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Um novo videogame Atari, mas com os velhos jogos de sempre

Vendido a US$ 40 nos EUA, e pouco mais de R$ 500 no Brasil, console retrô mantém viva a memória da empresa que começou a história dos videogames

06/12/2017 | 05h00

  •      

 Por Danny Hakim - The New York Times

Nova versão do Atari é relançada pela Tectoy por R$ 500

TecToy

Nova versão do Atari é relançada pela Tectoy por R$ 500

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Comprei há dias um videogame Atari retrô. Custou US$ 39,99 numa loja Bed Bath & Beyond de Nova Jersey. Encontrei-o entre panelas, caçarolas e luvas de cozinha. Só isso já dá uma ideia do público visado. “Não acredito que ainda vendam essas coisas”, disse a caixa Vanessa.  

De um jeito ou de outro, o Atari nunca morre. O console, conhecido como Flashback, foi dos campeões de venda em novembro na Dollar General, uma das maiores redes de lojas de departamentos do país. Considerando-se que a Atari está reduzida a meros 18 funcionários, talvez nenhuma outra empresa tenha explorado tanto a nostalgia de um antigo produto nesta temporada de compras. A Atari já chegou a empregar Steve Jobs como técnico e se tornou um ícone da era da computação doméstica, mas sofreu uma sucessão de más experiências que quase a liquidaram.

Iniciada em 1972, a Atari foi assim batizada por um de seus fundadores, Nolan Bushnell, a partir de uma jogada do antigo jogo asiático Go. “Atari era o que se dizia quanto um jogador ameaçava as pedras do outro, algo como pôr o adversário em xeque no xadrez”, explicou Bushnell numa entrevista. “Achei que era um bom nome.”

Bushnell vendeu sua parte na empresa para a Warner em 1976 – com os fundos, a empresa pode custear a fabricação do Atari 2600, seu primeiro videogame. Quando a indústria de videogame entrou numa guerra de preços em meados dos anos 1980, a Warner vendeu a Atari. A empresa foi novamente vendida em meados dos anos 1990 e mais uma vez, em 1998, à Hasbro Interactive, por apenas US$ 5 milhões. 

Daria para prolongar a história, mas basta dizer que nos anos 2000 uma obscura empresa francesa assumiu a Atari, um fundo hedge se envolveu no negócio e, em 2013, um pedido de falência foi protocolado nos Estados Unidos. Hoje, a empresa está registrada na França e reduzida a um número mínimo de funcionários, a maioria em Nova York. Sua operação foi quase totalmente terceirizada para companhias como a AtGames, de Los Angeles, que produz os consoles Atari Flashback numa indústria da China – no Brasil, o produto é licenciado para a Tectoy. 

Veja como os jogos do Atari influenciaram os games de hoje

  •      
Pong

Foto: Atari

Primeiro game comercial da história, Pong (1972) definiu o que é um jogo. Há um desafio (marcar pontos), uma recompensa (ganhar do outro jogador) e uma curva de aprendizado

Games de Esporte

Foto: EA

Além disso, concebido como um jogo de tênis, é a base de todo o gênero de jogos de esportes, como FIFA 18 (2017)

Pole Position

Foto: Atari

Um carro estático e uma pista que se move ao redor dele. É a premissa básica de Pole Position (1982), um dos primeiros jogos de corrida da história...

Games de Corrida

Foto: Microsoft

...o início de um gênero altamente popular de games como Forza Motorsport 7 (2017)

Space Invaders

Foto: Taito

Space Invaders (1979) não é o primeiro game de tiro e exploração espacial. Mas foi o mais popular de sua época, e ajudou a consolidar os games japoneses, em um mercado até então dominado pelos EUA.

Ficção científica & combates de tiro

Foto: Activision

Além disso, uniu combates e espaço, uma fórmula popular até hoje, como no lançamento Destiny 2 (2017)

Pitfall

Foto: Activision

Pitfall! (1982) é um dos primeiros games de “plataforma” da história, no qual o jogador tem de correr e pular por obstáculos. 

Games de Plataforma

Foto: Sega

Os jogos de plataforma ajudaram a gerar alguns dos principais personagens da história, como Super Mario Bros. (1985) e Sonic 2 (1992), por exemplo,

Adventure

Foto: Atari

Adventure (1979) é o primeiro jogo de ação/aventura da história, um dos gêneros mais populares do mercado hoje em dia. 

Ação & Aventura

Foto: Naughty Dog

A missão do jogador é encontrar o cálice sagrado, uma missão bem próxima do contemporâneo Uncharted 4 (2016)

Através de todos esses problemas, os fãs ajudaram a manter vivo o conceito Atari.  

