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Mass Effect Andromeda chega ao mercado para expandir universo da trilogia

‘Criar novo jogo da série é uma maldição e uma benção ao mesmo tempo’, diz produtor; jogo traz evolução em diálogos e em combate

Por Bruno Capelas
Atualização:
Game é lançado nesta terça-feira, 21 Foto: EA

Lançada pela produtora Bioware entre 2007 e 2012, a trilogia original de games Mass Effect marcou época não só por seus combates espaciais acirrados, mas também por trazer uma nova ordem aos games com sua possibilidade de escolha de diálogos e de identidades de gênero. Cinco anos e uma nova geração de consoles depois, Mass Effect Andromeda chega às lojas nesta terça-feira, 21, com uma difícil missão: manter o alto nível de expectativa dos jogadores, contando uma nova história e expandindo a série para além dos episódios iniciais.

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“Fazer um novo jogo de Mass Effect é uma maldição e uma benção ao mesmo tempo”, diz o produtor Fabrice Condominas em entrevista ao Estado – ele veio a São Paulo promover o lançamento do game, que chega para PlayStation 4, Xbox One e PC. “Há muito espaço para contar histórias e um tipo de jogo amado pelas pessoas. Por outro lado, é preciso dar aos jogadores a mesma ligação emocional com o game que eles tinham antes – mesmo que com personagens que eles nunca tenham visto na vida”, diz o produtor.

Desta vez, no lugar do militar Shepard – que podia ser homem ou mulher, ao gosto do jogador –, o protagonismo fica com um dos gêmeos Ryder, Sarah ou Scott. “Cada jogador pode escolher como quer jogar – não há diferenças na jogabilidade se você escolher uma ou outra opção. A parte legal é que o outro personagem continuará na história, nos dando a possibilidade de discutir questões familiares”, explica Condominas.

Jogador poderá ter relações sexuais dentro do game Foto: EA

Seja qual for o protagonista, será necessário explorar uma nova galáxia – Andromeda – em uma época situada entre o segundo e o terceiro jogo da franquia original. Além disso, avisa Condominas, há mudanças nos relacionamentos entre os personagens. É possível fazer sexo com um coadjuvante do game sem se apaixonar e ter encontros de “uma noite só”, por exemplo – antes, era necessário desenvolver um interesse romântico para chegar a cenas mais tórridas, por exemplo.

Outra novidade de Andromeda está no sistema de diálogos. Se antes o jogador podia escolher entre duas opções, agora é possível responder a partir de quatro frases diferentes, optando também pela entonação como essas palavras serão ditas. “Queríamos ir além do maniqueísmo. Os jogadores começavam a optar por um só lado, sem pensar nas frases que estavam ali postas”, diz o produtor.

Na entrevista a seguir, Condominas fala mais sobre a influência de Mass Effect nos games atuais e as novidades deste novo capítulo da saga – o game já foi chamado por críticos como uma “ópera espacial”.

Como foi continuar essa história e esse universo?

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Quando você tem uma trilogia como essas, criar um jogo novo é uma benção e uma maldição. Há muito conteúdo, muita possibilidade de contar histórias, personagens fortes e um gameplay amado pelas pessoas. Por outro lado, é preciso achar um jeito de integrar um novo elenco, novos personagens, uma nova galáxia, e chegar no nível de expectativa que as pessoas têm com relação aos primeiros jogos. Você precisa ter personagens que tenham ligação emocional com os jogadores - a mesma ligação que eles formaram com outro elenco ao longo de três jogos.

Mass Effect Andromeda será um único jogo ou é o começo de uma nova trilogia?

Não é uma nova trilogia. Não queremos ficar presos. Antes, fizemos uma trilogia – e as pessoas só queriam chegar até o final. Não queríamos isso agora: preferimos mostrar uma jornada. Não queremos saber se faremos mais um, dois ou quinze jogos, mas queremos mostrar uma jornada que possa seguir em frente. É criar uma aventura dentro de um universo inteiro.

