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Rapidez e ‘imponderável’ fazem de Fortnite um jogo viciante

Game obedece à regra clássica de ser 'fácil de jogar, mas muito difícil de dominar'

Por Bruno Capelas
Atualização:
Jogadores podem saltar de paraquedas e criar construções para conceber estratégias em Fortnite Foto: Epic Games

Na primeira vez em que joguei Fortnite, tive a sensação de cair de paraquedas no meio do nada. No começo de todas as partidas, os cem jogadores que se enfrentarão pela sobrevivência são ejetados de aviões para uma ilha deserta, colorida e um bocado esquisita. Ao chegarem “lá embaixo”, munidos com apenas uma picareta, sua tarefa é simples: coletar recursos como madeira e metal, procurar por armas e tentar ser o último a ficar vivo, contra outros 99 incautos que buscam seu lugar ao sol.

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A descrição parece mais dramática do que uma partida de Fornite de fato é: dá para passar 10 ou 15 minutos são e salvo no jogo, apenas derrubando árvores, vasculhando casas e achando metralhadoras ou pistolas em baús. Mesmo sem saber jogar, consegui chegar diversas vezes entre os 30 ou 40 melhores do ranking, apenas me escondendo no mapa. Por outro lado, quando há um encontro entre dois jogadores, tudo se resolve em poucos segundos. Quem estiver ligeiramente desatento ou não acertar a mira pode dar adeus ao jogo rapidamente, mesmo com os melhores equipamentos à disposição.

É essa rapidez e essa “força do imponderável”, porém, que faz de Fortnite um jogo viciante. Afinal, se cada eliminação pode parecer um mero detalhe, a vitória viria de uma combinação de momentos a favor do jogador. Não é tão simples assim: tal como outros grandes sucessos, Fortnite obedece à regra clássica de ser “fácil de jogar, mas muito difícil de dominar”.

Por exemplo: para escrever este texto, joguei o game religiosamente durante uma semana – à exceção de um dia em que os servidores insistiam em me desconectar. Colhi bons e maus resultados, até abati alguns adversários, mas fui incapaz, enquanto jogador, de usar a possibilidade de construir paredes e muros para me defender dos inimigos. É um dos maiores diferenciais do jogo ante seus concorrentes, como PlayerUnknown’s Battlegrounds. Ao mesmo tempo, é um dos elementos mais difíceis de se aprender.

A íngreme curva de aprendizado de Fortnite, por outro lado, pode ser um convite para que muitos se encantem com ele. Não é difícil entender a razão. As regras são simples (quem morre, perde), o visual cartunesco é atraente, os movimentos dos personagens são plásticos e as partidas costumam ser rápidas. Além disso, há uma tensão presente em quase todo o momento, o que pode ser cativante. “Será que vai chegar alguém? O que vai acontecer agora?”

Fortnite carrega ainda uma característica intrínseca a diversos games online: a necessidade de ser um jogo em constante mutação. Em termos técnicos, isso pode ser um problema. Antes de uma nova sessão de partidas, quase sempre era necessário baixar um pacote com atualizações para o game. Leva pouco tempo – até 15 minutos –, mas que acaba funcionando como um gargalo para a vontade do jogador, como se a espera necessária fosse um antídoto para o vício.

Há ainda uma delicada questão de experiência. De um lado, é preciso reconhecer que o jogo tem de mudar constantemente para não enjoar seus devotos. De outro, uma ou duas semanas longe do game pode fazer com que ele já seja diferente demais para quem não se habituou completamente a ele. É um controle fino, mas que precisa ser ajustado para manter a febre em alta – não à toa, alguns analistas dizem que “o maior inimigo para a longevidade de Fortnite é o próprio Fortnite”. É uma batalha real.

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