1. O fundador: Steve Wozniak
1976, Los Autos, sul de São Francisco. Na garagem da família Jobs, dois adolescentes chamados Steve – camisetas, jeans desfiados, pálidos – apertam parafusos em um computador. Não falam muito e, quando se falam, é sobre música e a ideia que tiveram.
23/05/2010 | 15h50
Por Redação Link - O Estado de S. Paulo
Os dois largaram a faculdade quando se conheceram, cinco anos antes. Talvez sejam os primeiros nerds da história. Juntos, ouvem Beatles e Dylan, constroem aparelhos ilegais para fazer ligações telefônicas sem custo e desenvolvem videogames. Mas sonham alto e querem um computador para todos – em uma época em que computadores eram para empresas ricas e para a CIA e custavam, no mínimo, US$ 100 mil.
Mas não era o mesmo sonho. Wozniak – o outro Steve – sonha em construir esta máquina; Jobs, em vendê-la.
Wozniak já havia construído seu primeiro computador aos 13 anos e, em 1975, provou-se revolucionário quando pegou dois cabos e ligou um de seus protótipos a uma tela e a um teclado.
“Eu não tinha me dado conta disso”, ri. “Mas foi a primeira vez que alguém pressionava uma letra em um teclado e a via ao mesmo tempo no monitor.”
No início de 1976, Wozniak mostra a Jobs o plano de construção de um computador pessoal, pouco maior do que uma máquina de escrever. Construído com pouco dinheiro e vendido por muito mais. Jobs aplaude, calcula e vê o que se tornará realidade.
É o nascimento da Apple. Jobs vende sua Kombi para poder comprar peças para o novo computador. E convence Wozniak a largar seu emprego na HP.
O Apple 1 é uma caixa de madeira com uma placa e uma dúzia de chips e é o primeiro passo rumo a um mundo novo. “Steve não construiu um único circuito ou escreveu uma linha de um código”, diz Wozniak, “mas eu nunca teria a ideia de vendê-los”.
No dia 1º de abril de 1976 fundam a Apple Computer. Jobs tem 21 anos e Wozniak, 25.
Vieram semanas sem dormir, pois era necessário produzir o Apple 1 em grande escala. Wozniak se preocupa com a técnica, Jobs contrata pessoas. Ele consegue um investidor e organiza a distribuição de um produto para o qual ainda não havia mercado.
Em 1977 é lançado o Apple 2. Preço: US$ 1.298. Teclado e monitor inclusos. É o primeiro computador pessoal e uma sensação mundial, com 2 mil unidades vendidas. Era apenas o começo e longe de ter um fim, pois agora Wozniak produzia sua invenção em série. Ele inventou uma forma de acessar o conteúdo do disco e incluiu cores na tela. Jobs, por sua vez, continuava a vender a revolução.
1980. A Apple lança ações na bolsa. Os dois tornam-se multimilionários e popstars. “Tudo o que fazíamos virava ouro, pois não havia nada. Tudo era feito pela primeira vez no mundo”, diz Wozniak.
O primeiro atrito acontece em 1984, quando Wozniak descobre que Jobs tinha conseguido, na verdade, US$ 5 mil para o primeiro projeto comum, um jogo para a Atari. Jobs havia lhe contado que eram US$ 700.
Traição? Erro de cálculo?
Wozniak abandona a Apple em 1985. Um ano depois, ele organiza shows de rock, equipa escolas com computadores, funda outra empresa. Nada de âmbito mundial. Falta-lhe a bênção? Ou a maldade?
Vinte e cinco anos depois, Wozniak ainda trabalha como funcionário e vive em Los Gatos, no Vale do Silício. “Steve trabalha do mesmo jeito”, explica. “Vê uma tecnologia existente e pergunta o que as pessoas querem no final – e como a Apple pode trilhar o caminho mais curto”. /TRADUÇÃO DE HARALD WITTMAACK
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