6. Os soldados: David Sobotta
A cultura na Apple é de confronto. O ambiente é áspero. O reino de 34 mil empregados é organizado em times de 4 a 25 pessoas. Depois vêm diretores, vice-presidentes e o universo paralelo do conselho. Acima de todos, Jobs.
23/05/2010 | 16h13
Por Redação Link - O Estado de S. Paulo
A Apple é descrita como injusta, brutal, às vezes sem meta. Por outro lado é determinada, criativa e movida a fantasia. Mas ninguém quer encontrar Jobs no elevador, pois ele pergunta: “Quem é você, em que você trabalha, por que nós precisamos de você?”. Ao sair diz: “Não precisamos”.
David Sobotta por muito tempo fez parte da Apple, até ser demitido. Vendia o que era criado em Cupertino ao Exército, à Nasa e a universidades. Hoje ele vive em Roanoke, Virgínia. “A insegurança domina. Ninguém quer decidir, pois uma decisão significa que Steve pode ficar bravo”.
A Apple é uma empresa de reuniões que duram dias, mas nada é decidido. “Ninguém sabe o que vai acontecer, até o momento em que Steve põe o pé no palco e se dirige aos fiéis.”
São os momentos de fama do exército Apple. Tudo gira em torno desse instante. Steve raramente menciona nomes, apenas diz: “Este é o time que desenvolveu o iPhone, uma salva de palmas.”
Jobs acena com a cabeça e aplaude. É tudo o que eles querem, esses cinco segundos. Por isso trabalharam 20 horas por dia.
Após 34 anos da fundação, não é fácil dizer o que a empresa é e ainda mais difícil de prever o que será no futuro: um gigante da eletrônica? Descobridor de produtos que determinam o estilo de vida para a era digital?
Desde o retorno de Jobs em 1997, o faturamento anual da empresa subiu de US$ 7 bilhões para US$ 43 bilhões. Em 2009, o lucro da Apple foi de 8,2 bilhões de dólares. Um mercado dominado pela Apple não é melhor do que nenhum mercado?
Pode ser. Seus concorrentes dizem que junto do iPad vem o fim do domínio da Apple, pois o mercado ficará saturado. Desta forma, a década-Apple terminaria, mas possivelmente isso não ocorrerá. Mais provável é que a próxima década-Apple seja ainda mais robusta do que a anterior, pois a empresa terá o mercado na mão, como ninguém antes, e que constantemente se expandirá sobre novos nichos da vida moderna.
Possível também é que a coisa suba mais um pouco e então, de forma mais abrupta, o iMundo venha abaixo, quando, finalmente, Steve Jobs desaba. Então ficará claro que seu empreendimento não está preparado para a era Pós-Jobs. /TRADUÇÃO DE HARALD WITTMAACK
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