Zenfone 3 Zoom arrasa na câmera e na bateria, mas software deixa a desejar

Smartphone da Asus, vendido no País a partir de R$ 1,9 mil, apresenta interface ZenUI que traz aplicativos que incomodam usuários e prejudica desempenho

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Por Henrique Martin
Atualização:
A câmeraé o grande destaque do Zenfone 3 Zoom. Na verdade, são duas câmeras com resolução de 12 megapixels: uma com lente grande angular e outra com zoom de 2,3 vezes Foto: Asus

O Asus Zenfone 3 Zoom é um smartphone com bateria de capacidade enorme e uma câmera traseira dupla de ótima qualidade. Entretanto, sua experiência geral de uso dá a impressão de que é um telefone ainda em versão beta, principalmente seu software, que precisa ser aprimorado - mesmo já rodando o Android mais recente.

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O desempenho do smartphone é bom, mas não excepcional, o que faz o preço ser alto demais para a tecnologia usada. Contudo, se você precisa de uma boa câmera e usa muito a bateria, porém, o Zenfone 3 Zoom é uma escolha segura. O smartphone está à venda nas lojas brasileiras com preço a partir de R$ 1,9 mil.

Design. O Zenfone 3 Zoom segue o padrão de design adotado pela Asus no Zenfone 3, lançado no ano passado: bordas arredondadas em um aparelho construído com acabamento em metal, com uma tela grande de 5,5 polegadas (com resolução Full HD) e a câmera dupla na traseira, junto ao leitor de impressões digitais. O resultado é um aparelho fino e elegante e que lembra muito o desenho do iPhone 7 Plus.

O smartphone conta ainda com o novo conector padrão USB-C (que pode ser encaixado de qualquer lado, como o conector Lightning dos iPhones). Como é padrão na marca, os botões frontais não acendem, o que pode confundir o usuário, se ele estiver no escuro.

Desempenho. A bateria de 5.000 mAH está entre os principais recursos do smartphone. Os engenheiros da Asus conseguiram colocar uma bateria mais poderosa em um aparelho fino e leve, que pesa apenas 170 gramas e tem somente 8 milímetros de espessura.

A bateria permite o uso do smartphone por mais de um dia. Ainda com Android 6.0, isso não era possível, mas após a atualização o Zenfone 3 Zoom chegava ao meio do segundo dia com carga de 35%, o que é digno de nota. O smartphone pode ser também usado como bateria portátil para outros smartphones.

A versão recebida pelo Estado -- na cor preta com 64 GB de armazenamento interno e 4 GB de memória RAM -- é vendida pelo preço sugerido de R$ 2,2 mil. A fabricante oferece outras versões do smartphone com variantes de memória (3 GB) e armazenamento (32 e 129 GB), com preços entre R$ 1,9 mil e R$ 2,5 mil.

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O processador adotado no Zenfone 3 Zoom é o Snapdragon 625 de oito núcleos, o mesmo usado em concorrentes como a primeira versão do Moto Z Play. A tela com tecnologia AMOLED é bastante nítida e brilhante, com reprodução de cores um pouco exagerada, o que pode confundir na hora de tirar fotos.

Com o processador Qualcomm 625, o Zenfone 3 Zoom apresenta um bom desempenho para multitarefa e jogos, mas muitas vezes é atrasado por conta da interface própria do sistema, a ZenUI. Mas nada que vá atrapalhar muito no dia a dia. O aparelho tem bastante memória RAM, bastante espaço de armazenamento e expansão com cartões de memória padrão microSD.

O desempenho do smartphone é bom, mas não excepcional, o que faz o preço ser alto demais para a tecnologia usada Foto: Asus

Software. O Zenfone 3 Zoom veio com Android 6.0 instalado, com atualização para o Android 7.0 “Nougat” (versão mais recente do sistema operacional) ocorrida durante a fase de testes. A fabricante usa uma interface própria chamada ZenUI, com ícones arredondados e diversos serviços e aplicativos pré-instalados que mais irritam que ajudam durante o uso do aparelho.

Um deles é o "Gerenciador de Celular”, que te interrompe todos os dias sugerindo “melhorias" e "limpezas" no desempenho do smartphone. É algo que poderia ser feito de forma automática. Aparelhos com hardware menos poderoso (com menos memória e processador simples) até precisam desse tipo de recurso, mas não acredito ser o caso do Zenfone 3 Zoom.

