EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Por dentro da rede

Opinião|A volta ao lar

Não há ameaça imediata de algum problema catastrófico, que nos impeça de usar a rede, agora que vivemos fisicamente isolados

PUBLICIDADE

Atualização:

Trabalhar de casa é uma novidade que pode causar algum estranhamento, especialmente quando a rotina era chegar muito tarde e sair cedo. Como alguém já comentou ironicamente, “há umas pessoas pela casa, sempre as mesmas – deve ser o que chamam de ‘família’, e alguns eventos, que antes aconteciam magicamente, agora têm que ser cuidados um a um…”. 

O inesperado convívio intenso, antes característica dos fins de semana, e amenizado por saídas e passeios, é gerador de alguma tensão nova. Verticalizamos atividades de forma radical: tudo é feito em casa e já nem dá para ir à padaria, do outro lado do quarteirão, pedir um “x-egg” e uma cerveja…

Não há ameaça imediata de algum problema catastrófico, que nos impeça de usar a rede, agora que vivemos fisicamente isolados Foto: Pixabay

PUBLICIDADE

Precisamos montar uma área de trabalho caseira, cercada dos equipamentos necessários para comunicação eficiente. Interagir de casa pede comunicação e coordenação. 

E aí entra a nossa internet, que já usávamos fartamente antes, mas que com o confinamento tornou-se crucial. A rede resistirá à nova sobrecarga? Vamos dar uma olhada rápida na estrutura que suporta nossas atividades. Há um conjunto de “tubos de dados”, conexões que ligam empresas, equipamentos, sítios Web, e também todos nós, de casa. Além das conexões, há serviços que usamos para consultas, compras e pedidos, via aplicativos ou diretamente. O conjunto de “tubos” tem uma capacidade momentânea limitada, assim como os “serviços” tem um limite de atendimentos. Já que o acesso a serviços tradicionais não deve apresentar grandes mudanças, olhemos a vazão instalada hoje. 

A demanda de vazão tem mudado de perfil além, é claro, de crescer continuamente. Há 10 anos, com o acesso doméstico mais limitado, a curva de tráfego começava a subir pelas 9h da manhã, atingia um pico parcial ao redor das 11h30, caia um pouco na hora do almoço e voltava a subir de tarde, chegando ao máximo diário por volta das 17h, quando tornava a cair bastante. Com a expansão da banda larga doméstica e com a popularização de vídeos e entretenimento disponíveis via internet, a curva mudou. O pico de uso passou para as 21h, e ficou bem mais pronunciado. Assim, o teste de esforço da “tubulação” ocorria às 21h. Com o teletrabalho, a tele-educação, a telemedicina, a curva de uso passa a ter um perfil mais constante: o tráfego nos horários comerciais aproxima-se daquele que acontecia às 21h, com ainda um pequeno predomínio do horário noturno. O máximo diário, entretanto, subiu pouco acima do que se via há dois meses. 

Publicidade

O resumo da ópera é positivo. Não há ameaça imediata de algum problema catastrófico, que nos impeça de usar a rede, agora que vivemos fisicamente isolados. A estrutura que aguentava um máximo noturno, deve aguentar o mesmo valor, agora quase uniforme nas demais horas do dia. Se na Europa e regiões onde o acesso doméstico tem grande capacidade havia risco de colapso, aqui estamos mais tranquilos. Aliás, lá fora provedores de conteúdo tomaram medidas para economizar banda e essas providências, “exportadas” para o Brasil, fazem com que haja mais espaço às aplicações que surgiram para amenizar o isolamento.

Professores estão gerando aulas virtuais, médicos atendem a consultas pela rede e nós todos agora trabalhamos, buscamos informação e interagimos de casa. Há também uma pletora de ofertas interessantes em entretenimento e diversão para nosso conforto durante o isolamento. Vamos usá-los com parcimônia e critério, prezando pelo equilíbrio na rede. Como dizia aquela velha máxima, “sabendo usar, não vai faltar”. Vamos manter o espírito elevado. “Delenda COVID-19”!

Opinião por Demi Getschko
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.