Fortnite: tudo o que você precisa saber sobre o novo game do momento

Gratuito, com visual de desenho animado e fácil de entender, game fatura milhões e chama a atenção em sites de streaming; no jogo, 100 jogadores lutam por sobrevivência em arena, até só restar um vivo

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Por Hayley Tsukayama
Atualização:
Em Fortnite: Battle Royale, 100 jogadores entram numa arena e apenas um sai vencedor Foto: Epic Games

Quando a equipe de basquete da Universidade de Maryland conseguiu sua maior virada na história na liga universitária americana, a NCAA, o jogador Nolan Gerrity apresentou a metáfora perfeita para o que estava sentindo. “É como se fosse a sua primeira vitória no game Fortnite, honestamente”, disse ele a repórteres.

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Para quem está por fora, foi uma declaração intrigante. Mas o exemplo de Gerrity fez todo o sentido para 150 milhões de pessoas em todo o mundo que transformaram o jogo Fortnite em uma obsessão internacional em 2018. Uma boa forma de entendê-lo é como uma mistura entre Minecraft e um game de tiro. Sobreviver numa arena é o principal objetivo do jogo. 

Não importa qual seja o cenário, os jogadores lutam entre si. Pode ser uma noite infestada de zumbis, uma floresta ou um deserto: sempre há uma gigantesca batalha. Tudo pode mudar com ajuda de materiais encontrados na paisagem, que podem ser usados para construir abrigos. 

Lançado em julho de 2017 para consoles e PC, Fortnite aos poucos ganhou força conforme ia adicionando mais modos de jogo. O mais badalado deles, inspirado em Player Unknown’s Battlegrounds (PUBG), sensação do ano passado, se chama Battle Royale: uma luta livre e imensa de 100 pessoas até a morte, que permite apenas um sobrevivente. 

Foi o que ajudou a tornar Fortnite um fenômeno. Hoje, ele é o jogo mais acompanhado no Twitch, site que transmite partidas de videogame, e no YouTube Gaming, seção específica do site de vídeos do Google dedicada a jogos. De acordo com a empresa de dados de jogos Newzoo, o Fortnite sozinho representou 12,8% de todo o tráfego nessas plataformas em fevereiro.

No início de março, o jogo também chegou aos celulares. Em menos de 12 horas após o lançamento, ele já estava no topo das listas de mais baixados nos Estados Unidos e em uma dúzia de outros países, segundo a empresa de análise de aplicativos App Annie. O aplicativo para Android já está chegando.

O auge, porém, aconteceu quando o astro do hip-hop Drake jogou uma partida ao lado de “Ninja”, apelido do jogador profissional e estrela do streaming Tyler Blevins, em 14 de março. Os dois atraíram 628 mil visitantes simultâneos para o Twitch, a maior audiência de uma partida de videogame da história. 

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Game começou carreira de sucesso nos consoles, mas também já ganhou versões para o iPhone Foto: Epic Games

Novo hit

Para analistas, é um sucesso que repete nomes como World of Warcraft, lançado em 2004, e Minecraft, de 2009. “Fortnite não é apenas o maior jogo do ano, mas é o primeiro jogo que vi, desde o Minecraft, que teve esse tipo de apelo”, disse Mat Piscatella, analista da NPD Group, consultoria que acompanha atentamente a indústria de jogos. “O potencial de lucro é astronômico”. 

Os games têm sido cada vez mais populares: estimativas da indústria dão conta que 65% das casas americanas têm pelo menos uma pessoa que joga durante três horas por semana. Mas é raro ver um único jogo tomando conta das conversas, da maneira que o Fortnite fez, dizem os analistas.

O apelo de Fortnite como franquia é triplo, disseram analistas. É um jogo gratuito – uma vantagem contra PUBG, que foi o primeiro jogo a popularizar o gênero de sobrevivência em arenas. O lucro de Fortnite, claro, vem da venda de itens dentro do jogo, usados para fins cosméticos – como roupas especiais para os personagens. 

Outro aspecto do sucesso do Fortnite é o modo como ele conquistou força nas mídias sociais. A desenvolvedora do jogo, a Epic Games, incrementa o Fortnite com referências culturais – os personagens podem, por exemplo, dançar nos cenários da série de TV "Scrubs". Eles continuam lançando novas atualizações e reviravoltas. (Neste momento, o mundo Fortnite está às voltas com o que vai se originar de um cometa, cada vez maior no céu.)

Finalmente, e talvez o mais importante, é um jogo de alta qualidade, que pode ser raro entre os títulos gratuitos. É divertido e simples.

Jogadores podem saltar de paraquedas e criar construções para conceber estratégias em Fortnite Foto: Epic Games

Receita

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O formato “o último homem a ficar de pé” de Fortnite Battle Royale é fácil de entender num piscar de olhos. Formar uma estratégia é inteligente, mas não um pré-requisito para a vitória. Seus gráficos em formato de desenho animado também tornam a violência mais fácil de suportar. 

Tudo isso torna o título perfeito em uma época em que os jogos estão cada vez mais tentando entrar no mercado para novos jogadores por meio de streaming – não basta ser divertido jogar, mas também assistir. “O design é importante”, disse Gene Munster, sócio-gerente da empresa de capital de risco Loup Ventures. “Ele capta um equilíbrio, no qual um novato pode se divertir em vez de ficar confuso.”

É difícil saber exatamente quanto a Fortnite está ganhando. A Epic Games é uma empresa privada e, portanto, não precisa publicar seus registros financeiros. As estimativas da empresa de pesquisa SuperData situam a receita da Fortnite em fevereiro em US$ 126 milhões.

Os analistas acreditam que o número esteja prestes a crescer, à medida que a Epic transfira seu mega sucesso para os celulares – um público muito mais amplo, embora algumas vezes mais instável. Mas ainda é cedo para dizer como o celular trará mudanças ao Fortnite, disse Piscatella. 

A Epic lançou uma versão móvel do jogo para iOS, como um teste apenas para convidados, no dia 12 de março. Poucos dias depois dos primeiros testes do aplicativo, conseguiu um retrato real de sua popularidade, ele disse: o quanto irritou as escolas.

Alunos e professores logo se queixaram que havia tantas crianças jogando Fortnite em sala de aula, que as redes Wi-Fi da escola mal davam conta de manter o serviço.

É difícil dizer quanto tempo vai durar essa popularidade, mas seu pico, por enquanto, conquistou a distinção – da mesma forma que os fidget spinners, as pulseiras e o clássico bichinho virtual, o Tamagotchi - de ser banido em várias escolas. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

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