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A convergência do jornal com a web

O futuro dos jornais é o tema do terceiro dia de debates sobre jornalismo digital no seminário MediaOn

Por Fernando Martines
Atualização:

Como fazer para, após anos de tradição no papel, adaptar-se à era online do jornalismo e como integrar os novos profissionais da web com os da analógica geração anterior? Para responder a estas questões, debateram nesta quinta-feira, 11, no MediaOn, Ricardo Gandour, diretor de conteúdo do Grupo Estado e Sérgio Dávila, editor-executivo do jornal Folha de S. Paulo. A conversa foi mediada por Leão Serva, diretor de redação do Diário de São Paulo.

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O primeiro a falar foi Gandour, que de início mostrou as etapas pelas quais o Grupo Estado, e de forma mais ampla os grandes jornais brasileiros, passaram nos últimos anos.

“Primeiro foi o reaproveitamento. Pegávamos o jornal e jogávamos no site. Isso gerava um produto que era digital apenas por estar no ambiente digital — mas não usava nenhuma potencialidade do meio. Depois veio a adaptação, uma época em que contratamos equipes para trabalhar online, mas priorizando quase que exclusivamente o jornal em papel. Nós saímos da adaptação e ainda estamos caminhando para a convergência, que será o momento em que todas as pautas serão pensadas de modo multiplataforma, quando as notícias serão abordada de todas as maneiras que a tecnologia permite”, disse o executivo do Grupo Estado.

 

Gandour afirmou também que já está superada a fase em que os veículos e os jornalistas tinham receio de postar uma notícia exclusiva na internet, em vez de guardá-la para a publicá-la no jornal do dia seguinte.

O ponto foi retomado por Sérgio Dávila, que relembrou um episódio da Folha para exemplificar: “O julgamento do casal Nardoni foi em uma sexta-feira. Nós mandamos para lá cinco repórteres, que fizeram em conjunto um live-blogging com tudo que estava acontecendo. Esse live-blogging teve um milhão e duzentas mil visitas, um recorde para a gente. Maravilha. Só que quando pensávamos nas reportagens para o jornal impresso, tivemos receio que a edição encalhasse, pois todo mundo já tinha lido tudo no site. Mas ocorreu o contrário: a edição daquele sábado vendeu nas bancas 60% a mais que o normal”.

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Dávila citou outro caso para demonstrar que, por mais que as pessoas já saibam da notícia, ainda querem consumi-la de forma mais refinada. “Em uma pesquisa com os leitores, uma mulher disse que, mesmo já tendo lido muito sobre um assunto na web, ela gosta de receber toda manhã a Folha em sua casa, pois sabe que lá encontrará tudo hierarquizado e organizado. Isso chamou muito minha atenção”.

O consenso entre os dois debatedores foi de que somente agora os jornais caminham para entender o que é o jornalismo online e que portas ele abre.

“O meio ainda é a novidade. E quando deixar de ser, o conteúdo vai sobressair. Por exemplo, todos perguntam se você tem uma TV digital e não o que você assiste nela. O Estadão já teve um caderno de rotogravuras, só porque era novidade. Então, quando o meio internet e digital deixar de ser novidade, o conteúdo jornalístico vai tomar conta e apresentar todo potencial”, afirmou Ricardo Gandour.

Dávila considera que o elemento que irá demonstrar que a essa transição finalmente foi feita, será observada na atuação do repórter. “O ideal é o dia em que repórter for pra rua (e entrevistar por e-mail, telefone e MSN é ir à rua) sem saber se vai produzir para o papel ou para o digital. Então, com a ajuda de seus colegas, ele poderá postar uma fotos e pequenos relatos no site, para que mais tarde produza uma reportagem para o jornal”.

Para finalizar, o editor-executivo da Folha de S. Paulo lembrou o principal motivo do conteúdo produzido para a versão impressa do diário ser priorizada — em atenção, número de profissionais e investimentos. “Nos jornais brasileiros hoje, a cada 100 dólares que entram, de 90 a 95 chegam por meio do jornal de papel”.

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