'A internet encoraja as gravadoras a divulgar novos artistas'; diz Danillo Ambrosano; da Universal Music

Danillo Ambrosano é diretor de novas mídias da gravadora Universal Music no Brasil, que representa alguns dos mais populares artistas do País, como Ivete Sangalo, Leonardo, Zeca Pagodinho, César Menotti e Fabiano, Claúdia Leitte. Em entrevista ao Link, por e-mail, no início de outubro, ele falou sobre os pontos positivos e negativos da internet para as gravadoras, mas garantiu: “Hoje (graças à internet) um artista pode ser lançado globalmente sem custos de produção física de CDs e de estocagem. Isso encoraja as gravadoras a divulgar novos artistas em mercados onde, por questões econômicas, eles não seriam lançados”. Alguns dos principais trechos da nossa conversa, você confere aí embaixo:

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Por Redação
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“A internet tornou-se um canal importante para a descoberta de novos artistas. A Universal Music tem em seu casting vários que estouraram (primeiro) na web como DBlack, artista brasileiro com milhões de views no YouTube, e Colbie Caillat, descoberta pela gravadora no MySpace. A internet é o meio mais massivo para a divulgação do trabalho de artistas novos ou consolidados. Por ser democrática, todos podem divulgar seus trabalhos o que permite que artistas desconhecidos tenham seu trabalho descoberto pelo público em geral”, afirma.

*Observação do Link: os clipes da gravadora no YouTube estão com a função incorporar desativada, algo que impede os fãs de divulgarem na rede os clipes dos seus artistas favoritos;

“Temos hoje vários modelos de negócio. O ambiente digital permite uma grande flexibilidade para a formatação das ofertas. Temos parcerias para a oferta de música em streaming e downloads na web. Oferecemos o conteúdo musical dos nossos artistas nas principais operadoras de telefonia celular do País, e temos negociações para embarque de conteúdo em aparelhos celulares e cartões de memória”, conta.

“Os modelos de negócio de hoje são muito mais variados do que antigamente. E difícil saber se o acesso (a música) será (novamente) majoritariamente pago, porém hoje a indústria fonográfica olha para mais negócios (shows, merchandising, licenciamentos, etc.) mas as possibilidades comerciais de hoje são inúmeras”, explica.

“Apesar da distribuição ilegal de música ser alta, o que traz prejuízos para os artistas, gravadoras e editoras, a internet trouxe vários benefícios. Hoje um artista pode ser lançado globalmente sem custos de produção física de CDS e de estocagem. Isso encoraja as gravadoras a divulgar novos artistas em mercados onde, por questões econômicas, eles não seriam lançados”, revela. E continua: “Além, claro, de a internet ser uma ótima fonte de pesquisa da opinião do público e um meio de contato rápido, quase instantâneo entre o artista e o fã”.

“A troca de arquivos sem a autorização dos detentores dos direitos é pirataria. (Além disso) vários sites de compartilhamento de arquivos são suportados por publicidade, sendo estes os (únicos) que ganham (com a pirataria)” afirmou.

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“A música digital (online e mobile) já representam mais de 20% das vendas da gravadora, não sendo uma receita marginal. Com o crescente número de parcerias essa receita tende a aumentar. A música digital vem crescendo anualmente, mesmo com a pirataria. O streaming é interessante à medida que os custos são menores possibilitando ao usuário assinar planos com preços baixos (R$9,90 mês para o consumidor final). Há também o investimento de marcas no modelo ad suported (streaming patrocinado, onde o usuário acessa as músicas gratuitamente)”, explica.

Esta entrevista é a oitava de uma série que o Link está publicando com alguns artistas e executivos das principais gravadoras sobre os desafios da música na era digital.

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