Jornalista, escritor e palestrante. Escreve às quintas
Opinião|A hora da imprensa
Saem memes, berros em vídeo e lacradores, entram os dados. A democracia agradece.
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O Facebook iniciou, esta semana, uma parceria com duas agências de checagem de notícias brasileiras: Lupa e Aos Fatos. Aos trancos e barrancos, a rede social está tentando evitar o que já viu ocorrer antes. Que notícias falsas, espalhadas usando seu algoritmo, interfiram nas eleições. Uma turma da direita não gostou. Afirma que é censura. Vai além. Acusa as agências de trazerem um viés à esquerda. E iniciaram uma campanha covarde de ataques pessoais aos jornalistas que trabalham na checagem, envolvendo inclusive seus parentes. E crianças.
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Nenhuma novidade no front.
Nos últimos dez anos, um naco da esquerda acusou a imprensa de ser de direita. Situações semelhantes ocorrem em boa parte das democracias ocidentais. O motivo é evidente. Os fatos não interessam. Quanto mais um movimento ou governo é movido a propaganda de enaltecimento próprio, exageros e mitificação, mais a imprensa atrapalha. Imprensa serve, justamente, para atrapalhar essa turma.
O conceito é tão velho quanto a democracia. Thomas Jefferson, um dos homens que imaginou o que seria a primeira república, já falava de saída: é melhor imprensa sem governo do que governo sem imprensa. Disse isso antes de ser o terceiro presidente americano, apanhou feito um condenado da imprensa em seu governo, e continuou um defensor ardoroso desta ideia nas quase três décadas que viveu após deixar a Casa Branca.
O que os intelectuais que imaginaram democracias defendiam, ainda no século dezoito, é que um sistema assim só é possível com o livre fluxo de informação. Entendiam que ideias devem vir a público para que sejam debatidas, questionadas, derrubadas quase sempre, e poucas sobrevivem. Já havia, naquela época, quem não gostasse de ser questionado.
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A praça pública evoluiu tecnologicamente desde os anos 1780, assim como o número de democracias. Até que veio esta nossa era do algoritmo.
Há mais de duas bilhões de pessoas no Facebook. O que define aquilo que cada uma delas vê é um programa que leva em conta seus amigos, leituras passadas, seus muitos curtires, até aqueles posts que prendem mais a atenção. O algoritmo não simula o tipo de filtro da praça pública humana — a imprensa, as mesas de bar, as conversas ao cafezinho, o almoço de família. Fora períodos de crises históricas excepcionais, o resultado da conversa na praça pública sempre tendeu à moderação. Não é natural partir para a violência por discordar.
O algoritmo, porém, ao apostar no que prende mais a atenção, atua como aquele tabloide sensacionalista do passado. É o espetacular, o claramente exagerado, o grito de guerra, o toque de recolher-se à sua tribo fitando o resto do mundo como inimigo a ser derrotado. De preferência, humilhado.
O melhor antídoto para a informação falsa é a checagem. E, na internet, quase tudo é fácil de checar. Estes grupos bons de juntar manadas na rede acusam as agências de viés à esquerda. As duas têm toda sua obra, pública, na internet. Basta ir lá e ver. O PT não sai bem. O PSDB não sai bem. O MDB não sai bem. E, muito cá entre nós, nenhum tem motivo para sair bem. Mais: quando afirmam que uma informação é falsa, as agências sempre dizem no que se basearam para dizê-lo e dão a fonte. Qualquer um pode conferir, com o direito de concordar ou não.
Jefferson defendia que imprensa era necessária porque só um povo bem informado vota bem. A mesma informação pode levar, perfeitamente, a soluções distintas. É onde entram ideologias. O Facebook, ao trazer a checagem de fatos para a conta do que será visto ou não, faz um esforço para evitar a manipulação. Saem os memes forçados, os berros em vídeo e os lacradores, entram os dados. A democracia agradece.
