'Street Fighter V': panela velha é que faz comida boa

Clássico game de luta da Capcom ganha nova versão com gráficos exuberantes e partidas online; jogabilidade continua a mesma

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Por Redação Link
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por Luiz Fernando Toledo

Hadoken, hadoken, shoryuken. Hadoken, hadoken, shoryuken. Quem viveu os tempos de Street Fighter II no fliperama pode ter passado anos e anos enjoado dessa sequência de golpes – armas principais dos protagonistas da série, como o loiro americano Ken e o carateca japonês Ryu. Lançado há duas semanas, Street Fighter V (ou SFV, simplesmente) veio para dizer que panela velha é a que faz comida boa. Ou controle velho é o que faz o melhor combo. Tanto faz. Mas dessa vez, a panela é high tech, com direito a gráficos exuberantes, partidas online, rankings e outros temperos mais.

Com versões para Playstation 4 e PC, o jogo tirou a série de um hiato existencial do “capítulo 4″, que durou oito longos anos, desde o lançamento de Street Fighter IV, em 2008.Está tudo lá, mais ou menos como você deixou quando desligou seu PlayStation pela última vez há quase uma década. Ou aquele Super Nintendo já empoeirado no fundo da gaveta. Os personagens clássicos, – Ryu, Ken, Chun-Li – as fases que remetem aos países de origem dos lutadores e um cenário para lá de surreal.

Leia também:‘Street Fighter’ ganha roupagem contemporâneaConheça os personagens de ‘Street Fighter V’

O Brasil, desta vez, deixa de ser retratado na elétrica figura de Blanka e recebe uma figura feminina, a lutadora de jiu-jitsu Laura Matsuda. Não espere uma grande homenagem ao País: trata-se de mais uma personagem feminina estereotipada, com grandes seios e coxas desproporcionais. Mas vale lembrar: poucas coisas em Street Fighter pretendem se parecer com a realidade.

O cenário brasileiro, por exemplo, tem uma série de bizarrices. A primeira delas, impossível não notar, é um “troféu redentor” no ponto mais alto de um Rio de Janeiro que não conhecemos. Parece que alguém se esqueceu do 7×1 e decidiu nos colocar como verdadeiros vencedores da Copa do Mundo. Merece destaque também a figura das dançarinas, que aparentemente sambam (ou tentam):

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(só assistindo para entender…)

O grande ganho aparente desta nova geração está nos gráficos. É perceptível que houve muito cuidado em criar os personagens, suas roupas, detalhar gestos e expressões faciais. Pode-se dizer que SFV é o jogo de luta mais bonito da atualidade. Cada movimento é sentido, seja pelo movimento dos cabelos, seja pela roupa amassada. Sabe aquela espera para passar o controle em um modo versus com várias pessoas na sala? Pode ser que assistir o outro jogando não seja mais tão desinteressante assim.

No total, há 16 personagens. Além de Laura, há outros três novos: F.A.N.G., Necalli e Rashid. Todos têm suas próprias habilidades e não se parecem com versões “genéricas” de jogadores antigos – uma prática bastante comum na série. F.A.N.G. tem golpes venenosos e causa danos contínuos. Rashid solta pequenos rodamoinhos com os pés. Necalli é brutal em suas pisadas (com estilo que lembra um pouco de E. Honda, mas só um pouco…) e pode mudar o estilo de luta de muitos jogadores.

A jogabilidade foi simplificada para atrair novatos: basta pressionar os dois botões de soco e chute médios para usar uma habilidade única para cada personagem, a V-Skill. Outra novidade é a V-Trigger, mecânica que também cede um golpe especial por personagem ou um aumento temporário de status, deixando-o com uma cor diferente. Outro “especial” que está mais fácil de ser utilizado é o Critical Arts.

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Modos de jogo. Embora Street Fighter não seja um jogo tradicionalmente conhecido por ter muitas coisas a se fazer,este aqui parece especialmente curto. Há basicamente dois modos offline para se aventurar: o modo história e o de sobrevivência. Basta jogar duas ou três horas para finalizá-los. Um dos problemas mais chatos está exatamente no modo história: a série não soube aproveitar o potencial gráfico que trouxe e colocou as rasas narrativas de seus personagens no formato de desenhos estáticos e legendas, em cenas que mais irritam e fazem a gente querer pulá-las, sem se importar muito com o que é contado.

Mas calma: a promessa é que um “verdadeiro” modo história seja lançado em forma de DLC em junho. Vale esperar. Já o modo de sobrevivência é viciante – deve-se lutar contra o máximo de inimigos possível sem morrer, em busca de pontuação. Mas também não dura muito.

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A aposta de SF5 desta vez está em seus modos online. É possível enfrentar outros jogadores de todo o mundo em busca de boas posições na tabela de líderes. Há ainda salas de jogo, chamadas de saguões, onde você pode criar suas próprias regras de luta. E há o modo ranking, que reúne os melhores jogadores. Além disso, estão prometidas opções de “seguir” a luta de outros jogadores para aprender estratégia com eles e acompanhar replays.

O grande problema: em nosso teste do jogo, que se estendeu pelas duas últimas semanas, não foi possível conectar aos servidores da Capcom em nenhum momento. Vale ouvir o que eles têm a dizer a respeito:

“A Capcom está acompanhando de perto e trabalhando 24/7 pra oferecer a melhor experiência o mais rápido possível, e sendo muito presente e transparente sobre o trabalho que vem sendo feito. Temos o Twitter @SFVServer para dar atualizações mais imediatas, e temos publicado um relatório de status periódico no blog oficial Capcom-Unity (primeiro, segundo e terceiro). Alguns usuários ainda têm relatado problemas para conseguir partidas”.

 Vale a pena? Pode-se dizer que Street Fighter 5 é um bom game. Não tem como não funcionar, a fórmula clássica toda está lá. Tem quase tudo que você espera dele: os personagens, os golpes, a empolgação das partidas. Mas aindafalta conteúdo. Se você já é fã da série, pode valer a pena adquirir o novo episódio, apesar do valor salgado aqui no Brasil (o jogo tem preço sugerido de R$ 280 para PS4), já sabendo que pode vir coisa nova por aí via DLC. Se não se importa muito com a franquia ou com a experiência online, saiba que haverá mais do mesmo.

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