‘Após crises, brasileiro tem resiliência para gerenciar empresa’, diz diretor da Ubisoft

Dona de jogos como Assassin’s Creed, Far Cry e Just Dance, a editora de jogos francesa Ubisoft já vendeu milhões de títulos no Brasil e completou nesta semana 20 anos no País

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Por Bruno Capelas
Atualização:
O francês Bertrand Chaverot liderou a Ubisoft no Brasil em 15 dos últimos 20 anos Foto: Chris Castanho/Ubisoft

Dona de jogos como Assassin’s Creed, Far Cry e Just Dance, a editora de jogos francesa Ubisoft já vendeu milhões de títulos no Brasil. Na última semana, completou 20 anos de presença oficial no País – em boa parte deles, foi comandada pelo francês Bertrand Chaverot, que hoje é diretor da companhia para a América Latina.

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Ao Estado, Chaverot fez um balanço dessa trajetória, que inclui anos em que os consoles de empresas como Sony e Microsoft não eram vendidos oficialmente no País e até mesmo estúdios de desenvolvimento local de jogos. 

A Ubisoft fez 20 anos no País na última semana. Qual o balanço do período?  Tenho orgulho de estar no Brasil, porque é um país complicado. É um desafio estar aqui, por conta da quantidade de impostos. Acredito que ainda temos muito potencial reprimido no mercado brasileiro – os jogadores brasileiros têm vontade de consumir, mas às vezes não tem poder aquisitivo. 

Quais as metas para os próximos meses da Ubisoft por aqui? O que a Ubisoft quer como ‘presente’ desses 20 anos?  Queremos trazer mais conteúdo com a cara brasileira nos nossos jogos. Já conseguimos ter músicas de Anitta e Ivete Sangalo no Just Dance ou colocar mapas ambientados no Brasil em jogos como Rainbow Six Siege. É algo que nem todos os países conseguem ter – e que ajuda bastante as vendas por aqui. Mas não é algo simples e que demanda investimentos, bem como trazer jogos 100% dublados em português, criar campeonatos de eSports (esportes eletrônicos) ou abrir servidores locais. 

Entre 2008 e 2012, a Ubisoft teve estúdios de desenvolvimento de jogos no Brasil. Por que essa experiência foi interrompida?  Nós tínhamos um estúdio em Porto Alegre e outro em São Paulo. Fomos a única grande empresa mundial que teve algo assim no País. Apesar de ter feito jogos com boas críticas, desistimos: era difícil trazer as máquinas que precisávamos e lidar com encargos trabalhistas. É uma pena, pois há muitos talentos no Brasil, seja artistas, programadores ou roteiristas. Espero que as reformas aconteçam e o País consiga entrar na economia criativa global. Também espero que um dia seja possível voltar a ter um estúdio aqui. Os brasileiros sabem resolver complexos trabalhando em grupo. É um povo que passou por tantas crises e tem resiliência para gerenciar empresas em qualquer parte do mundo. 

É possível imaginar um jogo ambientado no Brasil?  A curto prazo, não: fazemos jogos para o público global, com custos acima de dezenas de milhões de dólares. 

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