, Motorola e Xiaomi têm a ferramenta há anos. Em resumo: as fotos noturnas do novo iPhone SE são descartáveis. 

Bateria (e mais um detalhe) 

Aqui, o novo SE surpreendeu. Nos testes da reportagem, ele entregou mais de 24 horas de carga, o que significa que é possível passar o dia inteiro fora do carregador. O bichão encarou um desafio nada simples no período: Bluetooth ligado o tempo todo, rede móvel ativada na maior parte do tempo, geolocalização “torando”, streaming de áudio e vídeo e uma pitada de games. Em nenhum momento o modo econômico foi ativado em nossos testes.

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Na versão 2020, o SE entregou apenas 19 horas de autonomia em teste muito mais generoso. Demorou, mas foi possível notar evolução, fruto principalmente de melhorias no software, visto que é baixa a probabilidade que a Apple tenha conseguido incluir uma bateria fisicamente maior, visto que a carcaça do aparelho é praticamente a mesma.

Por fim, o iPhone SE 2022 oferece suporte às redes 5G. Papo reto: dado o estágio atual das redes comerciais no Brasil, que ainda são incipientes, isso tem a mesma utilidade que tentar usar um veleiro para cruzar o Saara - além de tornar o aparelho mais caro.

Namoro ou amizade?

Por preços entre R$ 4,2 mil e R$ 5,7 mil, o iPhone SE 2022 não emociona. Com apenas a bateria apresentando evolução perceptível em relação ao antecessor, é muito difícil recomendá-lo. Para quem quer ganhar no preço e ter perdas mínimas, o iPhone SE 2020 pode ser encontrado no varejo por cerca de R$ 2,6 mil (vale, porém, ficar de olho nos descontos do varejo para o SE 2022). 

Para aqueles que desejam um salto tecnológico por um preço menos salgado, o iPhone 12 mini de 128 GB, lançado em setembro de 2020, é vendido por R$ 4,5 mil no varejo. Ele tem, por exemplo, painel de Oled, 5,7 polegadas de tela e conjunto de câmeras muito melhor. Outra opção pode ser o Galaxy S21 Ultra (topo de linha de 2021 da Samsung), que sai por 5,4 mil no varejo - e com vários recursos interessantes. 

Ainda vai demorar um tempo para entender os motivos pelos quais a Apple colocou no mercado um celular com tantos pontos que jogam contra.

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