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A rotina e os dilemas dos empreendedores com menos de 21 anos no Vale do Silício

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Por Redação Link
Atualização:

A rotina e os dilemas dos empreendedores com menos de 21 anos no Vale do Silício

Por Sarah McBride, da Reuters

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Josh Buckley, diretor executivo de uma empresa iniciante do ramo dos jogos online, está ansioso pela Game Developers Conference, que será realizada no mês que vem em São Francisco – ele pensa especialmente nas festas em companhia de alguns dos principais nomes da indústria.

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Mas há um problema: Buckley, que completou 20 anos no dia 22, pode ser barrado nas festas por não ter idade suficiente para consumir bebidas alcoólicas. Seu documento de identidade falso foi confiscado recentemente e o novo que ele encomendou de uma empresa chinesa ainda não chegou. São estes os dilemas enfrentados pelos empreendedores cada vez mais jovens que recebem o apoio dos investidores do Vale do Silício.

Embora não haja dados a respeito do fenômeno, os investidores dizem que estão financiando hoje mais diretores executivos – ou CEOs – com menos de 21 anos do que jamais fizeram. “Se fossem mais jovens, estaríamos investindo em crianças”, brincou Marc Andreessen, cuja firma de investimentos Andreessen Horowitz é uma das que apoiam a empresa de Buckley, a MinoMonsters. Andreessen e outros investidores dizem que os empreendedores financiados por eles aos 18 ou 19 anos costumam passar por anos de preparação – aprendendo códigos de programação e estudando sozinhos pela internet.

Alguns buscam conscientemente moldar-se à imagem de Mark Zuckerberg, 27 anos, o fundador do Facebook que criava jogos de computador quando criança e participou de um curso de pós-graduação em computação no início da adolescência.

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As empresas de internet costumam precisar de relativamente pouco capital. “Se a ideia é assinar um cheque de milhões, prefiro investir em pessoas com alguma experiência”, disse Joe Kraus, do Google Ventures (divisão de investimentos do Google). “Mas, se a questão for encarada em termos de ‘Ei, preciso de uns US$ 500 mil’, há muitas maneiras de obter esta quantia.”

Jovens demais. Kraus disse que o principal problema enfrentado com jovens executivos está nas referências que eles não compreendem por serem novos demais. Andreessen diz que ouviu de mais de um jovem empreendedor a pergunta “O que era o que a Netscape fazia mesmo?” Andreessen foi cofundador da Netscape, que criou o primeiro navegador pouco depois de se formar na faculdade em 1993.

Jeff Buckley, 20 anos 

“Eu tinha 9 anos durante o primeiro período de prosperidade da internet”, diz Brian Wong, 20 anos, que administra a rede de recompensas Kiip. Ele disse que já cansou de ouvir histórias sobre empresas que afundaram com estouro da bolha em 2000. Wong captou mais de US$ 4 milhões da Hummer Winblad Venture Partners e outras firmas de investimento. Ele acredita que sua idade o beneficia, bem como demais jovens empreendedores. “A expectativa é que não tenhamos limites”, disse ele. “Algo um pouco destrutivo.”

Por mais que o comportamento dos jovens seja visto positivamente pelos investidores, ele é menos apreciado pelos proprietários de imóveis. Tim Chae, 20 anos, CEO e cofundador da PostRocket, empresa de marketing em redes sociais, disse que sua idade e a falta de crédito causaram problemas quando ele procurava um apartamento em São Francisco no ano passado. Seu pai teve de viajar 140 quilômetros para assinar o contrato de aluguel como fiador.

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Chae, que não chegou a concluir a universidade, mora agora em Mountain View e frequenta um curso chamado 500 Startups, voltado para novas empresas. Ele captou uma pequena soma de capital e espera que a abertura de capital do Facebook favoreça a opinião de investidores sobre os jovens. “Temos de agradecer a Deus por Zuckerberg”, diz.

Zuckerberg, que largou o curso de Harvard depois de dois anos, tem ajudado a incentivar a ideia de largar o ensino superior. Peter Thiel, um dos primeiros investidores do Facebook e cofundador do PayPal, encoraja outros a seguir este rumo, oferecendo bolsas a alunos que aceitem largar o ensino e dedicar-se ao empreendedorismo.

Foi o que Laura Deming fez ao deixar o Massachusetts Institute of Technology (MIT) aos 17 anos para focar na meta de encontrar e financiar tecnologias de combate ao envelhecimento. Como ainda não completou 18 anos, o pai tem de assinar documentos por ela, via fax. Outros jovens enfrentam problemas nas ruas do Vale do Silício, literalmente. Sahil Lavingia, 19 anos, lembra-se de um dia quando tinha de participar de reuniões na Sand Hill Road – endereço de muitas das firmas de investimento –, mas não tinha carro. Uma jornada de poucos quilômetros foi feita em horas.

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Buckley também teve problemas no caminho para a Sand Hill Road. Certa noite ele ficou acordado até as 3 da madrugada e perdeu a hora de uma reunião. “As coisas não deram muito certo”, disse ele. Mas não há motivo para preocupação. Buckley, que vendeu uma empresa quando ainda estava no ensino médio por uma soma que ele diz chegar a seis algarismos, captou mais de US$ 1 milhão da Andreessen Horowitz e outras firmas.

Na época da reunião perdida, ele frequentava o Y Combinator, um programa de três meses para empresas iniciantes. Lá, Buckley é conhecido como “o Harry Potter das startups”, mas ele não foi a pessoa mais jovem a ser admitida. A honra é de John Collison, hoje cofundador da empresa de pagamentos Stripe. Ele foi aceito aos 16 anos, mas não frequentou o programa. Em vez disso, ele e o irmão, então com 19 anos, fundiram sua empresa a outra e a venderam a uma companhia canadense por US$ 5 milhões.

A maioria dos jovens empreendedores diz que seu interesse está em construir suas empresas, e não em vendê-las. Buckley teve de afirmar isto ao ser recentemente procurado pelo Facebook sobre uma possível venda. A determinação em não vender vem de conselhos recebidos por um executivo de sucesso que ele conheceu no ano passado no Y Combinator: Mark Zuckerberg.

/ TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

—-Leia mais:Link no papel – 27/2/2012

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