“Tornei-me engenheiro de computação porque me apaixonei por  tecnologia por meio do Atari”, disse Curt Vendel, entusiasta da marca. Encontrei Vendel pela primeira vez em 1999, quando ele morava em Staten Island. Dirigia então uma entidade chamada Sociedade Histórica Atari, um arquivo virtual criado a partir da grande coleção pessoal de Vendel, que reúne desde canecas de café com a marca Atari a desajeitados robôs Androbots, produzidos por uma outra empresaHistória Atari  financiada por Bushnell.

Vendel recolhia projetos de engenharia e diagramas de chips jogados no lixo da antiga sede da Atari na Califórnia. Poucos anos depois daquele nosso encontro ele iniciou conversações com a Hasbro Interactive sobre um console Atari retrô. A Hasbro encarregou-o de desenvolver um. 

 “A Atari tornou a tecnologia mais acessível ”, disse Vendel, “e deu sentido a minha vida.”  

A empresa que produz atualmente o Atari Flashback fala pouco sobre vendas e clientela, revelando apenas que vendeu mais de 300 mil unidades no ano passado. Frédéric Chesnais, principal executivo, resume o sucesso do console: “Ele é simples, viciante e em poucos minuos leva você a divertida experiência”. 

Os 5 jogos favoritos de Nolan Bushnell, o pai do Atari

  •      
World of Warcraft

Foto: Blizzard

Lançado pela Blizzard em 2004, o game online tem batalhas entre heróis e orcs no mundo de Azeroth. “Eu posso ter internet na ilha? Se sim, tenho que levar World of Warcraft!”.

Tempest

Foto: Atari

O único game da Atari da lista de Bushnell, Tempest saiu em 1981. O game de naves espaciais traz uma inédita ilusão de ótica com ponto de fuga, dando ao jogador a impressão de 3D.

Portal

Foto: Valve

No jogo feito pela Valve em 2007, o objetivo é superar diversas fases com ajuda de portais mágicos, em quebras-cabeças intrincados. “Eu queria ter infinitos níveis de Portal para jogar”, diz Bushnell. 

Words With Friends

Foto: Words With Friends

Fãs de jogos para celular, Bushnell diz ter mais de cinquenta deles instalados em seu smartphone. Um dos favoritos é Words With Friends, um desafio de palavras cruzadas. 

Sudoku

Foto: Bruno Capelas/Estadão

O tradicional jogo japonês de acertar os números de 1 a 9 em linhas e colunas é o último escolhido de Bushnell. “Eu sei, é um jogo de papel”, diz. “Mas eu gosto muito dele!

Games. Para deixar claro, minha posição oficial sobre videogames em minha casa é de hostilidade e pode envolver gritaria. Uma vez arranquei o console Nintendo Wii da televisão e fugi com ele da sala ­- com um de meus filhos, furioso, agarrado a minha perna como um molusco. 

Um relatório divulgado no ano passado pelo National Bureau of Economic Resarch citou os videogames como uma das razões pelas quais os jovens estão trabalhando menos horas. Mas exames mais abrangentes avaliam os jogos não só negativamente, mas também de forma positiva, dependendo do que se joga.Um estudo descobriu que Call of Duty encolhe a área do hipocampo do cérebro, enquanto Super Mario faz com que ela se expanda.

Eu simplesmente acho que são perda de tempo e nunca mais joguei. Bem, ouve uma rápida e absorvente recaída com Wii tennis. E não estou contando Words With Friends. Ou o aplicativo Boggle do meu celular, pois uso exclusivamente para expandir meu hipocampo. 

Dito isto, abro a caixa do Atari e de cara me atrapalho com as instruções. Dou uma olhada nos mais de cem jogos. No Asteroids, escondo-me atrás de uma rocha gigante para fugir de uma nave inimiga. Foi um começo fraco. O Centipede rapidamente foge de meu controle. Mas as coisas melhoram um pouco com o Missile Comand, e saio-me bem maratona de Space Invaders. 

“Os games, embora graficamente toscos, tinham de ser muito bem desenhados porque não se podia confiar no som e nos gráficos”, disse Bushnell. “Tínhamos que fazê-los realmente divertidos.”  

 

Talvez o Atari nunca morra. Bem, pode ser que morra quando a Geração X morrer. Mas ainda tempos algum tempo pela frente. 

Vou para o Pitfall. Procuro uma corda, mas mergulho no poço escuro. Quando consigo agarrar a corda, não sei como sair. É humilhante.

Mas tudo bem. Tenho grandes planos para o Frogger. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

    Tags:

  • Atari
  • Videogame

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