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A solução dos músicos

Grupo cria software Bagagem, que inova a distribuição digital de música, como uma iTunes Store própria

Por Carla Peralva
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É muito fácil publicar na internet. Um músico, por exemplo, pode liberar seu trabalho para download e deixar que os fãs digam quanto querem pagar pelo álbum, pode não cobrar, pode taxar cada música, pode usar sites 2.0 como YouTube, MySpace e Last.fm. Opções não faltam.

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Mas e quando nada disso satisfaz? Foi o que aconteceu com Felipe Julián, baixista do Projeto Axial, banda que ainda conta com sua mulher Sandra Ximenes (vocal e teclado) e Leonardo Muniz (sax), quando decidiu criar um novo jeito de distribuir música online. Julián já usa a internet para a divulgação de seu trabalho há tempos e, habituado aos eletrônicos – “também toco computador”, brinca –, resolveu arquitetar um programa, desenhar uma interface e arranjar um amigo programador que topasse entrar no projeto por um preço camarada. Agora, os dois notebooks e o tablet que se misturavam aos demais instrumentos da banda no segundo andar da casa do casal servem também para acompanhar como anda sua nova obra: o Bagagem.

Gratuito, o Bagagem é a plataforma que o Projeto Axial criou para lançar seu último álbum, Simbiose, e obras inéditas de músicos parceiros. Uma vez baixado no computador, o software (leia ao lado) funciona como player e aplicativo de download para as músicas já cadastradas. Até agora, os álbuns do Axial e de Chico Corrêa já estão no ar. Os próximos lançamentos são de Juçara Marçal, Kiko Dinucci e do grupo Embolex. O software pode ser baixado no site do grupo www.axialvirtual.com.

Felipe conta que desenvolveu essa solução para resolver falhas que percebia enquanto músico e tentar sanar os problemas enfrentados pelos usuários. Do lado do músico, está o excesso de controle que os sites publicadores exercem sobre a criação e a dificuldade de enviar gratuitamente pela internet um produto coeso. Do lado dos usuários, “percebi que muitos sentem falta do objeto CD, que, uma vez comprado, é a obra tal como foi concebida e organizada pela banda, com a ordem das músicas, os desenhos do encarte, as informações de cada faixa”.

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No Bagagem, cada faixa vem com um vídeo ou uma ilustração escolhida pelo artista. “Essa é a geração YouTube. Para ela, a visualização da música é importante. Aproveitei que estava lançando um aplicativo, onde posso acrescentar funções, para colocar algo a mais que faça sentido com a música. Não é um trecho de show ou um videoclipe, é uma outra coisa, nova”, explica.

Mais do que um player ou um lançador de músicas, Bagagem é também o nome do coletivo de artistas que se articula em torno do software e da proposta. Os músicos que vão lançar álbuns pelo aplicativo funcionam como “uma cooperativa de artistas”, nas palavras de Felipe. Para entrar, é preciso se comprometer a ajudar o projeto, divulgá-lo, lançar músicas pelo programa, trabalhar por sua melhoria. “Eu acredito na autogestão da carreira musical e os coletivos são uma forma de se organizar”, diz.

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E esse projeto pode gerar renda no futuro? Felipe escolhe bem as palavras: “Indiretamente, por meio da construção de um público que frequente shows e, talvez, pela captação de recursos através de parcerias ou patrocínios”. Ele não cogita vender músicas. “Realmente acredito e estou trabalhando em um modelo de distribuição gratuita.”

Ainda com a ideia de coletivos em mente, Felipe, que também é professor universitário, quer promover o encontro entre músicos e pessoas que lidam com software livre pois crê que daí podem surgir boas colaborações. “O que eu gostaria com esse encontro é que a classe musical se politizasse e se animasse a criar novos modelos de distribuição de música menos dependentes de intermediários.”

—-Leia mais:Link no papel – 18/04/2011

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