Game é protagonizado pelos irmãos gêmeos Sarah e Scott -- jogador deverá escolher ser um deles durante a narrativa Foto: EA

Um dos principais destaques do primeiro jogo eram os diálogos. Como eles aparecem em Andromeda?

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Queremos evoluir narrativamente. Cada frase tem uma consequência. A diferença é que nos jogos anteriores, tínhamos uma solução binária – ou você tinha uma resposta de “renegado” ou de “soldado modelo”. Durante o jogo, as pessoas tinham a tendência de escolher um comportamento e responder só com ele, não pensando se a resposta do outro se adequava mais. Além disso, esse sistema binário cria uma noção maniqueísta, de bem e mal. Agora, o jogador poderá ir além disso: você tem quatro possibilidades de frases, e também um sistema de entonação. Muitas vezes, você concorda ou discorda de alguém por conta não do conteúdo da frase, mas sim de como ela é dita. Isso vai aumentar a complexidade do game.

Outro destaque da trilogia inicial era a questão de gênero – era possível escolher seu sexo e qual sua identidade sexual. Como isso aparece agora?

Colocamos essas questões nos jogos não por política, mas por bom senso. Mulheres podem ter relacionamentos entre si na vida real, e no jogo também. A habilidade e a forma de jogar do protagonista, seja ele homem ou mulher, não muda, mas a representatividade é importante. Cada personagem tem uma identidade específica, e nem todos eles são abertos a todas as experiências. Além disso, com a melhoria nos diálogos, criamos um sistema de confiança no jogo que nos permite coisas interessantes. Agora, é possível fazer sexo sexo sem necessariamente estar apaixonado, ou desenvolver uma longa amizade dentro do jogo, ou ter um encontro de “uma noite só”. Além disso, como temos os gêmeos como protagonistas, adicionamos a noção de família no jogo.

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Quais são as novidades de combate do jogo?

Temos uma grande novidade, que é a adição de saltos dentro do combate. Mass Effect é um jogo de tiro baseado em cobertura: você identifica os soldados em quem vai atirar, atira e segue em frente. Não existe muito combate aberto. Agora, isso vai mudar: você pode pular, mas seus inimigos também. Isso deixa os cenários do jogo muito mais verticalizados, o que cria novas estratégias de jogo.

Hoje vemos jogos muito grandes. Mass Effect Andromeda é um desses jogos. Como é o trabalho de criar algo que possa ser aproveitado pelo jogador que não tem tanto tempo para ficar na frente da TV?

Esse é um aspecto do nosso jogo que sempre foi um desafio. Jogar Mass Eeffect requer investimento emocional. Tentamos ser mais acessíveis, mas não queremos fazer isso e abrir mão da profundidade que nós temos. Tentamos fazer um jogo em camadas, que atenda o estudante que tem todo o tempo do mundo até o cara que tem trabalho e dois filhos e ainda assim quer jogar. Isso depende muito da quantidade de missões secundárias que você faz. E temos o nosso modo multiplayer, que é para quando você só tem meia hora e quer se divertir depois de um dia cansativo de trabalho.

Ainda sobre a estrutura de diálogo: ter o poder de escolha do que vai ser dito é uma característica presente em muitos jogos recentes, como Life is Strange e Oxenfree. O que você acha disso?

Pessoalmente, fico feliz de ver que a indústria está criando jogos assim. Se fazemos isso, é porque gostamos desse tipo de jogo. Ver que a indústria vai nessa direção nos estimula a ir adiante – o roteiro de Life is Strange é incrível. Mas isso vai além: o pessoal que faz FIFA, por exemplo, nos pediu ajuda para criar seu modo de jogo com diálogos. É uma tendência positiva.

Mass Effect Andromeda Produtora: Bioware Publisher: EA Plataformas: PS4, Xbox One e PC Preço: R$ 250 Já disponível no Brasil

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