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Além das interrupções constantes, a ZenUI vem com diversos apps que raramente serão usados, como o ZenCircle (uma espécie de Instagram da Asus), o ZenTalk (fórum de discussões sobre a marca em inglês) ou o ZenFit, que tenta complementar o Google Fit com dicas e acompanhamento de saúde.

O smartphone conta ainda com diversos aplicativos do Google pré-instalados, assim como jogos da Electronics Arts. Versões anteriores da ZenUI tinham problemas de tradução para o português. Não encontramos muitas no Zenfone 3 Zoom, mas não se assuste se você entrar em um programa e ele tiver dicas e informações em inglês, como o ZenTalk ou o ZenUI FAQ (que, ao ser aberto, abre uma lista enorme de dicas em outro idioma).

De qualquer modo, o mais indicado ao usar o Zenfone 3 Zoom ou outro smartphone da Asus é trocar o “launcher” do sistema operacional para o do próprio Google -- chamado Google Launcher. A opção está disponível nas configurações do aparelho

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Câmera. Ela é o grande destaque do Zenfone 3 Zoom. Na verdade, são duas câmeras com resolução de 12 megapixels: uma com lente grande angular e outra com zoom de 2,3 vezes. O aplicativo da câmera vem recheado de bons recursos, com modo Automático (o padrão da câmera), Manual, HDR Pro, Embelezamento, Cena Noturna, Selfie, SuperResolução, entre tantos outros.

Vale lembrar que o Zenfone 3 Zoom, apesar do nome, é o segundo aparelho na linha “Zoom" da Asus: o primeiro, lançado no Brasil no começo de 2016, tinha uma lente com zoom óptico de 3 vezes integrado, como uma câmera tradicional. Mas, cheio de erros de sistema e com uma bateria que durava poucas horas, o Zenfone Zoom não vingou e deu espaço ao Zenfone 3 Zoom, que agora não tem mais partes móveis na lente principal, mas duas lentes para “dar zoom” de forma mais eficiente.

O padrão da câmera é iniciar com a lente grande angular, que aparece com o símbolo de “1.0” na tela. Toque nele e muda para “2.3”, alternando a lente e aproximando o objeto a ser fotografado. Não é uma transição direta, como no iPhone 7 Plus. Só que, para voltar para o zoom original, a câmera segue sozinha (e não encontrei como desligar o recurso) para o zoom digital de “5.0” - e zoom digital é um recurso que, por melhor que seja a câmera, só vai deixar suas fotos granuladas e borradas.

A velocidade de disparo também é irregular. Como na maioria dos smartphones Android mais modernos, é possível segurar o botão disparador e tirar sequências de dezenas de fotos. Isso funciona no Zenfone 3 Zoom, mas muitas vezes, ao tirar uma foto “normal”, o aparelho demora a processar a imagem e “liberar" a câmera para uma outra foto, tanto no modo automático (que deveria ser simples!) como em outros como o HDR Pro ou Retrato. Para um dispositivo focado no nicho de “boas fotos”, isso é um tanto irregular.

O modo Retrato vale menção também. A ideia de tirar uma foto de uma pessoa - ou objeto, bicho ou planta - com destaque para o primeiro plano, desfocando o fundo, é comum na fotografia. O iPhone 7 Plus, na época da análise do Estado, fazia isso ainda como um recurso “beta" (não era final), mas funcionava sem problemas (tanto com pessoas como bichos).

O do Zenfone 3 Zoom, que apareceu apenas após a atualização para o Android 7, funciona de maneira curiosa: com pessoas, ele acerta a maior parte das vezes (mas não peça para a pessoa fotografada encostar em algo ao seu lado). Com bichos, nem tanto, e esqueça objetos. Entendemos que o modo “Retrato" significa, na maior parte das vezes, tirar boas fotos de humanos, mas é um recurso que serve para muitos outros propósitos, e o Zenfone 3 Zoom poderia se aproveitar disso.

Como comentamos acima, as cores - por conta da tela AMOLED - tendem a aparecer nas imagens de forma mais exagerada. Nota-se isso em fotos de natureza. Por outro lado, fotos noturnas, na maioria das imagens de teste, ficaram boas e claras, e o modo Noturno ajuda bastante em cenas com a luminosidade ruim.

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