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‘Resident Evil VII’ é retorno glorioso ao terror psicológico

Novo capítulo da saga da Capcom tem jogabilidade empolgante, muita exploração e trama que cativa mais pela tensão do que pelo susto

Por Bruno Capelas
Atualização:
Game tem versões para PC, Xbox One e PS4 – nesse último, também pode ser jogado em realidade virtual Foto:

Gastar dinheiro para sentir medo pode parecer uma péssima ideia à primeira vista. Quando se fala de Resident Evil VII, no entanto, essa é uma impressão que se desfaz logo na primeira meia hora de jogo. Lançado no final de janeiro, o novo capítulo da saga de zumbis da Capcom é um retorno glorioso da série ao terror psicológico, que dominava seus primeiros games, ainda nos anos 1990. Se os últimos títulos da franquia focavam em combate e na ação, mas não davam tanto medo, agora é a hora de sentir medo até com a própria sombra – como se Alfred Hitchcock um dia tivesse feito um filme de zumbis. 

Que não se espante, porém, o jogador novato: uma das grandes vantagens deste Resident Evil VII é que a trama guarda quase nenhuma proximidade com os outros seis jogos anteriores – quem é veterano na série vai pegar uma referência aqui, outra ali –, sem prejuízo se você só chegou agora ao bonde dos zumbis. A trama, como todo bom filme de terror, é simples: o jogador entra no papel de Ethan Winters, um homem que busca há três anos sua esposa desaparecida, Mia. 

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Nas primeiras cenas, Ethan decide desbravar uma nova pista por sua mulher, o que o leva à fazenda Baker, uma plantação abandonada no meio de uma floresta da Louisiana, nos Estados Unidos. Lá, ele a reencontra um pouco mudada, e depois conhece a sinistra família Baker e sua estranha dieta alimentar… é melhor não explicar mais para evitar spoilers. A missão de Ethan é simples: salvar Mia e sair dali o mais rápido possível, resolvendo puzzles para conseguir abrir portas de salas secretas, enquanto combate zumbis asquerosos com facas, canivetes suíços, revólveres e escopetas. 

Assim como em outros jogos da série, Ethan tem recursos limitados em sua mochila – às vezes, é preciso escolher espaço entre ter mais balas para sua pistola ou um remédio que lhe cure depois de um ataque inesperado. A grande novidade, porém, é que pela primeira vez na série, o game é todo situado em primeira pessoa – isto é, o jogador enxerga o que Ethan vê, mas não seu corpo na tela. É uma estratégia pensada para aproveitar o jogo em realidade virtual – a versão do PlayStation 4 pode ser jogada também com auxílio dos óculos de realidade virtual PlayStation VR –, mas que vai além disso: sem dar ao jogador a chance de ter sua visão além do alcance, o game se permite aproveitar melhor o clima de tensão. 

No game, jogador tem de escapar da unida família Baker Foto:

E isso é algo muito bem construído pela Capcom: ao contrário do que se pode pensar, os zumbis são utilizados apenas em momentos chave do jogo, dando um susto que vai ressoar na cabeça do jogador por muitos minutos. Nos intervalos entre os ataques, porém, a tensão é construída com sombras, pouca luz, ambientes úmidos, com fungos e muito mal conservados, propícios visualmente para criar medo e deixar o jogador apreensivo. 

O principal destaque, porém, vem do som de Resident Evil VII: com uma mixagem muito bem feita, basta um passo do personagem em um piso rangente de madeira para fazer os pêlos do braço se arrepiarem. Se você joga só com o som da TV, vai se assustar. Se prefere fones de ouvido, pode preparar o copo de água com açúcar de vez em quando. 

É na construção dessa tensão que o jogo ganha muitos pontos até mesmo com quem não é fã de terror. Cada fase é bem construída de forma que o jogador consiga ter recursos necessários para derrotar seus adversários – o problema aqui, não é ter os meios ou a habilidade para lutar, mas sim a coragem de seguir em frente. Pode parecer bobagem, mas em um game baseado em exploração como Resident Evil VII, isso conta muito. É bom ressaltar, porém, que o game não tem só sustos – em determinados momentos, as aparições dos zumbis são até cômicas, lembrando os filmes de George Romero. 

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Missões secundárias do game valem a pena por aprofundar trama Foto:

Outro ponto alto do jogo são suas “missões secundárias”: representadas por fitas de vídeo encontradas na casa dos Baker. Nelas, o jogador acompanha a história de uma equipe de TV que entrou na fazenda para gravar um episódio de um programa de terror, como uma versão soturna dos Caçadores de Mitos. Além de ter uma jogabilidade interessante, as missões também acrescentam detalhes à história da família, dando profundidade à trama. 

Vale a pena? Sim. Muito. Se você é fã da série, não há muito o que temer. A interação em primeira pessoa e o retorno ao terror são formas muito bem-vindas da Capcom de trazer frescor a uma série já consagrada e duas vezes alterada. Se você só chegou agora, vai se divertir com uma boa história, sustos, tensão e um game de exploração e puzzles muito bacanas. O ano mal começou, mas já há uma certeza em 2017: Resident Evil VII é um dos grandes games da temporada. 

Resident Evil VII Desenvolvedora e Publisher: Capcom Plataformas: PS4, Xbox One e PC Preço: R$ 220 Já disponível no Brasil

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