A nova realidade: telepatia digital
Painel no SXSW discute a interação entre objetos e pessoas; para especialistas, uma nova realidade está por vir
12/03/2013 | 09h00
Por Redação Link - O Estado de S. Paulo
Painel no SXSW discute a interação entre objetos e pessoas. Para especialistas, uma nova realidade está por vir
Aline Ridolfi
Especial para o ESTADO
AUSTIN – Hoje tudo produz e armazena informação. Smartphones, relógios, tênis. Uma simples lâmpada é capaz de informar seu usuário de seu consumo de luz e ligar e desligar de acordo com a presença de um humano na sala. Mas qual o futuro dessa onda de extrema interação com os objetos? Chegaria a humanidade a um ponto em que seria dominada pelas chamadas “coisas”, como nos filmes de ficção científica?
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No painel “Telepatia Digital: Quando tudo se conecta”, no SXSW, pesquisadores e profissionais da área de internet discutiram a agência dos objetos no dia a dia de pessoas comuns, comentaram algumas das tendências do mercado de conectividade e apresentaram suas previsões para um futuro próximo e palpável.
Liderados por Karen Bartleson, presidente do IEEE Standards Association, Joe Weinman (Telx), Oleg Logvinov (STMicroeletronics), Wael Diab (Broadcom), partiram do princípio de que estamos vivendo uma revolução tecnológica que vai transformar a vida de todos — a maior transformação desde a Revolução Industrial. E essa fase de transição será impulsionada e viabilizada graças à internet das coisas, conceito baseado na interação e interligação inteligente de objetos através de redes sem fio e nanotecnologia.
Em um futuro próximo, sociedades inteiras atuarão baseadas na chamada telepatia digital, ou seja, na interligação eficiente entre pessoas e objetos, objetos entre eles e pessoas, claro, entre elas. Por exemplo, em alguns anos, sua geladeira, tecnologicamente adaptada, mandará uma mensagem de texto para o seu carro, lembrando-o de passar no supermercado para comprar leite. Para falar a verdade, a maioria dessas tecnologias já existem e não deve demorar para que cheguem aos mercados de consumo em massa.
Mas, se essas tecnologias já existem, qual seria a novidade? O que muda é que o fator de ignição desta revolução é a capacidade dos objetos atuarem em relação aos seres humanos. Independentemente da ação humana, simples aparelhos eletrodomésticos serão capazes de captar e processar dados, fazer análises de rotinas de uso e comportamento, cruzar essas informações com outras – externas, por exemplo, como a previsão do tempo e, aí sim, interagir “voluntariamente”, de acordo com estas informações. “É um momento de mudança não somente relacionada à conectividade e processamento de dados, mas também em um sentido de aprendizado e compreensão do consumidor”, comentou Oleg Logvinov. “A habilidade de tomar decisões e sugerir experiências é a grande mudança.”
Apesar de aparentemente positivo, este novo parâmetro de interação entre homem e máquina levanta o inevitável questionamento a respeito de segurança e privacidade — como elas ficam a partir do momento em que os objetos têm acesso e processam e armazenam dados íntimos da vida de pessoas comuns? A verdade é que nenhum dos palestrantes soube responder esta pergunta; será preciso experimentar um pouco desta realidade para que se possa ter noção de suas consequências práticas.
Pelo viés da segurança, todos os presentes concordaram que é uma questão de sistemas, códigos, proteções e que isso não representa uma ameaça – é um problema relativamente fácil (ou pelo menos mais palpável) de ser resolvido. Mas o quesito privacidade ainda é um mistério. “É uma questão de escolha. A sociedade vai ter de decidir e achar um meio termo entre privacidade e o que lhe é conveniente”, encerra Karen Battlerson.
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