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Carregar celular de jogadores de Pokémon Go vira ‘bico’ na Avenida Paulista

Desempregada, jovem de 21 anos decidiu unir serviço de “utilidade pública” com paixão pelo game; para carregar celular por meia hora, ela cobra R$ 2

Por Bruno Capelas e
Atualização:
Na esquina da Avenida Paulista com a rua Peixoto Gomide, Marina faz propaganda dos seus carregadores Foto: Tiago Queiroz/Estadão

Se existe um vilão por trás de Pokémon Go, o grande jogo do momento para dispositivos móveis, ele se chama consumo de bateria. Por usar recursos como geolocalização e realidade aumentada, além de necessitar de conexão constante à internet, o game já se tornou conhecido por acabar com a energia dos aparelhos. Demitida do cinema onde trabalhava há pouco mais de um mês, Marina Soares Porto, de 21 anos, decidiu transformar o problema em solução.

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Há uma semana, a garota vai para pontos centrais da cidade de São Paulo, como a Avenida Paulista, para vender “energia”: por meia hora de carga na bateria de qualquer smartphone, a garota cobra R$ 2. “Fiquei maluca quando o jogo foi lançado, mas percebi logo que ele tinha um calcanhar de Aquiles”, conta Marina, em entrevista ao Estado. “Muita gente não tem carregador externo, esquece ou tem um que não funciona. Resolvi que poderia fazer isso.”

Ela começou a prática no Parque do Ibirapuera e, logo no primeiro dia, conseguiu alguns clientes. No segundo, depois que a “lojinha de energia” começou a formar fila e ela acabou sendo obrigada a mudar de local. “Disseram que eu precisava ter um alvará para poder ficar ali. Resolvi ir para a Avenida Paulista”, conta a jovem, que agora oferece seus serviços próxima ao Parque Trianon.

Munida de três carregadores, que podem fornecer carga para cinco celulares simultaneamente, Marina diz ter ganho cerca de R$ 50 por dia com a operação – ela costuma ficar do início da tarde até às 22 horas oferecendo seus serviços. “Além de tirar um dinheirinho com isso, consigo conhecer pessoas novas, que gostam da mesma coisa que eu gosto”, explica. Até o momento, a garota não encontrou concorrência à altura– vendedores ambulantes tentam explorar o momento vendendo carregadores externos por cerca de R$ 15, enquanto bancas de jornal oferecem 10 minutos de carga por R$ 5.

A atividade paralela, porém, fez com que a garota parasse de jogar sozinha. “Preciso cronometrar o tempo de cada usuário no meu celular e assim não consigo jogar. Mas enquanto carrego, dou dicas sobre o jogo e falo sobre lugares onde há pokémons raros”, afirma Marina. Apesar da falta de tempo para caçar pokémons, o desempenho da treinadora está acima da média: ela já tem 95 pokémons capturados em sua coleção e chegou ao nível 22.

Ela ainda sonha em capturar seu pokémon favorito – o pássaro lendário Articuno, uma das poucas criaturas que a Niantic ainda não liberou dentro do jogo. Enquanto isso não acontece, ela espera que os fãs do game a encontrem e dá o mapa aos interessados em um reforço extra na bateria do celular: “Vou estar na Paulista, com um cartaz e um gorrinho branco. Não é difícil de me achar". 

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