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Opinião|A Meta trabalha duro para transformar o Instagram em TikTok

Facebook e Instagram tentam recuperar o terreno perdido para o aplicativo chinês

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Meta, dona do Facebook e Instagram, investe em novidades para correr atrás do aplicativo chinês TikTok Foto: Dado Ruvic/Reuters

Na última semana, Adam Mosseri, CEO do Instagram, publicou um vídeo em sua conta no qual anunciava algumas mudanças importantes. Uma delas deixou explícita: fotos e vídeos ocuparão mais espaço na tela do celular. Chama isso de experiência imersiva. A outra mudança ficou implícita. O feed vai ser construído de outra forma, deixando menos um produto de todos que seguimos, e mais recomendações. Material produzido por gente que talvez sequer suspeitemos quem seja.

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No fundo a razão é uma só. A Meta, holding que inclui Facebook e Instagram, está tentando recuperar o terreno perdido para o TikTok.

O TikTok tem três diferenças em relação às duas redes sociais da Meta. A primeira: ela se baseia em vídeos curtos. A segunda: os vídeos ocupam a tela inteira — nada distrai. E, por último, quem você segue conta pouco. O que você vê e revê conta muito. O TikTok apresenta para os usuários material produzido por gente de todo canto do mundo, gente da qual nunca se ouviu falar, se o algoritmo sugere que o vídeo tem o mesmo tipo de atrativo. E, sim, o algoritmo entende de nossa psicologia íntima.

Pois é: o Instagram, aquela rede voltada para fotografias, está virando um TikTok. Ou, ao menos, a Meta está trabalhando duro para isso.

O problema é que a virada não é trivial. Redes sociais, pode não parecer, dão trabalho para os criadores de conteúdo. E a Meta é um pesadelo para quem cria. Muda as regras do jogo a toda hora. Durante anos, cultivou-se um grupo de pessoas que se especializou em fazer o tipo de fotografia que atraía olhares no Insta. Era uma rede voltada para o relaxamento, para um entretenimento mais passivo.

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Estas pessoas, algumas que conquistaram ao longo de anos centenas de milhares, até milhões de seguidores, de repente passaram a ter de produzir vídeos curtos. Agora terão de lidar com o fato de que o número de seguidores valerá de pouco, pois só o material realmente viral vai chegar aos olhos de quem está do outro lado da tela. E os usuários, que gostavam da rede tranquila, se verão, lentamente, numa frenética.

O jogo da internet é um no qual ter um bilhão de clientes é menos importante do que ser quem está crescendo mais naquele momento. Por isso uma companhia faz algo assim, sacrificando seus usuários mais fiéis e aqueles que estão habituados a criar.

E o tempo vai fechar para todos. Esta semana, por conta de resultados ruins do Snapchat, as ações de todas as redes sociais despencaram. O cenário econômico está se fechando no mundo pós-Ucrânia

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