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Documentário mostra primórdios dos games no Brasil

‘1983 - O Ano dos Videogames no Brasil’ conta a chegada do Atari e seus inúmeros clones ao mercado brasileiro, enquanto o mercado norte-americano entrava em crise

Por Bruno Capelas
Atualização:
A caixa original do Intellivision, um dos muitos videogames que fizeram parte daquela era Foto: Acervo Pessoal/Marcus Garrett

Para um fã de games que se preze, o ano de 1983 é sinônimo de fracasso e crise – afinal, é o ano da falência da Atari e da crise dos videogames no mercado norte-americano. O que pouca gente sabe é que, enquanto os Estados Unidos não queriam saber de joysticks, o mercado brasileiro pela primeira vez recebia oficialmente uma geração de videogames: Atari, Colecovision, Odyssey e Intellivision – e seus inúmeros clones – começaram a ser fabricados e vendidos por aqui. 

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É essa a história que o documentário 1983: O Ano Dos Videogames no Brasil, que estreia nesse sábado, 16, em uma sessão especial no Museu da Imagem e do Som (MIS-SP), quer contar. “1983 foi o ano em que o videogame deixou de ser algo importado ou contrabandeado, para poucos, e começou a ser acessível para uma família de classe média, mesmo parcelado”, diz o escritor Marcus Vinicius Garrett Chiado, responsável pelo filme, produzido em parceria com o jornalista Artur Palma. 

O filme é baseado nos livros escritos por Garrett sobre o assunto (1983 - O Ano dos Videogames no Brasil e 1984 - A Febre dos Videogames Continua), contando a chegada dos consoles por aqui, e foi viabilizado a partir de uma campanha de financiamento coletivo realizada em 2015. “Fazer um documentário é diferente: você ouve a história da boca das pessoas que fizeram a coisa acontecer”, explica Garrett, em entrevista ao Estado

O longa-metragem aborda a história de grandes empresas, como Polyvox e Gradiente, que fabricaram videogames no País, e também de pioneiros como Joseph Maghrabi, fundador da Canal 3 Indústria e Comércio, primeira fabricante de cartuchos “clonados” de Atari no País. 

Ataque dos clones. Aliás, o que não faltava na época eram “cópias” dos videogames vendidos nos Estados Unidos. “Eles não pagavam royalties aos americanos, mas ajudaram muito a popularizar os games no Brasil, porque eram mais baratos que as versões ‘originais’”, pondera Garrett, dando força a uma teoria importante – a de que clones e contrabandos ajudaram, por vias tortas, a formar uma cultura de jogadores no País.

“Minha esposa, por exemplo, quando era criança, ganhou um Dismaq, porque os pais dela não tinham dinheiro para um Atari”, explica o escritor. Além disso, o documentário também explica como o simpático Pac-Man virou o Come-Come aqui no Brasil, e fala sobre a era de ouro das fichas e dos fliperamas. 

“Eles eram um templo dos jogos. Nada que você tivesse em casa chegava perto do que havia neles”, conta Garrett. Ainda havia, segundo o escritor, certa mística em torno desses locais – eram lugares sujos, com gente fumando, “que os pais não gostavam muito que a gente fosse”. 

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Segundo o autor, o documentário deve ter novos desdobramentos – especialmente na internet. “A primeira versão do filme tinha seis horas e meia. Queremos aproveitar esse material, com várias entrevistas inéditas”, diz. 

Apostar em uma continuação do filme, que conte a história da chegada de Nintendo Entertainment System, da Nintendo, e Master System, da Sega, ao País, porém, está fora de cogitação. “São videogames que chegaram quando eu era adolescente, e na época, eu já gostava de jogar no computador. Meu coração não bate forte com eles, mas espero que alguém siga esse caminho”. 

Estreia de 1983 - O Ano dos Videogames no BrasilQuando: sábado, 16h, às 14hQuanto: grátis; ingressos serão distribuídos uma hora antes da sessãoOnde: Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS-SP); Av. Europa, 158, Jardim Paulista, São Paulo. 

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