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A história do Facebook em 30 fotos
1 / 30A história do Facebook em 30 fotos
100 milhões de amigos
Em agosto de 2008, o Facebook ultrapassa a marca de 100 milhões de usuários em todo o mundo. Foto: Reuters
Avante
Em janeiro de 2011, uma rodada de investimentos liderada pelo banco Goldman Sachs adquire 1% das ações do Facebook e avalia a empresa em US$ 50 bilhõe... Foto: ReutersMais
1 bilhão de amigos
Em outubro de 2012, a base de usuários do Facebook atinge 1 bilhão de usuários. Foto: Reuters
Fundação Zuckerberg
Zuckerberg e Priscilla Chan durante o anúncio da chegada de Max, sua primeira filha Foto: Facebook
Notícias Falsas
Em 2016, o Facebook entrou na mira da política, ao ser acusado de auxiliar a disseminação de notícias falsas que influenciaram, por exemplo, no refere... Foto: ReutersMais
2 bilhões de amigos
Em junho de 2017, o Facebook chegou à marca de 2 bilhões de usuários, conquistando boa parte do mundo conectado. Foto: Reuters
Cambridge Analytica
Em março de 2018, o Facebook vive possivelmente sua maior crise, graças à revelação pelo jornal inglêsThe Observerde que a consultoria política Cambri... Foto: EFEMais
Prólogo
Em 28 de outubro de 2003, Mark Zuckerberg lança o Facemash, um predecessor do Facebook. Usando fotos do sistema de alunos de Harvard, o site pedia aos... Foto: ReproduçãoMais
Início
Em 4 de fevereiro de 2004, quatro estudantes de Harvard fundam uma rede social voltada para estudantes da universidade,o Thefacebook: Mark Zuckerberg,... Foto: DivulgaçãoMais
Investimentos
Em junho de 2004, a rede social já havia se expandido para outras universidades e recebeu seu primeiro investimento, feito pelo investidor Peter Thiel... Foto: NYTMais
Plágio
Em 2004, os ex-colegas de Mark Zuckerberg em Harvard, os irmãos Cameron e Tyler Winklevoss entram com uma ação judicial contra o Facebook, alegando qu... Foto: NYTMais
1 milhão de amigos
Com Sean Parker na presidência, o Facebook conquista 1 milhão de usuários em 30 de dezembro de 2004. Meses depois, a empresa transfere sua sede para u... Foto: NYTMais
'Não, não, não'
Em março de 2006, o Yahoo oferece US$ 1 bilhão para comprar o Facebook, mas Mark Zuckerberg rejeita a proposta. Foto: NYT
Feed de notícias
Em setembro de 2006, o Facebook lança o News Feed (Feed de Notícias, em português): uma página que se atualizava automaticamente através de um algorit... Foto: ReproduçãoMais
Para menores
Inicialmente voltado para universitários de faculdades de renome nos Estados Unidos, o Facebook se abre, em setembro de 2006,para qualquer usuário a p... Foto: ReutersMais
Abertura
Em 2007, buscando superar rivais como o MySpace, o Facebook abre sua plataforma de dados (API, na sigla em inglês) para desenvolvedores criarem aplica... Foto: ReutersMais
Microsoft
Em outubro de 2007, a Microsoft adquire 1,4% das ações do Facebook, o que faz a empresa ser avaliada em US$ 15 bilhões. Foto: Reuters
Tchau, Myspace
Maior rede social do mundo até 2009, o MySpace é destronado da liderança pelo Facebook em maio daquele ano: segundo números da ComScore, a rede social... Foto: EstadãoMais
Fazenda Feliz
Lançado pela Zynga em 2010, FarmVille se torna o primeiro grande game a ser jogado dentro do Facebook. O jogo tinha um objetivo simples: o usuário ass... Foto: ReproduçãoMais
Curtida
Em junho de 2010, a empresa lança uma de suas marcas registradas: o botão de "Like" – aqui no Brasil, o like é chamado de curtida. Em Portugal, ele é ... Foto: ReutersMais
A Rede Social
Estreia em outubro de 2010 o filmeA Rede Social, que conta a história dos primeiros anos do Facebook. O filme, dirigido por David Fincher (Seven)e com... Foto: ReproduçãoMais
Mensageiro
Em 9 de agosto de 2011, o Facebook lança o Facebook Messenger: inicialmente um substituto para o chat interno que havia na rede social, o Messenger se... Foto: ReutersMais
Linha do tempo
Em setembro de 2011, o Facebook introduz a Linha do Tempo (Timeline), uma função que alterava os perfis dos usuários: no lugar de informações detalhad... Foto: ReproduçãoMais
Abertura de capital
Em 18 de maio de 2012, o Facebook realiza sua abertura de capital na bolsa de valores Nasdaq, em Nova York: com preços iniciais de US$ 38, as ações da... Foto: ReutersMais
'Bota no Insta'
Criado pelo americano Kevin Systrom e pelo brasileiro Mike Krieger, a rede social de fotografias Instagram é comprada pelo Facebook por US$ 1 bilhão e... Foto: NYTMais
Internet.org
Em parceria com seis empresas (Samsung, Ericsson, MediaTek, Nokia, Opera e Qualcomm), Mark Zuckerberg lança o Internet.org em agosto de 2013. A intenç... Foto: ReutersMais
Zap Zap
Em fevereiro de 2014, o Facebook anunciou a aquisição do WhatsApp, um dos principais aplicativos de mensagem da atualidade, por US$ 21,8 bilhões (em v... Foto: ReutersMais
Realidade virtual
Em março de 2014, o Facebook expande seu foco de atividades ao comprar a startup Oculus, dona dos óculos de realidade virtual Oculus Rift, por US$ 2 b... Foto: ReutersMais
Reações
O velho botão de curtir ganhou novos companheiros em abril de 2016: desde então, as pessoas podem reagir às publicações dos amigos com "Amei", "Haha" ... Foto: ReutersMais
Feed de Notícias
Criticado pela disseminação de notícias falsas, o Facebook decidiu reagir em janeiro de 2018: naquele mês, a empresa disse que iria alterar seu algori... Foto: ReutersMais