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WWDC 2019: Apple cria sistema próprio para iPad e lança novo Mac Pro

Em evento para desenvolvedores, empresa reforçou estratégia de linha de dispositivos; apesar de ganhar sistema próprio, tablets, celulares e computadores terão ‘apps unificados’

Por Bruno Capelas e de São Paulo
Atualização:
A Apple anunciou oiPad OS nesta segunda Foto: Jeff Chiu/AP Photo

Nos últimos anos, um fantasma tem rondado a sede da Apple, em Cupertino: a dependência do iPhone, que responde por pelo menos 60% das receitas da empresa há muitos trimestres. E Tim Cook, atual presidente executivo da companhia, sabe disso: não à toa, a conferência de desenvolvedores da Apple, a WWDC, realizada nesta segunda-feira, 3, passou longe de focar no celular. Pelo contrário: no evento, o que se viu foi uma Apple buscando dar independência e novo fôlego a muitos de seus produtos – em especial, o iPad e a linha de computadores Mac, mas também para o Apple Watch e a Apple TV. 

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Lançada originalmente em 2010, a linha de tablets da Apple há anos estava estacionada em um lugar incômodo: era grande demais para ser casual como o iPhone, mas poderosa de menos para se tornar um substituto a notebooks. Além disso, ao usar no dispositivo o sistema operacional iOS – o mesmo do iPhone –, a Apple fazia com que desenvolvedores tivessem recursos limitados para criar aplicativos que poderiam turbinar o tablet. Não mais: agora, o iPad terá um sistema operacional próprio, o iPad OS. Sua primeira versão estará prevista para o fim do ano e será baseada, claro, no iOS (que também ganhou atualizações nesta WWDC, leia mais aqui). 

Entre outras novidades, os tablets ganharão mais versatilidade em sua tela – os usuários poderão, por exemplo, editar dois documentos ao mesmo tempo, até mesmo usando o mesmo aplicativo (como o Notas, por exemplo). O dispositivo também terá mais funcionalidades em sua tela inicial – além de ícones dos aplicativos, poderá ter notificações, relógio e temperatura. 

Outra ferramenta interessante será a compatibilidade com cartões de memória SD, câmeras fotográficas e pen-drives; a Apple, porém, não deixou claro, quais serão as entradas necessárias para que os dispositivos se conversem.“Agora acabou a desculpa de muita gente para não usar o iPad como um computador”, comentou em sua conta no Twitter Eduardo Pellanda, professor de Comunicação Digital da PUC-RS. Além disso, o iPad também ganhará mais fontes de texto e um novo kit de experiências com o Apple Pencil – a expectativa da Apple é que o sistema, assim, passe a ser usado por mais criadores de conteúdo de forma portátil. 

Na WWDC 2019, aApple apresentou o novo Mac Pro Foto: Mason Trinca/Reuters

Mac Pro: seis anos depois, mais potente

Outro ponto frágil da Apple nos últimos anos era sua linha de computadores Mac – apesar de oferecer diversas opções para perfis diferentes de usuário, algumas faixas de produtos há tempos não recebiam atualizações. É o caso do Mac Pro, cuja última iteração havia sido lançada apenas em 2013. 

É um computador importante especialmente para o público-alvo da Apple, como produtores de conteúdo de vídeo, áudio e games – e que precisam de sistemas parrudos. Nesta segunda-feira, 3, depois de seis anos, a empresa mostrou um novo Mac Pro. Em vez do visual “cesto de lixo”, cilíndrico, agora o design se parece mais com uma sacola metálica de mercado, com duas alças para facilitar o transporte – quem quiser também pode adicionar rodinhas ao aparelho. 

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Por dentro, o novo Mac Pro é uma verdadeira besta: seu modelo mais simples traz processador Intel de 8 núcleos, 32 GB de memória RAM e 256 GB de armazenamento em disco sólido, custando a partir de US$ 6 mil – isso apenas para o computador. Já o modelo mais simples de seu monitor, chamado de XDR Pro Display, custará US$ 5 mil; o dispositivo tem tela antirreflexo de 32 polegadas e capacidade para executar alta luminosidade (1000 nits) por tempo indefinido. Além disso, o monitor também pode ser girado em 360 graus e flexionado, graças a um curioso sistema de equilíbrio criado pela fabricante de Cupertino. 

A graça, porém, acontece quando o sistema recebe diferentes placas gráficas – em uma possibilidade com dois módulos que incluem duas placas Radeon Pro Vega II cada, o computador pode rodar em até 128 teraflops, cerca de treze vezes mais que o Xbox One X, mais potente videogame disponível no mercado, por exemplo. A Apple, porém, não divulgou o preço para essa configuração – é possível esperar que ela chegue aos seis dígitos, em reais. 

O novo macOS, sistema operacional da Apple para computadores, terá o nome de Catalina Foto: Justin Sullivan/Getty Images

Catalina é o nome do novo Mac OS

Junto com o novo Mac Pro, a Apple também anunciou uma nova versão do Mac OS, seu sistema operacional para computadores. Chamada de Mac OS Catalina, ela chegará ao mercado até o final do ano. Entre as novidades, ferramentas que permitem utilizar o iPad como segunda tela – útil para a produtividade corporativa – e de acessibilidade. A partir da nova versão, será possível usar o Mac e também o iPhone apenas com comandos de voz, em uma demonstração muito interessante da empresa. 

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Outra função pode ajudar na segurança: é o Find My Mac, versão para computadores do Find My iPhone, que auxilia usuários a encontrar seus dispositivos perdidos ou roubados. A funcionalidade poderá ser utilizada inclusive com o dispositivo não conectado à internet, uma vez que ele pode mandar um pequeno sinal Bluetooth para outros dispositivos da empresa, em uma rede criptografada. 

Por fim, mas não menos importante, a Apple anunciou que vai unificar a estrutura de construção dos aplicativos de seus sistemas operacionais – agora, desenvolvedores poderão criar um aplicativo com a mesma base para iPhone, iPad ou Mac, e depois apenas fazer ligeiras diferenciações. Apesar de chamar a atenção para funcionalidades de cada dispositivo, a Apple quer fazer tudo rodar de forma integrada. Faz sentido. 

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